segunda-feira, 23 de julho de 2012

O Mestre partiu há oito anos



(Coimbra, 16 de Fevereiro de 1925 - Lisboa, 23 de Julho de 2004)





1 comentário:

  1. Um "espírito tolerante" e "um percurso cívico extraordinário"?
    por Daniel Oliveira



    Com o respeito que me merecem os familiares de qualquer pessoa que morre, tenho de deixar clara uma coisa: a semana passada morreu José Hermano Saraiva, ministro da educação de uma ditadura e responsável por uma feroz repressão policial, com o devido apoio da polícia política, sobre os estudantes de Coimbra, punindo exemplarmente os que tiveram a ousadia de pedir liberdade e democracia. Esta nota biográfica, a que se acrescentarão outras, seguramente positivas, não é um pormenor. É a mais importante do percurso do cidadão em causa. Como historiador e divulgador, outros que escrevam o que entenderem escrever. Tenho a minha opinião, mas, ao contrário dos factos que antes referi, correspondem a uma visão subjetiva do que pode ser a História e a televisão. E essa subjectividade pode ser dispensada nestes momentos. A verdade é que não. Nenhum insulto, nenhum desrespeito. Apenas os factos se exigem. E eles só perturbam quem quer panegíricos. É que, perante a biografia de José Hermano Saraiva, parece-me difícil dizer, como disse o secretário de Estado da Cultura, que se tratava de um homem com um "espírito tolerante", ou, como disse Pedro Passos Coelho, que teve "um percurso cívico extraordinário". O que se pede é que, pelo menos, se fiquem, nos compreensíveis elogios que se fazem nestes momentos, por o que de bom havia para dizer sobre esta personalidade. Não reescrever a história é a primeira condição para prestar homenagem a um historiador.

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