domingo, 28 de novembro de 2010

Por uma Europa dos cidadãos, não do capital!













Violência Doméstica, Tolerância Zero


Na semana em que se assinalou o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, o Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR divulgou os dados provisórios relativos ao ano de 2010.

Apesar dos avanços legislativos ocorridos nos últimos anos, os dados do relatório demonstram a manutenção de uma vergonhosa realidade que urge alterar:


O relatório conclui também que na maioria das situações já existiam antecedentes relativamente ao crime de violência doméstica e que, tal como nos anos anteriores, a maioria dos agressores mantinha ou havia mantido uma relação de intimidade com a vítima:


Para além da frieza dos números, é fundamental que questionemos o porquê da ineficácia das medidas de prevenção, sinalização e acompanhamento até agora implementadas.
A inversão desta realidade apenas será possível através de iniciativas legais e judiciais eficazes, garantindo a aplicação de medidas de coacção efectivas aos agressores, de modo a que exista uma real capacidade de protecção das vítimas de violência doméstica.
É também necessário que se continue a investir na (in)formação adequada das forças policiais e em campanhas nacionais que denunciem a violência doméstica como crime público, combatendo o silêncio cúmplice e conivente com que muitos ainda encaram esta questão.

Esta é também uma de luta de todos nós, homens e mulheres que se recusam a pactuar com a indeferença.

Porque há silêncios que matam, é nosso dever dizer: violência doméstica, tolerância zero!





sábado, 27 de novembro de 2010

Mais papistas do que o papa


Na semana em que o papa admitiu a utilização de preservativo em "certos casos", a Conferência Episcopal Espanhola apressou-se a reafirmar a habitual posição da ICAR, defendendo que a utilização do preservativo ocorre sempre "num contexto de imoralidade".

É mesmo caso para afirmar que, para os bispos espanhóis, todo o esperma continua a ser sagrado...

Lido por aí... # 5


Ao apresentar ao país este Orçamento, o primeiro-ministro garantiu que ele salvará o país. Que sacode a pressão internacional, que recupera a economia e que restabelece a confiança no momento da crise mais grave que vivemos nos últimos trinta anos.

A resposta do país foi vibrante.

Juntando todas as suas forças, solidariedades e dignidade, três milhões de portugueses e portuguesas uniram-se para fazerem ouvir a sua voz e votar este Orçamento. Obviamente, chumbaram-no.

Chumbaram-no porque o Governo, com o PSD como penhorista, apresentou um Orçamento para agravar e não, como era preciso, para vencer a crise.

Chumbaram-no porque a necessidade de consolidar as contas públicas não torna inevitável, antes condena a escolha da destruição dos serviços públicos.

Nesta 4ªfeira, ficou evidente que o Governo perdeu o país e que o país rejeita o governo e a sua aliança com a direita. A injustiça social e erro económico destas medidas de austeridade não foram só rejeitadas por quem se tem oposto nos últimos anos à destruição da economia, e esses são uma esquerda cada vez mais forte.

Esta semana, a rejeição do governo foi feita pela maioria dos trabalhadores assalariados que votaram PS nas últimas eleições.

Este governo ficou sozinho porque foi abandonado por quem não baixa os braços e não desiste do seu país.

A primeira das crises nacionais, que é a crise política, instalou-se num pântano em que PS e PSD juntaram as suas mais refinadas malfeitorias para justificarem sempre a pior solução. Não se tributam mais-valias porque o PSD não quer, diz o PS. Não se apresenta contas do BPN, diz o PSD, porque o PS não quer que se saiba das contas do banco do PSD gerido agora pelo PS. A orquestra do Titanic toca majestosamente enquanto o barco vai ao fundo.

Garantia o primeiro-ministro: agora é tempo de confiança.

E apresentou um orçamento que é uma assustadora manta de retalhos. Faltava passar da contabilidade pública para a nacional: total 831 milhões de euros, foi engano. Estava errada a verba atribuída à Mota-Engil e BES, total 587 milhões, foi engano. Estava um banco de terras, deixou de estar, foi engano. Estava a garantia de que os estagiários receberiam salário pelo seu trabalho, veio o PS dizer que foi engano. Está numa página a previsão de crescimento do PIB em 0,2% e noutra a previsão de queda do PIB em 0,7%: não podia ser mais claro, o engano é o Orçamento.

Por isso, ninguém no governo acredita que este orçamento seja cumprido. Hoje, encerrada a sua discussão, a única dúvida que resta é saber quantos dias o ministro das finanças ainda responderá por um orçamento que perpetua a crise económica e social do país. O ministro pediu hoje mais seis meses. Mas já se percebeu que todos os ministros estão colados ao telefone à espera da chamada de S.Bento que os dispense. Cada ministro sabe que não tem Orçamento, não tem política, não tem futuro. O último a sair apaga a luz, parece ser o estado de espírito no Governo por estes dias.

Aliás, como já estamos habituados nestes seis anos de governação, o primeiro-ministro nunca tem nada a ver com as más medidas que apresenta. O inferno são os outros. Foi a crise mundial, agora são os mercados, ou mesmo os até há pouco inquestionáveis Banco Central Europeu e a Sr.ª Merkel.

Mas o governo não tem uma palavra nem uma atitude para os causadores, que são ao mesmo tempo os beneficiários da crise. A PT antecipa o pagamento de dividendos para que os accionistas embolsem 260 milhões de impostos, e o ministro das finanças desmente o primeiro-ministro para que tudo fique na mesma. Ricardo Salgado embolsa 80 milhões em dividendos para não pagar impostos, Vasco de Mello 57 milhões, Américo Amorim 39 milhões, Soares dos Santos 64 milhões, a bolsa distribui 818 milhões em dividendos que ficam com a certeza de não pagar impostos, e o governo aplaude esta consolidação orçamental em que a especulação é premiada. O contribuinte sabe agora qual é a lei Sócrates: pagarás imposto para que o governo pague a quem especula contra a economia portuguesa.

Por isso, não surpreende que o Governo tenha mesmo desistido de defender as suas propostas. Limita-se a dizer que é inevitável uma recessão em nome da acalmia dos mercados. Garantia-nos o Governo que, sem Orçamento, o país entrava numa crise política que agitaria os mercados.

O que é que se viu, desde que Governo e PSD se juntaram, desjuntaram, e voltaram a juntar para acordarem que estão quase em desacordo sobre o Orçamento de Estado que ambos votaram? Os juros continuaram a subir. Subiram e subiram muito. A economia portuguesa continua a ser espoliada e os impostos sobem para pagar a especuladores.

Crise política é este Orçamento e a sua conivência com um PSD que, segundo as suas próprias palavras, quer destruir o Estado Social; o governo juntou-se-lhes então para tirar 1000 milhões de euros aos salários, 1000 milhões aos apoios sociais e 500 milhões à saúde. Destruir o Estado social é agora o lema do PS, e com que zelo o aplica.

Fazer um Orçamento para acalmar os mercados é, como estamos a ver, uma imensa falcatrua. Não só não tem nenhum efeito sobre os juros da divida, que continuam a subir todos os dias, como é uma decisão errática, sem rumo e que agrava as fraquezas da economia nacional.

Este Orçamento é por isso um convite ao FMI. Porque destrói a economia, como quer o FMI. Porque aumenta impostos, como quer o FMI. Porque cria desemprego, como quer o FMI. Porque a bancarrota é a solução FMI, e é a bancarrota que se está a ensair com este orçamento.

Não tinha que ser assim, não pode ser assim e não há-de ser assim. A economia portuguesa é atingida por uma onda especulativa porque temos uma economia fraca, que diverge há dez anos da média europeia e cria uma taxa de desemprego galopante, que limita a produção do país.

Era necessária uma política económica que respondesse às principais debilidades da economia portuguesa, a estagnação e o desemprego, sem atirar o país para mais um ano de recessão em 2011. Recordemos só alguns exemplos. Limitar em 25% os mais de 3800 milhões de Euros que vão todos os anos para benefícios fiscais às empresas, permitiria manter o valor dos salários.

Alterar corajosamente o regime fiscal, taxando as mais-valias urbanísticas que têm sido responsáveis por verdadeiros euromilhões com a corrupção de uma simples assinatura, garantia os recursos necessários para não aumentar o IVA e para defender os salários e as pensões mais baixas.

Promover o investimento público na ferrovia nacional e na reabilitação urbana. Impor uma auditoria às parcerias público-privado e renegociá-las em nome do interesse público.

Pôr cobro às despesas inúteis do Estado e modernizar a administração pública pouparia os milhões necessários para manter o abono às famílias carenciadas.

Não foi esse o caminho escolhido pelo bloco central do governo com o PSD, com a participação entusiasmada e sempre vigilante do presidente Cavaco Silva.

Este Orçamento não é para os desempregados, para os quais só promete mais desemprego.

Este Orçamento não é para os idosos com pensões baixíssimas e que vêm o seu valor congelado.

Este Orçamento não é para as famílias com filhos em idade escolar, que ficam sem o abono de família.

Este Orçamento não é para os trabalhadores, que estão a perder salário com os cortes e com os impostos.

É certo que foram aprovadas duas propostas importantes do Bloco de Esquerda. Assim, pela primeira vez, vamos saber o que era segredo, a lista dos donativos de Estado a todas as fundações privadas. E conseguimos reparar um consolador esquecimento do PS, que olvidara incluir autarcas no princípio de responsabilidade pelos seus actos. Duas importantíssimas propostas, que trazem responsabilidade e transparência.

Continuaremos este combate pela responsabilidade e transparência. Porque é ele que vai definir se há uma solução para o país.

Neste ano de 2011, vamos todos ser chamados a decidir. A democracia é fundamental como sempre, e agora é necessária como nunca. Só a democracia pode defender o país contra o FMI. Só a democracia pode defender a economia contra a bancarrota. Só a democracia pode dar lugar a um governo responsável, e essa é a luta da esquerda. O governo morreu com a aprovação deste orçamento e a sua aliança com a direita para criar desemprego e abrir a porta ao FMI. À esquerda compete lutar com todas as suas forças para salvar a economia, o trabalho e o respeito pelas pessoas. Esse é o compromisso do Bloco de Esquerda.

Intervenção de João Semedo, deputado do Bloco de Esquerda, no encerramento do debate do Orçamento de Estado


1 2

Controlemos o lobby financeiro, regulemos os mercados

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Entre nós e as palavras # 9


Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada,
em que os poetas são os próprios versos dos poemas
e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.

Ninguém fala em parar ou regressar.
Ninguém teme as mordaças ou algemas.
- O braço que bater há-de cansar
e os poetas são os próprios versos dos poemas.

Versos brandos… Ninguém mos peça agora.
Eu já não me pertenço: Sou da hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas

que possam perturbar a nossa caminhada,
onde cada poema é uma bandeira desfraldada
e os poetas são os próprios versos dos poemas.

Sidónio Muralha - "Soneto Imperfeito da Caminhada Perfeita"


(fotografia de Sebastião Salgado)


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

25 de Novembro...



[...]

Quando a nossa festa s'estragou
e o mês de Novembro se vingou
eu olhei p'ra ti
e então entendi
foi um sonho lindo que acabou
houve aqui alguém que se enganou

[...]
José Mário Branco



terça-feira, 23 de novembro de 2010

A caminho da Greve Geral # 4



Amanhã também as ruas serão nossas!


Lisboa

Ponto de informação sobre a Greve Geral
Iniciativa da União dos Sindicatos de Lisboa
Lisboa, Rossio, a partir das 9h.

Concentração de Precários e Intermitentes
Lisboa, Rossio, Acções de rua/performance, a partir das 11h
Concentração conjunta com bancas, concerto, intervenções e apoio jurídico, às 15h.

Concentração de professores contratados e desempregados
Lisboa, frente ao Ministério da Educação (Av. 5 de Outubro), 14h30.

Teatro A Máquina do PEC
Lisboa, Chiado (Frente aos Armazéns do Chiado), 17h, Acção de rua contra o Orçamento de Estado e as medidas de austeridade.

Concerto da Greve Geral
Lisboa, Praça da Figueira, 17h30.


Porto

Um Abraço pelo Teatro Nacional São João
Porto, Praça da batalha, 13h.

Concentração - Greve Geral
Porto, Praça Humberto Delgado (Av. Aliados), 14h30.


Faro

Concentração de grevistas, desempregados e reformados
Faro, Jardim Manuel Bívar (frente à CGD), 16h30.


1 

A caminho da Greve Geral # 3



1 2

domingo, 21 de novembro de 2010

Cinematógrafo do Reviralhos # 4


Stachka - A Greve (1925)




























Título: Stachka - A Greve (1925)

Realização: Sergei Eisenstein

Argumento: Grigori Aleksandrov, Sergei Eisenstein, Ilya Kravchunovsky, Valeryan Pletnyov

Intérpretes: M. Shtraukh, G. Alexandrov, M. Gomorov, I. Ivanov, I. Klyukin, A. Antonov...

Duração: 82 minutos


sábado, 20 de novembro de 2010

A cantiga é uma arma (contra a cimeira dos senhores da guerra) # 3



Masters Of War (Bob Dylan)

Come you masters of war
You that build the big guns
You that build the death planes
You that build all the bombs
You that hide behind walls
You that hide behind desks
I just want you to know
I can see through your masks.

You that never done nothin'
But build to destroy
You play with my world
Like it's your little toy
You put a gun in my hand
And you hide from my eyes
And you turn and run farther
When the fast bullets fly.

Like Judas of old
You lie and deceive
A world war can be won
You want me to believe
But I see through your eyes
And I see through your brain
Like I see through the water
That runs down my drain.

You fasten all the triggers
For the others to fire
Then you set back and watch
When the death count gets higher
You hide in your mansion'
As young people's blood
Flows out of their bodies
And is buried in the mud.

You've thrown the worst fear
That can ever be hurled
Fear to bring children
Into the world
For threatening my baby
Unborn and unnamed
You ain't worth the blood
That runs in your veins.

How much do I know
To talk out of turn
You might say that I'm young
You might say I'm unlearned
But there's one thing I know
Though I'm younger than you
That even Jesus would never
Forgive what you do.

Let me ask you one question
Is your money that good
Will it buy you forgiveness
Do you think that it could
I think you will find
When your death takes its toll
All the money you made
Will never buy back your soul.

And I hope that you die
And your death'll come soon
I will follow your casket
In the pale afternoon
And I'll watch while you're lowered
Down to your deathbed
And I'll stand over your grave
'Til I'm sure that you're dead.

 



1 2

Estamos em guerra contra os senhores da guerra!


Manifestação "Não à guerra - Não à NATO"

Marquês de Pombal - Lisboa

Hoje, sábado, às 15:00h


1 2 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Entre nós e as palavras # 8



Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen - "Porque"


(imagem de Banksy)





A cimeira dos senhores da guerra # 4 - AMANHÃ...

A cimeira dos senhores da guerra # 3 - ONTEM...




A cimeira dos senhores da guerra # 2



No dia em que os senhores da guerra aprovaram o novo conceito estratégico da NATO, que reforça e amplia o âmbito de intervenção da organização militar, reproduzimos o texto "Cimeira", da autoria de João Paulo Guerra, publicado no Económico:

Vinte e um anos após a queda do Muro de Berlim, 20 anos depois da reunificação da Alemanha, 19 anos passados sobre a dissolução da União Soviética e a extinção do Pacto de Varsóvia, a NATO é o derradeiro arsenal, unipolar, da guerra fria.

É o armazém da tralha de 46 anos de corrida armamentista e de chantagem nuclear. Não tem qualquer razão de existir, a não ser para fomentar o chorudo negócio do armamento, o poder do complexo e da clique militar-industrial que comanda a política americana, e dar emprego a milhões de apóstolos da guerra, formados em cursilhos na doutrina do poder e do terror militar, que agora pregam pelo Mundo, em vez da extinção do único bloco político-militar, o alargamento da NATO.

O objectivo é velho e relho. Já nos anos 60 do século passado, quando a NATO constituía o maior sustento do aparelho militar português nas guerras coloniais, os falcões da Aliança e os peneireiros de Lisboa sustentavam que o Trópico de Câncer deveria ser entendido "cada vez mais como um limite imaginário", de modo a não perturbar "a eficácia da Aliança". Mas terminada a guerra fria, não há justificação racional para a persistência e globalização da NATO. As ameaças invocadas - como o terrorismo ou a pirataria marítima - podem e devem ser enfrentadas num quadro multilateral de cooperação entre estados no seio nas Nações Unidos. E querer atribuir à NATO funções na luta contra o aquecimento global é o mesmo que entregar o comando das corporações de bombeiros a um incendiário. As guerras da NATO na Europa e no Médio Oriente contribuíram decisivamente para a destruição ambiental em vastas áreas do planeta.

Mas claro que a Cimeira vai aprovar tudo o que lhe aprouver. E assim será até que o mundo construído pelos senhores da guerra lhes rebente nas mãos.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Entre nós e as palavras # 7



Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.

Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.

Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Jorge de Sena - "Quem a tem..."
 

Concerto Anti-NATO


Portugal fora da NATO, NATO fora de Portugal!



Hoje, às 21:30h, no Largo Camões, em Lisboa


1 2

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Polícia controlando a piolheira (imagem para tranquilizar Vasco Graça Moura)




Vasco Graça Moura



 

Quitoso, o melhor amigo de Vasco Graça Moura



Vasco Graça Moura




terça-feira, 16 de novembro de 2010

A cimeira dos senhores da guerra # 1


Porque será que o ostensivo aparato policial, que por estes dias transforma Lisboa num bunker feito à medida dos senhores da guerra, nos faz lembrar o vídeo que Romain-Gavras realizou para o tema "Born Free" de M.I.A.?




domingo, 14 de novembro de 2010

Apelar à caridadezinha dos banqueiros



Caros senhores deputados, nós não queremos que apelem à caridadezinha dos banqueiros e que lhes peçam uma ajudinha no combate ao défice.
O que nós queremos não são apelos vãos à má consciência daqueles que continuam a lucrar com a crise que criaram.
O que nós queremos não são medidas temporárias, antecedidas por um "desculpem lá, mas é só por um tempinho...".

O que nós exigimos é que a taxa de IRC paga pela banca seja semelhante à das restantes empresas.
O que nós exigimos é que a banca nos devolva o que já há muito deveria ter pago.



quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A caminho da Greve Geral # 2



Os Precários Inflexíveis não podiam ter escolhido um local mais simbólico para a sua acção de ontem.

Invadir o call center do Banco Espírito Santo (BES), que só no terceiro trimestre deste ano teve um lucro de 405,4 milhões de euros, é atacar directamente aqueles que nos arrastaram para esta crise e que continuam a lucrar com ela.



quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Reviralhos Sound System # 11



Sinéad O’Connor – "Nothing Compares 2 U" (1990)



R.E.M. – “Everybody Hurts” (1992)



Gary Jules – “Mad World” (2001)



Lido por aí... # 4



Impossível não destacarmos o artigo de opinião de Oscar Mascarenhas, sobre o candidato Cavaco, publicado no Diário de Notícias:

O abutre ao "twitter" 

Na semana que passou, o candidato Cavaco desperdiçou uma bela oportunidade para não alardear o estilo viscoso e rasteiro do seu eleitoralismo. Como um abutre salivando por carniça, despejou no «twitter» resumo do que extraiu do debate parlamentar sobre o Orçamento: «Vejo com muita apreensão o desprestígio da classe política e a impaciência com que os cidadãos assistem a alguns debates.»

Com uma só bicada, ensacou por junto todos os partidos e deputados que intervieram no debate, quando, em rigor só lhe seria legítimo verberar os que ele, Cavaco, tanto se esforçou por amigar: o PS/Governo e o PSD/Belém. CDS, PCP, Bloco de Esquerda e Verdes produziram intervenções dignas e pensadas, chegando mesmo a reprovar o desmando argumentativo do Arrufo Central. Mereciam ser excepcionados e louvados pelo dito magistrado de influência, mas como o pensamento deste voa tão alto como um crocodilo, lá ficaram na roda de serem todos iguais. Só ele, o apreensivo, não.

Ele, que tanto prestigiou a política envolvendo-se na mais velhaca urdidura que jamais um Presidente se tinha permitido, ao fazer soprar suspeitas de escutas do Governo sobre Belém, e isto DEZASSEIS meses antes de ter ocorrido o episódio do Estatuto dos Açores, que os sabujanalistas do costume dizem ter sido o momento da ruptura com Sócrates, o único vilão.

Ele, que tanto prestigiou Portugal quando o ferrabrás de Praga, Vaclav Klaus, fez estentórica chacota da gestão lusa do défice e Cavaco só encontrou, para resposta, uma saída de poltrão: que não tinha responsabilidades governativas.

Ele, que se gabou de nunca ter sido tão lesto a promulgar como na nacionalização do BPN - e nunca saberemos se o fez por um tremendo imperativo nacional ou se pela térrea preocupação de pôr a salvo cabedais que ali deixara a levedar.

Ele, que recomenda que se explique ao povo os sacrifícios que lhe são pedidos mas que nunca teve a lembrança de dar uma aula prática de fidalguia e recusar a pilha de reformas com que se aboleta, desprezando o exemplo de Ramalho Eanes. Veremos se, agora que se diz que vai haver lei sobre a matéria, a promulgará tão asinha e alegremente como o fez com a outra...

A rasteira maior foi ter usado o «twitter», uma rede social muito frequentada por jovens, possivelmente os mais carentes de exemplo cívico e de sentido para o seu futuro colectivo, que escusavam de saber que o candidato Cavaco não tem mais filosofia do que um avinagrado motorista de táxi: «São todos iguais.»




segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Entre nós e as palavras # 6



Trago notícias da fome
que corre nos campos tristes:
soltou-se a fúria do vento
e tu, miséria persistes.
Tristes notícias vos dou:
caíram espigas da haste,
foi-se o galope do vento
e tu miséria, ficaste.
Foi-se a noite, foi-se o dia,
fugiu a cor às estrelas:
e, estrela nos campos tristes,
só tu miséria nos velas.
Carlos de Oliveira - "O Viandante"

 
 
 
(fotografia: "Migrant mother Florence Thompson & children" de Dorothea Lange)
 
 

sábado, 6 de novembro de 2010

Que se lixem os direitos humanos, o que importa são os negócios


Que a República Popular da China não respeite os direitos humanos é coisa que não interessa nada à corte lusitana que por estes dias se perfilará para o beija-mão a Hu Jintao.

A visita de dois dias do presidente da República Popular da China é apenas uma oportunidade para fazer negócios, bons negócios de "elevado interesse nacional". De Cavaco Silva a José Sócrates, dos banqueiros aos empresários, todos estão interessados nos abundantes capitais chineses.

Fala-se da possibilidade da compra de dívida soberana portuguesa pela China, da aquisição de parte de um banco, do reforço da balança comercial entre os dois países, fala-se de dinheiro, de muito dinheiro... E no meio de tudo isto, a questão dos direitos humanos nem terá direito a uma breve nota de rodapé...

O silêncio dos governantes portugueses, tal como o dos seus congéneres da UE (do mundo?), é comprado nestas visitas de estado - uma ditadura é uma ditadura, mas uma ditadura com dinheiro é uma quase democracia...

Nestes dias de vergonhoso beija-mão, resta-nos saudar a posição do Bloco de Esquerda, que sustenta desta forma a sua ausência da cerimónia agendada para o parlamento: "Somos muito críticos em relação ao regime chinês. Seria muito hipócrita estarmos a aplaudir ou a participar em banquetes com o representante de um regime político que despreza o direito de greve, o direito de opinião e de liberdade de imprensa".

O dinheiro compra muitas consciências, mas nunca conseguirá comprá-las todas...



Para Bento XVI, no tempo da ditadura franquista é que era...


Bento XVI, que hoje iniciou uma visita de dois dias a Santiago de Compostela e a Barcelona, lamentou que o confronto entre “a fé e a modernidade” seja “tão aceso” entre espanhóis.

Numa clara manifestação saudosista dos gloriosos tempos do franquismo, onde o catolicismo era a religião oficial do estado, Bento XVI criticou o secularismo crescente, comparando-o ao anticlericalismo da Segunda República Espanhola.

Como era de esperar, da santíssima cloaca papal não se ouviu nenhuma crítica à ditadura franquista nem à estreita colaboração da Igreja com regime de Franco.

Tal como muitos galegos e catalães, que têm sabido receber o Papa de forma condigna, também nós fazemos questão em não pactuar com o obscurantismo da ICAR, recuperando algumas imagens que demonstram bem de que lado esteve/está a Igreja Católica em Espanha:




Pluralismo de opinião no debate político-económico



Após a sua entrega  às direcções de informação dos canais de televisão, aos responsáveis por programas de análise político-económica e aos meios de comunicação social em geral (sendo igualmente enviada aos diversos grupos parlamentares e à Alta Autoridade para a Comunicação Social), a  Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico será o tema do próximo programa "A Voz do Cidadão".

O programa, da responsabilidade do Provedor do Telespectador da RTP, será emitido hoje na RTP1 (às 21:00h) e amanhã na RTP2 e RTPN (às 14:45h e às 20:30h, respectivamente).


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A caminho da Greve Geral


No mesmo dia em que os trabalhadores da Administração Pública protestam em Lisboa (às 15 horas, no Marquês de Pombal), os Precários Inflexíveis assentam arraiais no Largo Camões.

Amanhã, a luta faz-se nas ruas de Lisboa!



terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dedicado aos Viabilizadores deste Orçamento




DEDICADO aos VIABILIZADORES deste ORÇAMENTO
de roubo, de exploração, de incompetência,
de compadrio, de corrupção,
de Varas e Dias Loureiros,
de aumento de desemprego e de desigualdades sociais,
de apoio às antigas e novas CASTAS,
DE APOIO À BANCA, AO BCE, À MERKL (Sieg Heil!) E AOS ESPECULADORES FINANCEIROS!

Os vampiros de sempre no país em que o Cavaco, qual Infante, descobriu o mar…

 

Entre nós e as palavras # 5



O velho abutre é sábio e alisa as suas penas
A podridão lhe agrada e seus discursos
Têm o dom de tornar as almas mais pequenas

Sophia de Mello Breyner Andresen - "O Velho Abutre"





Você tem-me cavalgado,
Seu safado!
Você tem-me cavalgado,
Mas nem por isso me pôs
A pensar como você.

Que uma coisa pensa o cavalo;
Outra quem está a montá-lo.

Alexandre O’Neill - "A História da Moral"




segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Já tinhamos todos os motivos para ser contra a NATO, mas ainda conseguiram arranjar mais um...



Dia de todos os santos


Cavaco Silva, anunciando a recandidatura à Presidência da República



Cavaco Silva com os amigos
Dias Loureiro e Oliveira e Costa
(ambos implicados no caso BPN)


1 2 3

Lido por aí... # 3


Num país onde a memória é curta, mesmo muito curta, faremos questão em destacar todos os contributos que ajudem a recordar o percurso político de Cavaco Silva e a desconstruir a imagem sebastianista que o mesmo tem procurado construir em torno de si próprio (veja-se o deplorável e auto-elogioso discurso proferido, na passada terça-feira, no CCB).

Assim, quase uma semana após Cavaco Silva ter anunciado ao país aquilo que já todo o país sabia - a sua recandidatura à presidência da república - destacamos mais uma vez um texto de Daniel Oliveira.
"Os cinco cavacos", publicado no Expresso Online e também no Arrastão, faz uma síntese do percurso político de Cavaco Silva, desde os tempos de primeiro-ministro até ao presente:

Sem contar com a sua breve passagem pela pasta das Finanças, conhecemos cinco cavacos. Mas todos os cavacos vão dar ao mesmo.

O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro. Esbanjou dinheiro como se não houvesse amanhã. Desperdiçou uma das maiores oportunidades de deste País no século passado. Escolheu e determinou um modelo de desenvolvimento que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil. Dos fundos europeus a desaparecerem e dos cursos de formação fantasmas. O Cavaco do Dias Loureiro e do Oliveira e Costa num governo da Nação. Era também o Cavaco que perante qualquer pergunta complicada escolhia o silêncio do bolo rei. Qualquer debate difícil não estava presente, fosse na televisão, em campanhas, fosse no Parlamento, a governar. Era o Cavaco que perante a contestação de estudantes, trabalhadores, polícias ou utentes da ponte sobre o Tejo respondia com o cassetete. O primeiro Cavaco foi autoritário.

O segundo Cavaco alimentou um tabu: não se sabia se ficava, se partia ou se queria ir para Belém. E não hesitou em deixar o seu partido soçobrar ao seu tabu pessoal. Até só haver Fernando Nogueira para concorrer à sua sucessão e ser humilhado nas urnas. A agenda de Cavaco sempre foi apenas Cavaco. Foi a votos nas presidenciais porque estava plenamente convencido que elas estavam no papo. Perdeu. O País ainda se lembrava bem dos últimos e deprimentes anos do seu governo, recheados de escândalos de corrupção. É que este ambiente de suspeita que vivemos com Sócrates é apenas um remake de um filme que conhecemos. O segundo Cavaco foi egoísta.

O terceiro Cavaco regressou vindo do silêncio. Concorreu de novo às presidenciais. Quase não falou na campanha. Passeou-se sempre protegido dos imprevistos. Porque Cavaco sabe que Cavaco é um bluff. Não tem pensamento político, tem apenas um repertório de frases feitas muito consensuais. Esse Cavaco paira sobre a política, como se a política não fosse o seu ofício de quase sempre. Porque tem nojo da política. Não do pior que ela tem: os amigos nos negócios, as redes de interesses, da demagogia vazia, os truques palacianos. Mas do mais nobre que ela representa: o confronto de ideias, a exposição à critica impiedosa, a coragem de correr riscos, a generosidade de pôr o cargo que ocupa acima dele próprio. Venceu, porque todos estes cavacos representam o nosso atraso. Cavaco é a metáfora viva da periferia cultural, económica e politica que somos na Europa. O terceiro Cavaco é vazio.

O quarto Cavaco foi Presidente. Teve três momentos que escolheu como fundamentais para se dirigir ao País: esse assunto que aquecia tanto a Nação, que era o Estatuto dos Açores; umas escutas que nunca existiram a não ser na sua cabeça sempre cheia de paranóicas perseguições; e a crítica à lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo que, apesar de desfazer por palavras, não teve a coragem de vetar. O quarto Cavaco tem a mesma falta de coragem e a mesma ausência de capacidade de distinguir o que é prioritário de todos os outros.

Apesar de gostar de pensar em si próprio como um não político, todo ele é cálculo e todo o cálculo tem ele próprio como centro de interesse. Este foi o Cavaco que tentou passar para a imprensa a acusação de que andaria a ser vigiado pelo governo, coisa que numa democracia normal só poderia acabar numa investigação criminal ou numa acção política exemplar. Era falso, todos sabemos. Mas Cavaco fechou o assunto com uma comunicação ao País surrealista, onde tudo ficou baralhado para nada se perceber. Este foi o Cavaco que achou que não devia estar nas cerimónias fúnebres do único prémio Nobel da literatura porque tinha um velho diferendo com ele. Porque Cavaco nunca percebeu que os cargos que ocupa estão acima dele próprio e não são um assunto privado. Este foi o Cavaco que protegeu, até ao limite do imaginável, o seu velho amigo Dias Loureiro, chegando quase a transformar-se em seu porta-voz. Mais uma vez e como sempre, ele próprio acima da instituição que representa. O quarto Cavaco não é um estadista.

E agora cá está o quinto Cavaco. Quando chegou a crise começou a sua campanha. Como sempre, nunca assumida. Até o anúncio da sua candidatura foi feito por interposta pessoa. Em campanha disfarçada, dá conselhos económicos ao País. Por coincidência, quase todos contrários aos que praticou quando foi o primeiro Cavaco. Finge que modera enquanto se dedica a minar o caminho do líder que o seu próprio partido, crime dos crimes, elegeu à sua revelia. Sobre a crise e as ruínas de um governo no qual ninguém acredita, espera garantir a sua reeleição. Mas o quinto Cavaco, ganhe ou perca, já não se livra de uma coisa: foi o Presidente da República que chegou ao fim do seu primeiro mandato com um dos baixos índices de popularidade da nossa democracia e pode ser um dos que será reeleito com menor margem. O quinto Cavaco não tem chama.

Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiro-ministro eu tinha 16. Quando saiu eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política. Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar com alguém que está acima da politica é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos.


 

Related Posts with Thumbnails