sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Amanhã, às 15 horas, todos ao Terreiro do Paço!


 
 

Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas! - Comunicado e apelo à participação na manifestação de Sábado

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Quando o país esperava que o Conselho de Estado o percebesse, este fechou os olhos. Para quem se manifestou a 15 de Setembro e esteve nas vigílias de 21 de Setembro, os problemas deste país não se resolvem pelo facto de o governo passar a tirar-nos de outra maneira aquilo que nos roubava na TSU. Ao conquistarem as ruas das suas cidades sob o lema “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!”, centenas de milhares tomaram uma posição firme de denúncia de um programa, o da troika, de um governo, o dos troikistas, e de um método anti-democrático, o de sujeitar a população portuguesa a politicas que as pessoas não discutiram nem votaram.

Os resultados comunicados ao país, após mais de oito horas de reunião, apenas sugerem, sem concretizar, um possível recuo na subida da TSU para os trabalhadores. Não nos congratulamos por isso: consideramos grave a avaliação de que sem o protesto cívico não se teria alterado sequer esta aberrante medida. Congratulamo-nos, antes, pelos milhares de pessoas que fizeram exercício da sua participação política, muitas intervindo pela primeira vez e muitas outras reiterando protestos desencadeados em diversos sectores da sociedade, face aos sucessivos cortes nos rendimentos do trabalho e nas reformas, na Saúde, na Educação, na Cultura, as privatizações das companhias fornecedoras de gás e electricidade, os consequentes aumentos de preço e do IVA, o agravamento de custos e as limitações às redes dos transportes públicos. Os problemas do país não se resolvem com estas medidas de austeridade. A resolução passa por dar voz ao povo, para que decida em conjunto como garantir um país justo, defendendo os interesses de quem cá vive e trabalha e invertendo cruéis assimetrias em prol de subservientes acordos assumidos com a troika.

O Conselho de Estado – em que não se garante, de maneira alguma, uma verdadeira representação do espectro político português – revelou os mesmos defeitos de cegueira e surdez à voz do povo, característicos do governo, desrespeitando e reinterpretando a seu gosto estes últimos e inequívocos protestos, num texto paupérrimo e vazio, uma manobra de bluff político. Confirmámos assim que não é apenas o governo quem vira as costas ao seu povo. O incansável protesto da multidão demonstrou que, nitidamente, também o Presidente da República perdeu por completo o respeito dos cidadãos e das cidadãs que vivem e trabalham neste país.

É por isso necessário que continuemos a protestar. É cada vez mais urgente traçar um novo rumo. Um rumo que tenha finalmente as pessoas como centro das atenções, e não bancos e mercados ou interesses financeiros e especulativos. Um rumo que reforce a participação democrática e cidadã e não nos limite a vulgares espectadores de uma tragédia colectiva, ditada de gabinetes e de bolsas. Um rumo que aponte para uma verdadeira solidariedade internacional, numa mudança de regime que beneficie todos os povos, e que começa cada vez mais a ser desenhado por plataformas e acções que apelam à convergência cívica em vários países e designadamente à construção de uma nova Europa. Ao contrário do primeiro-ministro Passos Coelho que considerou ser de menor importância uma reunião de governos de Itália, Grécia, Espanha e Irlanda e Portugal para discutir as politicas europeias, nós achamos fundamental que os povos da Europa ajudem a traçar políticas para desenvolver a economia e o emprego em vez de planos para garantir e multiplicar os lucros dos especuladores e agiotas que jogam com as dívidas soberanas.

Consideramos ainda premente, para o nosso país e para as nossas vidas, que as cidadãs e os cidadãos esqueçam eventuais e pontuais divergências e se unam, se solidarizem e se juntem a outras forças organizadas e aos movimentos que recusam este rumo, numa frente de resistência comum. Apelamos por tudo isto à participação massiva no protesto entretanto convocado pela CGTP-Intersindical para o próximo sábado, dia 29 de Setembro. Juntos reclamaremos esse novo rumo, que inverta totalmente a sujeição do governo aos joguetes políticos de entidades não sufragadas, que cinicamente nos impõem “ajudas” com juros fatais e sacrifícios que jamais ousariam sequer imaginar para si próprios. Um rumo onde não cabem a troika nem os troikistas.

Queremos as nossas vidas.
E por elas estamos dispostos a fazer, em cada dia de luta, em cada novo protesto, algo de extraordinário.
 

 

sábado, 22 de setembro de 2012

Acordai





Sejamos cães raivosos

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Como bem escreveu Joana Lopes, ontem o povo foi ignorado pelo Conselho de Estado. Após oito horas, o comunicado lido no final da reunião é um insulto ao milhão de cidadãos que, no passado sábado, se manifestou em todo o país e aos milhares que protestaram ontem em Belém.
De Cavaco Silva, e da sua entourage política e privada, só poderemos esperar sempre o pior. No entanto, o comunicado de ontem é um escarro na cara de todos aqueles que diariamente pagam uma crise pela qual não são responsáveis, de todos os que recusam estas opções políticas e económicas, de todos os que rejeitam a inevitabilidade das medidas austeritárias que nos são impostas por este governo e por uma UE exangue e lacaia dos ditames neoliberais.
 
Se o 15 de Setembro marcou um ponto de viragem, o dia de ontem não foi menos simbólico e significativo. É agora claro, para um número crescente de cidadãos, que a única forma de combater a troika e os troikistas passa pela intensificação das formas de luta a nível nacional e internacional. Neste combate todos seremos poucos, dos partidos anti-troika aos movimentos sociais, dos reformados aos estudantes, dos sindicatos aos desempregados, dos trabalhadores do sector público aos do sector privado. Apenas em uníssono conseguiremos derrotar esta direita que, dia após dia, nos condena ao abismo socio-económico.
 
Intensifiquemos a luta. Todos os dias, em todos os locais. Não lhes demos tréguas. Sejamos cães raivosos.




(Foto de Paulo Zenha / Fotograf'arte)

Dedicada ao Cavaco e aos troikistas que se reuniram no Palácio de Belém...

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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Concentração: Reunião do Conselho de Estado - Palácio de Belém, 21 de Setembro (sexta-feira), 18 h

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No dia 15 de Setembro o país tomou as ruas para dizer BASTA!, naquelas que foram as maiores manifestações populares desde o 1º de Maio de 1974. Exigimos o rasgar do memorando da Troika e a demissão deste governo troikista.
Se o governo não escuta, que escute o Presidente da República e o seu Conselho de Estado.
Não é não!
Não queremos apenas mudanças de nomes, queremos mudanças de facto. A 21 de Setembro iremos concentrarmo-nos junto ao Palácio de Belém para demonstrar que 15 de Setembro não foi uma mera catarse colectiva, mas um desejo extraordinário de MUDANÇA DE RUMO!

Que se Lixe a Troika! Que se Lixem os Troikistas! Queremos as Nossas Vidas!
 
 

Os troikistas que se cuidem, isto foi só o começo








 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

E tu? Onde vais estar no dia 15 de Setembro?

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Esta é a hora de passarmos da indignação aos actos. Ficar em casa é ser conivente com aqueles que diariamente nos roubam e dignidade, transformando-nos em escravos do austeritarismo e do capital. No próximo sábado é nosso dever ocupar as ruas e gritar bem alto: QUE SE LIXE A TROIKA! QUE SE LIXEM OS TROIKISTAS! QUEREMOS AS NOSSAS VIDAS!
 

Nota: A lista de locais onde se realizarão manifestações não pára de aumentar e pode ser consultada em queselixeatroika15setembro.blogspot.pt
 
 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

11 de Setembro





Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!

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É preciso fazer qualquer coisa de extraordinário. É preciso tomar as ruas e as praças das cidades e os nossos campos. Juntar as vozes, as mãos. Este silêncio mata-nos. O ruído do sistema mediático dominante ecoa no silêncio, reproduz o silêncio, tece redes de mentiras que nos adormecem e aniquilam o desejo. É preciso fazer qualquer coisa contra a submissão e a resignação, contra o afunilamento das ideias, contra a morte da vontade colectiva. É preciso convocar de novo as vozes, os braços e as pernas de todas e todos os que sabem que nas ruas se decide o presente e o futuro. É preciso vencer o medo que habilmente foi disseminado e, de uma vez por todas, perceber que já quase nada temos a perder e que o dia chegará de já tudo termos perdido porque nos calámos e, sós, desistimos.

O saque (empréstimo, ajuda, resgate, nomes que lhe vão dando consoante a mentira que nos querem contar) chegou e com ele a aplicação de medidas políticas devastadoras que implicam o aumento exponencial do desemprego, da precariedade, da pobreza e das desigualdades sociais, a venda da maioria dos activos do Estado, os cortes compulsivos na segurança social, na educação, na saúde (que se pretende privatizar acabando com o SNS), na cultura e em todos os serviços públicos que servem as populações, para que todo o dinheiro seja canalizado para pagar e enriquecer quem especula sobre as dívidas soberanas. Depois de mais um ano de austeridade sob intervenção externa, as nossas perspectivas, as perspectivas da maioria das pessoas que vivem em Portugal, são cada vez piores.

A austeridade que nos impõem e que nos destrói a dignidade e a vida não funciona e destrói a democracia. Quem se resigna a governar sob o memorando da troika entrega os instrumentos fundamentais para a gestão do país nas mãos dos especuladores e dos tecnocratas, aplicando um modelo económico que se baseia na lei da selva, do mais forte, desprezando os nossos interesses enquanto sociedade, as nossas condições de vida, a nossa dignidade.

Grécia, Espanha, Itália, Irlanda, Portugal, países reféns da Troika e da especulação financeira, perdem a soberania e empobrecem, assim como todos os países a quem se impõe este regime de austeridade.
Contra a inevitabilidade desta morte imposta e anunciada é preciso fazer qualquer coisa de extraordinário.

É necessário construir alternativas, passo a passo, que partam da mobilização das populações destes países e que cidadãs e cidadãos gregos, espanhóis, italianos, irlandeses, portugueses e todas as pessoas se juntem, concertando acções, lutando pelas suas vidas e unindo as suas vozes.

Se nos querem vergar e forçar a aceitar o desemprego, a precariedade e a desigualdade como modo de vida, responderemos com a força da democracia, da liberdade, da mobilização e da luta. Queremos tomar nas nossas mãos as decisões do presente para construir um futuro.

Este é um apelo de um grupo de cidadãos e cidadãs de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos. Dirigimo-nos a todas as pessoas, colectivos, movimentos, associações, organizações não-governamentais, sindicatos, organizações políticas e partidárias que concordem com as bases deste apelo para que se juntem na rua no dia 15 de Setembro.

Dividiram-nos para nos oprimir. Juntemo-nos para nos libertarmos!

Ana Carla Gonçalves, Ana Nicolau, António Costa Santos, António Pinho Vargas, Belandina Vaz, Bruno Neto, Chullage, Diana Póvoas, Fabíola Cardoso, Frederico Aleixo, Helena Pato, Joana Manuel, João Camargo, Luís Bernardo, Magda Alves, Magdala Gusmão, Marco Marques, Margarida Vale Gato, Mariana Avelãs, Myriam Zaluar, Nuno Ramos de Almeida, Paula Marques, Paulo Raposo, Ricardo Morte, Rita Veloso, Rui Franco, Sandra Monteiro, São José Lapa, Tiago Rodrigues.

 
(Nota: A lista de cidades onde ocorrerão manifestações no próximo sábado, 15 de Setembro, encontra-se em actualização e pode ser consultada AQUI)

 

sábado, 1 de setembro de 2012

September Song




Para onde caminha a Europa? # 4


 
“Depois dos imigrantes, serão os próximos.” Era esta a mensagem escrita nos folhetos que apareceram esta semana num bairro onde se situam vários clubes homossexuais em Atenas. À medida que a violência contra os imigrantes e minorias étnicas aumenta por toda a Grécia, os apoiantes do partido de extrema-direita Aurora Dourada também começaram a promover ataques racistas contra os homossexuais e pessoas com deficiências.
 
Estes fascistas desfilam por Atenas com camisolas pretas e tochas, aterrorizando as minorias étnicas e sexuais, ostentando uma insígnia semelhante a uma suástica decomposta e declarando o seu desprezo pelo processo político. Ainda assim, na Europa, continuam a ser tratados como um mero sintoma da crise económica na Grécia.
 
Antigamente, os delinquentes de extrema-direita atacavam os imigrantes durante a noite. Agora também o fazem durante o dia, sem temer qualquer consequência, dado que estas raramente existem. Nas últimas semanas, o número e a severidade dos ataques aumentou, e se os imigrantes apresentam queixa à polícia, arriscam a ser detidos.
 
Não só os crimes contra os imigrantes são considerados pouco prioritários na Grécia, como grande parte da base de apoio do partido Aurora Dourada provém das forças policiais. As sondagens das eleições de maio de 2012 indicavam que em alguns bairros urbanos 50 por cento da polícia grega votou a favor do grupo racista, que possui agora 7 por cento dos lugares no Parlamento.

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Ignorar esta situação, por si só, já é mau. Mas agora, o ministro da Ordem Pública, Nikos Dendias, comprometeu-se a pôr termo à imigração, que o próprio descreveu como sendo uma “invasão” e “uma bomba nos alicerces da sociedade”. E de facto, Dendias também descreveu a presença de estrangeiros na Grécia como uma ameaça mais significante do que a crise económica – uma mensagem que não hesitaria em colocar nas paredes de Atenas se pudesse. O estímulo do racismo tornou-se uma estratégia para desviar a atenção, de uma nação irritada, da crise que envolve o Governo e as despesas públicas. Tal como muitos executivos de centro-direita em declínio, a coligação Nova Democracia está a reproduzir os discursos dos extremistas de direita, juntando-se a eles, em vez de tentar acalmar a xenofobia pública. Com o apoio de Dendias, a polícia está a perseguir os imigrantes, detendo e deportando milhares em operações realizadas em Atenas e nas cidades vizinhas – um programa denominado, alegadamente sem qualquer ironia, Zeus Xenios, o Deus grego da hospitalidade.
 
[...]
 
 
 
Nota: a tradução integral do artigo  publicado no The Independent  pode ser lida no site de notícias Presseurop.
 
 
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