terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Solidariedade com a luta do povo egípcio



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12 comentários:

  1. Egipto: Apoiantes de Mubarak carregam violentamente sobre manifestantes
    Partidários de Mubarak, polícias à paisana segunda a oposição, entraram na praça Tahrir e atacaram com violência os manifestantes que exigem a demissão do ditador. El Baradei diz que teme um “banho de sangue”.
    Artigo | 2 Fevereiro, 2011 - 16:56

    Praça Tahrir, 2 de Fevereiro de 2011 – Foto de Hannibal Hanschke/Epa/Lusa Um porta voz do exército fez uma declaração ao país na manhã desta quarta feira, onde referiu que os protestos foram escutados e pediu à população que deixe de se manifestar.

    Depois da declaração do exército, grupos pró-Mubarak entraram na praça Tahrir, ultrapassando os cordões do exército e do exército e carregaram violentamente sobre muitos manifestantes. Alguns membros desses grupos, que a oposição egípcia diz que são polícias não fardados, entraram montados em cavalos e camelos, empunhando chicotes e batendo com eles nas pessoas presentes na praça.

    O exército não interveio, apenas alguns soldados dispararam tiros para o ar e pediram calma através de megafones.

    Mohamed El Baradei denunciou que o regime de Mubarak prossegue com as suas “tácticas de terror” e afirmou: “Estou muito preocupado, é um novo sintoma, uma nova indicação de um regime criminoso cometendo actos criminosos. O meu receio é que isto se transforme num banho de sangue”.

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    Manifestantes continuam a exigir demissão imediata de Mubarak
    Depois da manifestação de dois milhões de pessoas no Cairo, o ditador falou ao país para dizer que quer manter-se no poder, mas que não se candidata às próximas eleições presidenciais. Manifestantes continuam protestos e oposição unida exige que ditador saia até sexta feira.
    Artigo | 2 Fevereiro, 2011 - 05:05

    Manifestantes na Praça Tahir no Cairo na noite de 1 de Fevereiro de 2011 – Foto de Hannibal Hanschke/EPA/Lusa Hosni Mubarak falou ao país pela televisão para dizer que quer manter-se no poder, que não se candidatará nas próximas eleições presidenciais marcadas para Setembro e promete o início imediato de uma transição, considerando que sem ele o país cairá no caos.

    O discurso foi recebido pelos manifestantes da praça Tahir no Cairo com apupos e gritos “Fora, Fora”. Milhares de manifestantes permaneceram na praça após o discurso e durante a noite, exigindo a saída imediata de Hosni Mubarak.

    Duas horas depois do discurso do ditador egípcio, o presidente dos Estados Unidos da América Barack Obama fez um discurso para pedir que a transição para a democracia no Egipto comece “agora”, não se pronunciou sobre a saída imediata de Mubarak, mas pediu ao exército egípcio que garanta que a mudança se processa de forma pacífica e ordeira.

    Os partidos da oposição a Mubarak, envolvendo os principais partidos da oposição incluindo a Assembleia para a Mudança de Baradei e a Irmandade Muçulmana, chegaram entretanto a um acordo, em que recusam negociações com Mubarak e exigem a sua saída até à próxima sexta feira. O acordo coloca ainda a exigência de formação de um Governo de unidade nacional, a dissolução do parlamento e a criação de uma Assembleia Constituinte, que fixe em dois o número máximo de mandatos do presidente. Os partidos da oposição designaram um grupo de 10 personalidades onde se incluem Mohamed el Baradei, Amr Musa, secretário geral da Liga Árabe, e o prémio Nobel da Química, Ahmed Zewail, que é professor nos Estados Unidos para realizar as conversações para a transição. Este grupo de 10 personalidades já terá tido conversações com o exército e predispõe-se a negociar com o número dois do regime, o vice-presidente Omar Suleiman.

    Se Mubarak não sair até sexta feira a oposição ameaça organizar uma manifestação, nesse dia, em direcção ao Palácio Presidencial.

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  3. Quem tem medo da democracia árabe?
    por Daniel Oliveira
    Na véspera de mais de dois milhões de egípcios se manifestarem nas ruas do Cairo para exigir democracia e eleições livres, Benjamin Netanyahu, que tem um radical de extrema-direita como ministro dos Negócios Estrangeiros, agitou o fantasma do fundamentalismo islâmico. Compreende-se o temor. Não pelo fundamentalismo, que poucas ou nenhumas possibilidades tem de chegar sozinho ao poder - assim como os partidos fundamentalistas religiosos de Israel só lá chegam à boleia do Likud. Aquilo que o primeiro-ministro israelita teme no Egito - mas também nos restantes países árabes - é mesmo a democracia.

    O governo israelita sabe, sempre soube, que alguém que dependa do voto do povo no Egito não poderá continuar a cumprir o papel de guarda prisional do gueto de Gaza. Sabe que se não fosse uma ilha democrática rodeada de ditaduras dificilmente poderia contar com as cumplicidades e os silêncios que o têm ajudado. Sabe que aos governos árabes que dependessem do voto não bastaria aceitar os fundos americanos para fechar os olhos à ocupação de um país que é seu aliado natural. Sabe que se há um consenso entre os árabes ele é a revolta perante aquela ocupação. E que esses governos fariam o mesmo que Israel faz: corresponderiam, um pouco que fosse, à vontade de quem o elegera.

    Com democracias no mundo árabe Israel seria obrigado a negociar. Seria obrigado a pensar duas vezes antes de autorizar a construção de colonatos em terra que não lhe pertence. Teria de pensar duas vezes antes de bombardear populações civis. Antes de encher terra alheia de muros e checkpoints. Israel sabe, sempre soube, que se os governos árabes tivessem a legitimidade do voto e respeitassem, eles próprios, os direitos humanos (incluindo os dos refugiados palestinianos) só teria um aliado na região: a Jordânia, que vive com o problema de uma gigantesca comunidade palestiniana que já supera a própria população jordana e que viu ontem o seu governo demitido. Fora ela, e mesmo assim com muita dificuldade, não haveria outro vizinho disponível para a extraordinária passividade árabe.

    O que assusta Netanyahu é o mesmo que assusta a Casa Branca: sem tiranetes que precisam de uma mão externa para se manter no poder os países árabes teriam uma palavra a dizer sobre o que acontece na sua própria região. Compreende-se a preocupação do governo israelita. Se a democracia se instalasse no Egito - por vontade popular e não à bomba, como se quis no Iraque - e o dominó das ditaduras continuasse a cair tudo seria diferente. Bem mais difícil para quem se habituou a agir na mais absoluta das impunidades.

    Publicado no Expresso Online

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  4. Egipto – Barril de pólvora e petróleo à mistura
    2 de Fevereiro de 2011 | Escrito por Carlos Esperança |

    Assegurada a neutralidade do exército, a dimensão e o alvoroço das manifestações têm aumentado no Cairo e em Alexandria para exigir a demissão de Mubarak.

    Quem pode ficar triste com o fim de uma ditadura corrupta e repressiva de trinta anos? Só a clique que detinha o poder e dele beneficiava, incluindo os militares que, agora, perante a força das manifestações populares, se declaram neutros depois de terem sido o sustentáculo do regime.

    Depois da Tunísia, a legítima insurreição popular alastra pelo Magrebe e propaga-se ao Médio Oriente. Parece uma lufada de ar fresco a limpar as páginas bafientas do Corão e a remeter a fé para as mesquitas, mas as coisas nunca são assim tão simples.

    A agitação nos países islâmicos está longe de trazer consigo a Reforma, de ser o início de uma breve Guerra dos Trinta Anos com a paz de Vestefália ao dobrar da esquina. Os defensores da ortodoxia religiosa nunca se submeteram pacificamente nem deixaram de tentar recuperar o anterior estatuto depois de qualquer derrota.

    Recordo-me bem da simpatia com que assisti ao derrube do Xá no Irão e partilhei com o povo persa a alegria da chegada do aiatola Khomeini em 1979. Só e 1 de Maio de 1974 tinha sentido uma euforia assim, em Lisboa, e, nem por momentos, pensei que a religião pudesse transformar o alvor de uma democracia no cemitério de todas as liberdades.

    Espero que a luta das ruas não converta o Egipto na coutada da Irmandade Muçulmana, que Baradai se não transforme no seu instrumento, que a juventude não troque as ruas pelas mesquitas. “Queremos derrubar o regime” e “Mubarak, o funeral é em Telavive” são slogans que coexistem na euforia das manifestações. Apesar das tropelias sionistas não fazem falta incendiários anti-semitas nem devotos que sobrelotem as mesquitas e abram madraças onde se apela ao ódio e à xenofobia.

    O destino do proselitismo joga-se no Egipto. A promessa de eleições em Setembro é a patética expectativa de Mubarak convencido de que uma promessa pára uma revolução em movimento.

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  5. Apoiantes de Mubarak carregam violentamente sobre manifestantes
    Partidários de Mubarak, polícias à paisana segunda a oposição, entraram na praça Tahrir e atacaram com violência os manifestantes que exigem a demissão do ditador. Oposição mantém protestos, El Baradei diz que teme um “banho de sangue”.
    Artigo | 2 Fevereiro, 2011 - 16:56

    Praça Tahrir, 2 de Fevereiro de 2011 – Foto de Hannibal Hanschke/Epa/Lusa Um porta voz do exército fez uma declaração ao país na manhã desta quarta feira, onde referiu que os protestos foram escutados e pediu à população que deixe de se manifestar.

    Depois da declaração do exército, grupos pró-Mubarak entraram na praça Tahrir, ultrapassando os cordões do exército e do exército e carregaram violentamente sobre muitos manifestantes. Alguns membros desses grupos, que a oposição egípcia diz que são polícias não fardados, entraram montados em cavalos e camelos, empunhando chicotes e batendo com eles nas pessoas presentes na praça. O exército não interveio, apenas alguns soldados dispararam tiros para o ar e pediram calma através de megafones. Nos confrontos já morreu uma pessoa e há centenas de feridos.

    Os protestos mantêm-se com o apoio da oposição.

    Mohamed El Baradei denunciou que o regime de Mubarak prossegue com as suas “tácticas de terror” e afirmou: “Estou muito preocupado, é um novo sintoma, uma nova indicação de um regime criminoso cometendo actos criminosos. O meu receio é que isto se transforme num banho de sangue”.

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  6. Bloco saúda revolução democrática em países do mundo árabe
    Francisco Louçã saudou nesta quarta feira a “extraordinária revolução democrática” nos países do mundo árabe e salientou que espera que não haja ingerências.
    Artigo | 2 Fevereiro, 2011 - 19:52

    Manifestação no Cairo, 25 de Janeiro de 2011 – Foto Frame Maker/flickr “Estamos a viver, primeiro na Tunísia, depois no Egipto, e noutros países do mundo árabe uma extraordinária revolução democrática e espero que não haja ingerências como aquelas que têm vindo a ser sugeridas”, afirmou Francisco Louçã, à comunicação social, após uma audiência com o primeiro ministro sobre a próxima cimeira europeia.

    Segundo a agência Lusa, Francisco Louçã disse ainda: “Percebo que para o Governo dos Estados Unidos, para governos de estados europeus, ter alguns líderes controláveis à frente de regimes ditatoriais ou de regimes anti-democráticos em países árabes seja um bom instrumento para manter uma paz feita de tantas vítimas, de tantas guerras”.

    A concluir, o coordenador da comissão política do Bloco de Esquerda, acrescentou, “pelo contrário, esta aspiração democrática nova destes países é uma esperança para o mundo, é um esperança para a Europa e é a garantia que povos oprimidos têm o direito a dizer de sua justiça”.

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  7. Quarenta séculos de história nos contemplam
    Temporária, a luz das revoluções é um prodígio de clareza. É a negação do sofrimento. É a exigência da dignidade. É a tenaz da razão, a impor as evidências.

    opiniao | 3 Fevereiro, 2011 - 02:40 | Por Alice Brito
    Lead:
    Temporária, a luz das revoluções é um prodígio de clareza. É a negação do sofrimento. É a exigência da dignidade. É a tenaz da razão, a impor as evidências.

    As revoluções são estratégias da História. São furacões de vida colectiva.

    Nós, portugueses, guardamos na memória o espanto dos dias em que a ditadura caiu e a facilidade da força toda que fomos capazes de usar nessa queda.

    Há gerações que não conhecem o fascínio de um só dia em que décadas se esvaem e esboroam de tão secas e imprestáveis. O poder que parecia inabalável escoa-se de repente para o esgoto do passado sofredor.

    Podemos emprestar memórias, legar testemunhos, certificar as gratas recordações das horas que correram. Mas nós, os que continuamos no mesmo lado, nunca venderíamos os direitos sobre os dias únicos, sobre essa indizível experiência do assombro, sobre essa sensação única de ouvir o estatelar da ditadura na rua, na rua que de repente se fez nossa. Essa panóplia de traquejos e passos para chegar a outro lado é inalienável.

    Quando os povos se perguntam sobre a vida, ficam com um olhar pontiagudo e táctil que percorre memórias e inventa e ensaia e treina outras formas de estar e sentir os dias. Muitos, quase todos, perdem o ar de animais feridos, abandonados na maldade da miséria. Perdem o ar de quem deu guarida ao desespero e ao medo, que passam a ser palavras banidas, rançosas, palavras para deitar fora. Comparecem, então, pontualmente, fagulhas de urgência vindas do fogo espevitado das horas. Há beijos no ar dados por lábios em brasa, e também algumas penas provenientes, possivelmente, de uma qualquer asa de anjo que por ali passou, gostou do que viu, e na brincadeira tonta em que dançou, sofreu algum apertão de um bando de gente que se juntou na premência da procura da felicidade.

    E depois há luz no ar mesmo que tudo se passe à noite e as estrelas se mostrem avaras. Tudo isto pode parecer romântico mas não é.

    Porque o cheiro de o tempo que há-de vir paira como uma grande nuvem sobre os países que saem daquele sufoco e querem finalmente respirar.

    Os regimes na antevisão da queda começam então a ter grandes cólicas nas entranhas, convulsões de traidores medrosos, pânicos suados e trémulos, medo, o medo é, aliás, o eterno convidado de todos os processos de deposição.

    Porque os depostos pela chama de milhões têm perfeita consciência do que fizeram; sabem das prisões e da tortura; sabem do atarraxar das liberdades; sabem dos roubos, manigâncias, corrupções, clientelas, sabem da miséria que foi a grande pagadora da sua vida tão boa quanto cruel.

    Os grandes aliados destas fábricas sinistras de mau viver começam nestas alturas a virar o bico ao prego e a mandar as sólidas solidariedades canalhas para o galheiro. Fazem-se de lucas, assobiam para o ar afectando inocências, desejam felicidades e adeus que se faz tarde.

    Já era tarde há muito. Tão tarde, que ainda é cedo para perceber o que virá dali. Mas o que agora ali está, já está.

    Foi obra da mão do tempo. O tempo é gente.

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  8. Pressão Internacional, sff
    Quarta-feira, 2 de Fevereiro de 2011


    Apesar de decadente e de observado em directo em todo o mundo, o regime de Mubarak não se coibiu de impulsionar a onda de violência que hoje varreu o país. Resta esperar que a pressão internacional faça agora o seu papel, apoiando fortemente as forças pró-democracia. Mubarak tem de perceber que se encontra num beco sem saída.

    Read more... Publicada por João Ricardo Vasconcelos

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  9. E quando tanto se fala do Egipto, ler, ler sempre, ler muito

    Porque Como um Verão Que Não Voltará, de Mohamed Berrada, talvez ajude a perceber que "há mais coisas no céu e na terra do que aquelas com que sonha a nossa filosofia".

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  10. Egipto: a aproximação de um ponto crítico
    A próxima 6ª f, amanhã, está apontada como a de uma nova grande prova de força do protesto popular.
    O vice-presidente Omar Suleiman, chefe das secretas egípcias, há dias nomeado para esta nova função por Mubarak é um homem que se entendeu particularmente bem com a CIA dos EUA e a Mossad de Israel, para que o Egício contribuísse para a estratégia de ambos.
    É por isso um homem poderoso e bem aceite por ambas as administrações destes países para garantir "mudanças controladas" que poderiam deixar o país na mesma. Quer os EUA quer Israel receiam qualquer outra solução. Do apoio inicial de ambos a Mubarak poderão agora ir até aí: ser a estrutura da ditadura a conduzir o processo que se segue.
    Mas não é isso que o povo egípcio pretende.
    Por isso as forças repressivas montaram ontem uma provocação, a partir de elementos seus, que mataram vários manifestasntes anti-Mubarak, nas barbas da polícia que só interviu quando esses elementos foram escorraçados da Praça da Libertação, para os protegerem, criando uma zona tampão. Toda a gente pôde ver através da CNN o linchamento por esse bando de alguns populares que exibiram num viaduto como exemplos... A ausência no terreno de estruturas do Estado de apoio a pessoas agredidas é ilustrativo da natureza do regime.
    Esta provocação tem por objectivos criar receios, "justificar" novas intervenções policiais e do exército contra a oposição ao regime, criar a idéia de que há dois campos.
    Omar Suleimam fez saber que irá falar em breve. É evidente que o que vai dizer não corresponderá às exigências dos manifestantes.
    No plano internacional os grandes media fizeram circular outros motivos de medo. O eventual encerramento do Canal do Suez com os correspondentes efeitos negativos sobre o comércio mundial. E a subida do preço do petróleo numa base especulativa face a esse "receio"...Mas, são os manifestantes que poderão ou terão interesse nesse desenvolvimento? Claro que não.
    Publicada por António Abreu

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  11. A velha sabedoria em novas antenas


    Os tempos modernos não começam de uma vez por todas.
    O meu avô já vivia numa época nova.
    O meu neto talvez ainda viva na antiga.

    A carne nova come-se com velhos garfos.
    Época nova não a fizeram os automóveis
    nem os tanques
    nem os aviões sobre os telhados
    nem os bombardeiros.

    As novas antenas continuaram a difundir as velhas asneiras
    A sabedoria continuou a passar de boca em boca.

    Bertolt Brecht, Os tempos modernos


    Publicado por [Rick Dangerous]

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  12. Animal ferido
    por Daniel Oliveira
    Nada mais perigoso do que um animal que luta pela vida. E é isso que a besta agonizante que durante anos oprimiu os egípcios está a fazer: a lutar pela vida. Não abandonará o poder sem deixar um rasto de destruição no seu caminho. E sabendo que ainda está muito em aberto lançou os seus cães de guarda nas ruas do Cairo.



    Hosni Mubarak sabe que só tem uma possibilidade de se salvar: lançando um caos no País. Espera que o caos político, social e económico assuste muitos egípcios, que perante a incerteza da democracia optam pela segurança da ditadura.



    Espera que os militares acabem por aceitar que o regime desabará com ele. Não é um pormenor. Os generais fazem parte da oligarquia que se alimenta da ditadura. Querem salvar o que der para salvar das suas vantagens, não hostilizando o povo e tutelando a transição. A oposição parece aceitar que essa talvez seja a única forma de chegar a bom porto sem um banho de sangue. Mubarak quer deixar claro que só o defendendo o podem garantir. Os militares esperam quietos. Até porque a violêcia lhes poderá dar argumentos para travar o processo democrático e serem eles a decidir sozinhos quem sucede a Mubarak.



    E, por fim, quer assustar a comunidade internacional. O Egito é uma das maiores potências da região. Fundamental para todos os equilíbrios. Se a isso juntarmos o Suez e a fronteira com Israel, percebemos porque ninguém quer ali um Estado ingovernável. E Mubarak precisa de exibir ao mundo toda a violência. Dizer: sem mim, é isto que terão.



    A tática de Mubarak não é nova. Esperemos que os egipcios consigam resistir à sua selvajaria. O que se joga ali não é apenas importante para eles. É importante para todos nós. Um Mundo Árabe democrático é o único travão eficaz aos que, no Ocidente e nos países islâmicos, apostam no choque de civilizações.

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