domingo, 29 de maio de 2011

A velha arte da manipulação da realidade

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Uma das escribas do blogue Jugular resolveu, através de uma foto, emitir o seu statement sobre a acampada do Rossio.
Ignorando tudo o que por lá se tem passado, a autora do post reduz a realidade a um fragmento tendencioso, falso e intencionalmente manipulador.

Deduzimos que a autora da foto, secundada pelos seus comparsas de blogue, se sinta perfeitamente confortável, estabelecida  e socialmente reconhecida nesta democracia representativa. Deduzimos também que o seu conceito de democracia remonte à antiguidade grega, onde tudo se encontrava socialmente ordenado, organizado e limpo, graças ao trabalho escravo dos que não contavam para a "democracia". 

Acontece que os escravos da Grécia Antiga continuam a existir hoje em dia, sob muitas outras formas e denominações sociais, sem que isso cause qualquer incómodo ou sobressalto a quem se entretém a manipular a realidade com evidente e óbvia má-fé.
Acontece também que os "novos escravos" por vezes revoltam-se, reúnem-se para discutir ideias (mesmo que imperfeitas), juntam-se para protestar e reivindicar, dispõem-se a sair à rua, mobilizam-se e disponibilizam-se para ocupar o espaço público.
A escriba da Jugular, exemplar perfeito desta gente que se diz de esquerda e que,  sem saber muito bem porquê, nunca desfilou no 25 de Abril (confessa a autora em pose ingénua), tem na realidade um problema com o espontâneo, o imperfeito, o colectivo... Tem, no fundo, um problema com a rua e o povo.

E como o assunto não merece muito mais dispêndio de tempo, ficamo-nos por um pequeno vídeo que demonstra como a velha arte da manipulação da realidade tem raízes profundas ali para o Largo do Rato, local onde os escribas da Jugular encontram certamente a sua "democracia verdadeira": 
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4 comentários:

  1. Mais jardins, menos molduras
    Aquela foto não diz nada sobre o Rossio nem sobre o que de lá poderá ou não sair mas diz muito sobre a Fernanda Câncio e as suas escolhas. ela é livre de mostrar a sua face e assim o fez, deixando pouca margem para dúvidas, o que é louvável e deve ficar na nossa memória. da minha parte acho que não se deve dar tanta importância ao post mas alguns dos comentários e discussões que dali brotaram são mesmo flores num monte de lixo. não querendo menosprezar todos os que se esforçaram em tentar algum tipo de diálogo no meio daqueles comentários irónicos cheios de bom humor e que devem ter sido ensinados na assembleia popular de um qualquer guru da auto-ajuda, e por favor não estraguem toda aquela alegria, acho que esta frase da Joana Manuel deve ocupar um lugar mais alto: "Eu prefiro regar cravos do que secá-los e pendurá-los na parede em molduras. Mas vocês é que sabem... façam bom-proveito."

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  2. A democracia ou é gourmet ou não é, diz a Fernanda Câncio

    por Zé Neves



    A Fernanda Câncio resolveu passar pelo Rossio e tirar esta fotografia. Deu ao post um título em qeu sugere que aquilo é o que se está a passar no Rossio. Depois, na caixa de comentários, diz- que aquilo é só uma parte e que não está a procurar fazer essa parte pelo todo.

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  3. Os brioches de Fernanda Câncio
    Publicado em 29/05/2011 por João José Cardoso

    Quando a multidão do 12 de março se juntar à ideia de que a rua é nossa, ocupada a tempo inteiro até à mudança, quando a elite do regime tremer porque os desempregados, e muitos dos precários descobriram na Tunísia uma fórmula de mudar o regime, quando os que durante estes anos alimentaram a corrupção, as negociatas, os especuladores, as famílias donas de Portugal, a democracia bipartidária + 1 (alimentada pela comunicação social com as diárias mentiras repetidas de tal forma que um empréstimo com juros elevados se chama ajuda), quando as coisas ficarem mesmo pretas, quando lhe cair uma verdadeira democracia em cima, Fernanda Câncio, a empregada do amigo Oliveira, publicará uma foto com o título


    “Não têm pão comam brioches”

    ou talvez não. De qualquer forma Maria Antonieta, no seu tempo, ao que parece, também não a disse.

    Leitura recomendada: O dia em que a Madame Mubarak desce à Praça Tahir de Lisboa

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  4. "Fernanda Câncio e os malefícios do alcoolismo"

    por Luis Rainha

    Aquilo até parece ser água. Nem é dela. E, a bem da verdade, o fotógrafo é que deve ter ingerido uns valentes copos. Mas um post com este título não seria muito diferente da última incursão da mlle. Câncio nos domínios da manipulação, da mentira e da demagogia barata.

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