tag:blogger.com,1999:blog-7605740480898014678.post1475145777178706357..comments2023-05-30T15:35:41.524+01:00Comments on Reviralhos: Lido por aí... # 17Reviralhoshttp://www.blogger.com/profile/07925008748742285175noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-7605740480898014678.post-46732534142986490912011-06-08T18:52:49.051+01:002011-06-08T18:52:49.051+01:00Os tempos são sérios e as discussões também
por Jo...Os tempos são sérios e as discussões também<br />por João Rodrigues<br /><br /><br /> A primeira reacção da esquerda socialista foi positiva: um descalabro é um descalabro. Agora há que procurar colectivamente as causas das coisas. O José Gusmão dá pistas profícuas sobre o método a seguir: “Não devemos perder um segundo a lamentar um enquadramento reconhecidamente adverso. Por duas razões: não é de esperar que melhore (antes pelo contrário) e não há grande coisa que possamos fazer a tal respeito, senão melhorar a nossa capacidade de intervenção. A oportunidade é, portanto, para reflectirmos sobre as razões desta derrota, sobre as insuficiências da nossa organização e sobre o que temos a melhorar (…) Não vale a pena queixarmo-nos do povo.” Uma derrota política desta natureza exige um debate amplo, que ouça todas as vozes, mesmo de quem só é simpatizante. Um debate que passa necessariamente por uma convenção e que vai para lá dela.<br /><br /> <br /><br />A questão é de organização e de poder. Aqui o pior que pode acontecer a uma esquerda socialista que queira tirar todas as ilações deste desaire eleitoral é não reconhecer os seus erros tácticos e estratégicos, que, de facto, estão longe da sua plataforma “económica”, com todas as insuficiências que esta possa ter e tem muitas. A esquerda tem de adequar a sua forma organizacional para impedir que os erros se repitam, para evitar que se amplie o fosso entre a sua base eleitoral e a sua direcção política. Um fosso que se abre sempre que muitos cidadãos pressentem uma indisponibilidade partidária para gerar soluções construtivas, para gerar esperança. Um fosso que se abre sempre que se fragiliza a participação democrática. Da moção de censura à recusa em reunir com a troika, há muita pedra para partir e muitas vozes, de perto e de longe, para escutar.<br /><br /> <br /><br />A melhor tradição socialista não cai na tentação de avançar com desculpas esfarrapadas, que soam a desresponsabilização, para descalabros eleitorais e não cataloga preconceituosamente a opinião legítima de militantes dos mais diversos quadrantes internos. Dizer-se, por exemplo, que a derrota se deveu à pressão do chamado voto útil é curto: por que é que, afinal de contas, essa pressão foi tão eficaz? Seja como for, o pluralismo é o nosso melhor activo porque também é a melhor forma de irmos descobrindo as verdades, as explicações mais plausíveis, as que sobrevivem a um debate, que por vezes estão nas vozes, tantas vezes aparentemente isoladas, que se podem revelar tão prescientes porque mais em sintonia com o pulsar de quem nos apoia.<br /><br /> <br /><br />Uma cultura democrática é a melhor forma de evitarmos fechamentos políticos, de evitarmos as armadilhas dos estereótipos que sabemos como começam e como acabam. Reflexões como a que Fernando Rosas aqui publicou dão-nos mais pistas, embora o debate se possa e deva fazer em todos os lados. Não há um fora e um dentro num partido democrático. Todos somos poucos e as nossas redes vão para lá das sedes. Aos dirigentes, militantes e simpatizantes pede-se ética da responsabilidade, pede-se que não transfiram responsabilidades pelo desaire das legislativas para uma candidatura presidencial digna. Temos de querer recomeçar de novo. A única esquerda socialista que vale a pena é a que não desiste de crescer.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7605740480898014678.post-88430614761252437842011-06-08T18:51:16.379+01:002011-06-08T18:51:16.379+01:00Sobre o rolamento de cabeças
por Andrea Peniche
O ...Sobre o rolamento de cabeças<br />por Andrea Peniche<br />O Bloco de Esquerda que eu conheço nunca se furtou nem à responsabilidade nem à crítica. Talvez seja por isso que me sinto incomodada com uma certa histeria que por aí corre, materializada em atoardas que clamam pela demissão da direcção bloquista. Esta direcção foi eleita há cerca de um mês; é posterior aos erros que a generalidade dos fazedores de opinião sinalizam como responsáveis pelo desaire eleitoral do Bloco. Se me disserem que o programa com que o Bloco se apresentou a eleições era um disparate, se me disserem que a campanha que fizemos não teve ponta por onde se pegasse, aí eu até compreenderia a necessidade de propor a demissão da direcção. Mas se não for esse o caso, como não é, era bom que nos empenhássemos em fazer uma discussão séria, ao invés de nos entretermos a clamar por soluções que rendendo bons sound bites - porque imitam o funcionamento dos partidos grandes - pouco contribuem para a reflexão que, em meu entender, faz falta ao Bloco.<br /><br /> <br /><br />Sou militante do Bloco de Esquerda e detestaria fazer parte de um partido que descarta dirigentes assim que a coisa corre mal. Prefiro esse outro que conheço onde as responsabilidades são partilhadas, onde se discute, colectiva e solidariamente, as razões das vitórias e dos fracassos, onde aprendemos em conjunto. Responsabilidade é chamar derrota à derrota; responsabilidade é iniciar o processo de discussão para compreendê-la e corrigir erros; responsabilidade é ter disponibilidade para uma discussão séria.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7605740480898014678.post-49012585380045480692011-06-08T18:49:38.503+01:002011-06-08T18:49:38.503+01:00Sobre os resultados eleitorais
por Andrea Peniche
...Sobre os resultados eleitorais<br />por Andrea Peniche<br />Tenho lido muitos comentários sobre os resultados eleitorais do Bloco. Uns certeiros e bem intencionados e muitos outros canibalescos. Desde o seu aparecimento que a morte do Bloco de Esquerda vem sendo anunciada. A realidade contradisse sempre a profecia. Aqui chegados, perante a primeira grande derrota, convém que, como diz e com muita razão o Nuno Ramos de Almeida, a discussão seja séria para que se possa aprender alguma coisa com isto.<br /><br /> <br /><br />O Bloco perdeu metade dos seus deputados e milhares de votos. Contra isto não há argumentos. No entanto, e paradoxalmente, esta foi uma das melhores campanhas que o Bloco fez: empenhada, certeira nos argumentos, propositiva. O Bloco apostou tudo na renegociação da dívida, uma alternativa às imposições da troika, mas ficou sozinho no debate. Os partidos do arco do FMI blindaram a discussão e a imprensa calou-se. O ódio venceu a razão e muitos dos que quiseram acima de tudo correr com Sócrates não tiveram o cuidado de olhar para o preço a pagar por uma maioria de direita.<br /><br /> <br /><br />A campanha teve fraquezas. A ausência de temas capazes de chegar a pessoas menos familiarizadas com os assuntos económicos é, na minha perspectiva, uma delas. E o Bloco não conseguiu compreendê-lo a tempo de reajustar a campanha. Porém, as razões mais importantes para o desaire eleitoral, sinalizadas pelos fazedores de opinião de direita e de esquerda, foram o apoio a Manuel Alegre, a moção de censura e a não-reunião com a troika. O curioso em toda esta questão é que os mesmos que calaram a discussão sobre o que era essencial nesta campanha, a renegociação da dívida, se entretiveram a esgravatar estas questões. Aquilo que o Bloco propôs como alternativa às políticas do presente e do futuro não despertou interesse nenhum; já o passado, mesmo que recente, funcionou como melaço.<br /><br />Talvez a coisa seja mais estrutural do que faltar a uma reunião e ter feito uma moção de censura pouco clara. Essa é a discussão que interessa e que temos pela frente. Tudo o resto é fogo de artifício.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7605740480898014678.post-7352153889037983132011-06-08T01:29:51.478+01:002011-06-08T01:29:51.478+01:00Criar raízes
opiniao | 7 Junho, 2011 - 15:06 | Po...Criar raízes<br /><br />opiniao | 7 Junho, 2011 - 15:06 | Por Pedro Filipe Soares <br /><br />O contexto político exigirá do Bloco que se supere em defesa das pessoas, do trabalho com direitos, dos salários, das pensões e dos direitos. <br /><br />Reduzir as vitórias apenas a um determinado facto costuma ser uma simplificação redutora, que muito pouco traz a qualquer tentativa de reflexão. Por outro lado, reduzir as derrotas a apenas um aspecto será, porventura, uma fuga maior a qualquer aprofundamento.<br /><br />Os resultados eleitorais do Bloco de Esquerda nestas legislativas não foram os desejados. O Bloco viu quebrado o crescimento até agora conhecido, o grupo parlamentar reduzido e a fuga de um quinhão importante de votos. Este resultado foi uma derrota mas, como referido logo na noite eleitoral, saímos derrotados, mas não vencidos. Os motivos para estes resultados eleitorais são vários. Não tenho a intenção de ser exaustivo nesta análise, mas sobretudo realçar alguns aspectos políticos que terão sido factores maiores neste panorama.<br /><br />Parece claro que em 2009 o Bloco beneficiou de votos motivados pelo afastamento entre Manuel Alegre e um PS mergulhado numa maioria absoluta autocrática. Este afastamento de Manuel Alegre em relação à política do Código de Trabalho de Vieira da Silva e às privatizações de Sócrates, bem como o seu diálogo com o Bloco de Esquerda, deram mais força ao principal argumento da campanha de então: o voto no BE é o mais certeiro para retirar a maioria absoluta a José Sócrates. Com a direita esvaziada e uma Ferreira Leite que criava anticorpos mesmo entre as suas hostes, a mensagem do BE passou e deu frutos. Não havia voto útil a que José Sócrates pudesse apelar, porque a direita não representava qualquer ameaça eleitoral. Este cenário político sofreu profundas alterações.<br /><br />A reaproximação entre Manuel Alegre e José Sócrates, particularmente no debate sobre as medidas da troika que vão condicionar os próximos anos, reforçou a pressão para o regresso de muitos desses eleitores ao voto no PS. Este processo foi agudizado pelo reforço da direita, com um discurso mais extremado, o que deu ainda mais espaço para o discurso do voto útil. Este terá sido um factor importante para o recuo na votação no BE.<br /><br />A votação entre os jovens já tinha sido afectada em 2009, com alguma perda de eleitorado. Nas eleições recentes, apesar de não se percepcionar perda de votação jovem para a direita, a verdade é que a influência do BE entre os jovens diminuiu, sobretudo perdendo para a abstenção. Este será o segundo pilar na quebra de votação e igualmente merecedor de atenção redobrada para o futuro próximo.<br /><br />As razões apresentadas não pretendem esgotar esta análise. Contudo, dão a tónica sobre os principais motivos, apontando algumas perspectivas para o futuro próximo. O contexto político exigirá do BE que se supere em defesa das pessoas, do trabalho com direitos, dos salários, das pensões e dos direitos. Com o PS umbilicalmente ligado às medidas da troika, os socialistas procurarão alternativas e o Bloco será esse rosto, tanto mais que o debate sobre a necessidade da auditoria à dívida e da sua renegociação para proteger salários e pensões será o nosso dia a dia a partir de agora.Anonymousnoreply@blogger.com