terça-feira, 15 de junho de 2010

Um país à jorna



Alargar para três e quatro anos o prazo dos contratos a prazo, quando hoje vão de 18 meses a dois anos, e permitir renovações ilimitadas destes é um dos pilares centrais da proposta de legislação laboral especial, a vigorar durante a aplicação do Programa de Estabilidade e Crescimento (até final de 2013), que o PSD vai apresentar no Parlamento.

O PSD, aliado às confederações patronais, prepara-se para fazer o óbvio: acrescentar precariedade à precariedade.
 
A pretexto da crise que os próprios criaram, o patronato e a direita afiam as facas, ensaiando as medidas legislativas que há muito anseiam - a precarização absoluta dos vínculos laborais e a diminuição efectiva e duradoura dos salários.
 
O sonho húmido desta gente é um país à jorna...

2 comentários:

  1. quinta-feira, 17 de Junho de 2010
    Grupo Lena vai despedir 200 trabalhadores mas tem uma dívida entre 250.000€ a 500.000€ à Segurança Social
    O jornal Público divulga hoje a notícia que o Grupo Lena, com mais de 70 empresas na área da construção ou do turismo, vai despedir 200 pessoas, para cortar custos (aumenta proveitos) e reforçar a internacionalização do seu negócio, o que pelos vistos conflitua com o negócio e o emprego em Portugal.
    No entanto, este Grupo Lena detém empresas com dívidas ao Estado, nomeadamente à Segurança Social. As Termas Monte Real, de que são proprietários, deve entre 250.000 e 500.000 euros à Segurança Social (tal como pode ser confirmado no site www.seg-social.pt e visto na imagem à direita).
    Este é o governo que oferece condições mais vantajosas para saldar dívidas junto do Estado se os devedores forem grandes e o montante muito grande. E não só beneficia de tratamento VIP de parceiro ou cliente do Banco "Segurança-Social", como ainda tem a hipótese, até provável, de obter contratos para obras no valor de mil milhões de euros em Portugal - entre as quais o TGV - e 500 milhões de euros em negócios internacionais, 70 por cento dos quais têm origem em Angola.
    A sociedade deve por isso pedir explicações ao governo sobre a diferença de tratamento que está a ser imposta em Portugal. Entre a austeridade e agressividade sobre milhões de pessoas, que vêm a sua vida com menos opções, menos saúde, menos educação e menos salário, e o tratamento VIP dado a empresas e empresários que usam e abusam do Estado (sempre dizendo mal dele), obtêm vantagens, contratos, "empréstimos" em condições altamente vantajosas.
    Partilha este texto | Publicada por Precários Inflexíveis em 11:51

    ResponderEliminar
  2. Tragédia económica na zona euro

    “A tragédia da zona euro é ser gerida como se fosse um colectivo de pequenos países”. O argumento de Wolfgang Münchau é macroeconómico e faz todo o sentido. A procura de uma saída individual pelas exportações, através da compressão da procura interna, conseguida graças às políticas de austeridade, leva a um resultado colectivo potencialmente desastroso. Esta costuma ser a orientação das chamadas pequenas economias abertas, mas tem sido nos últimos anos sobretudo a aposta do gigante alemão e tem guiado as decisões de política económica da UE. As políticas de austeridade generalizada sabotam a recuperação e fazem com que a Europa possa cair na armadilha da recessão e da deflação, com o correspondente aumento do desemprego. Engelbert Stockhammer, num artigo de 2008 sobre a quebra dos rendimentos do trabalho na zona euro e a subida do desemprego (ver gráfico), já tinha argumentado que, à escala europeia, o modelo de crescimento económico tem de ser guiado pelos salários, o que requer mecanismos de coordenação salarial para evitar a corrida para o fundo nesta área, que está hoje em risco de se intensificar. O problema, como assinala o sempre perspicaz Vincenç Navarro, não é a falta de lideres, mas sim a orientação ideológica e os enviesamentos de classe das escolhas politicas dos lideres existentes e de muitos dos aspirantes. Escolhas ajudadas pelas regras europeias em vigor, claro. Em Portugal, basta conhecer a proposta do PSD para alargar os tempos da precariedade e assim baixar os salários: uma proposta que não manterá ou criará qualquer emprego, mas apenas estimulará as más práticas laborais.
    Publicada por João Rodrigues em 16.6.10 0 comentários

    ResponderEliminar

Related Posts with Thumbnails