domingo, 11 de novembro de 2012

A Merkel não manda aqui!

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Dia 12 de Novembro, Angela Merkel vem a Portugal.

E Angela Merkel representa a Europa da austeridade, a Europa nas mãos do poder financeiro, a Europa dos directórios, do poder político não sufragado, a Europa cada vez mais sujeita a instâncias internacionais que promovem a destruição das nossas economias e sociedades. Angela Merkel é uma das figuras de proa da ideologia que nos impõe a pobreza, o desemprego, a precariedade e a destruição do estado social, tendo a troika e os governos troikistas como armas....

Não admitimos que outros decidam por nós. Não aceitamos que os nossos governos aceitem que nos destruam a todos para favorecer alguns. Recusamos em absoluto que as decisões sejam tomadas por quem não elegemos, mesmo quando quem elegemos se submete de bom grado a decisões que, pura e simplesmente, nos destroem.

Angela Merkel simboliza tudo isto. Por isso, queremos deixar muito claro que não manda aqui. Nunca votámos nela. Recusamos a austeridade que quer impor à Europa, como rejeitamos os governos que a aceitam.

Por tudo isto, vamos dizer-lhe, muito claramente: Fora Daqui!

Saindo do Largo do Calvário às 13h, seguiremos até Belém onde expressaremos claramente que a Merkel Não Manda Aqui!
 
 
Nota: Para além do protesto dinamizado pelo movimento Que se lixe a troika! existem outras acções agendadas para amanhã, incluindo a iniciativa Panos pretos contra a troika! e concentrações organizadas pela CGTP em Lisboa, Porto, Braga e Faro.
 

sábado, 10 de novembro de 2012

Bardamerkel





Bardamerkel (do pobre Beethoven) - Coro da Achada

Bardamerkel
bardamerkel
bardamerkel
bardamer...

... da finança é marioneta
lacaia do capital
bardamerkel
bardamerkel
essas contas cheiram mal

do banqueiro é amiguinha
ai a santa austeridade
bardamerkel
bardamerkel
erro de contabilidade

o cavaco faz-lhe uma vénia
dá-lhe prendas de natal
bardamerkel
bardamerkel
autoclismo é essencial

ei-lo agora D. Coelhinho
primeiro de portugal
bardamerkel
bardamerkel
de joelhos serviçal

vens-me ao bolso, apertas-me o cinto
e já se vê o fundo ao tacho
bardamerkel
bardamerkel
acho que vais água abaixo

pensámos fazer-te uma vaia
mas talvez o avião caia
bardamerkel
bardamerkel
não somos da tua laia

pró coelho uma cenoura
e o chicote anda de fraque
bardamerkel
bardamerkel
tu não vales mais que um traque

ela passa aqui de visita
faz a notícia do jornal
bardamerkel
bardamerkel
sê mal vinda ao curral


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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Qual a diferença entre a Susaninha e a Isabel Jonet?

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Amanhã




Carta aberta a Angela Merkel

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Cara chanceler Merkel,

Antes de mais, gostaríamos de referir que nos dirigimos a si apenas como chanceler da Alemanha. Não votámos em si e não reconhecemos que haja uma chanceler da Europa. Nesse sentido, nós, subscritores e subscritoras desta carta aberta, vimos por este meio escrever-lhe na qualidade de cidadãos e cidadãs. Cidadãos e cidadãs de um país que pretende visitar no próximo dia 12 de Novembro, assim como cidadãos e cidadãs solidários com a situação de todos os países atacados pela austeridade. Pelo carácter da visita anunciada e perante a grave situação económica e social vivida em Portugal, afirmamos que não é bem-vinda. A senhora chanceler deve ser considerada persona non grata em território português porque vem, claramente, interferir nas decisões do Estado Português sem ter sido democraticamente mandatada por quem aqui vive.

Mesmo assim, como o nosso governo há algum tempo deixou de obedecer às leis deste país e à Constituição da República, dirigimos esta carta directamente a si. A presença de vários grandes empresários na sua comitiva é um ultraje. Sob o disfarce de "investimento estrangeiro", a senhora chanceler trará consigo uma série de pessoas que vêm observar as ruínas em que a sua política deixou a economia portuguesa, além da grega, da irlandesa, da italiana e da espanhola. A sua comitiva junta não só quem coagiu o Estado Português, com a conivência do governo, a privatizar o seu património e bens mais preciosos, como potenciais beneficiários desse património e de bens públicos, comprando-os hoje a preço de saldo.

Esta interpelação não pode nem deve ser vista como uma qualquer reivindicação nacionalista ou chauvinista – é uma interpelação que se dirige especificamente a si, enquanto promotora máxima da doutrina neoliberal que está a arruinar a Europa. Tão pouco interpelamos o povo alemão, que tem toda a legitimidade democrática para eleger quem quiser para os seus cargos representativos. No entanto, neste país onde vivemos, o seu nome nunca esteve em nenhuma urna. Não a elegemos. Como tal, não lhe reconhecemos o direito de nos representar e menos ainda de tomar decisões políticas em nosso nome.

E não estamos sozinhos. No próximo dia 14 de Novembro, dois dias depois da sua anunciada visita, erguer-nos-emos com outros povos irmãos numa greve geral que inclui muitos países europeus. Será uma greve contra governos que traíram e traem a confiança depositada neles pelas cidadãs e cidadãos, uma greve contra a austeridade conduzida por eles. Mas não se iluda, senhora chanceler. Também será uma greve contra a austeridade imposta pela troika e por todos aqueles que a pretendem transformar em regime autoritário. Será, portanto, uma greve também contra si. E se saudamos os nossos povos irmãos da Grécia, de Espanha, de Itália, do Chipre e de Malta, saudamos também o povo alemão que sofre connosco. Sabemos bem que o Wirtschaftswunder, o “milagre económico” alemão, foi construído com base em perdões sucessivos da dívida alemã por parte dos seus principais credores. Sabemos que a suposta pujança económica alemã actual é construída à custa de uma brutal repressão salarial que dura há mais de dez anos e da criação massiva de trabalho precário, temporário e mal-remunerado, que aflige boa parte do povo alemão. Isto mostra também qual é a perspectiva que a senhora Merkel tem para a Alemanha.

É plausível que não nos responda. E é provável que o governo português, subserviente, fraco e débil, a receba entre flores e aplausos. Mas a verdade, senhora chanceler, é que a maioria da população portuguesa desaprova cabalmente a forma como este governo, sustentado pela troika e por si, está a destruir o país. Mesmo que escolha um percurso secreto e um aeroporto privado, para não enfrentar manifestações e protestos contra a sua visita, saiba que essas manifestações e protestos ocorrerão em todo o país. E serão protestos contra si e aquilo que representa. A sua comitiva poderá tentar ignorar-nos. A Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu podem tentar ignorar-nos. Mas somos cada vez mais, senhora Merkel. Aqui e em todos os países. As nossas manifestações e protestos terão cada vez mais força. Cada vez conhecemos melhor a realidade. As histórias que nos contavam nunca bateram certo e agora sabemos serem mentiras descaradas.

Acordámos, senhora Merkel. Seja mal-vinda a Portugal.
 
 
Nota: A carta aberta a Angela Merkel, acima transcrita, pode ser subscrita em carachancelermerkel.blogspot.pt
 
 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A nossa luta é internacional




 
Comício Internacional "Vencer a Troika"
sexta-feira, 09 de Novembro, 21h30
Pavilhão do Casal Vistoso - metro Areeiro - Lisboa
 
Com Cayo Lara (Izquierda Unida), Alda Sousa (Bloco de Esquerda), Gabriele Zimmer (Die Linke), Francisco Louçã (Bloco de Esquerda), Jean-Luc Mélenchon (Parti de Gauche), Marisa Matias (Bloco Esquerda) e Alexis Tsipras (Syriza).
 
 
Mais informações, incluindo mapa com a localização do local onde decorrerá o comício, disponíveis em Esquerda.net.
 
 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Depois da crise, a miséria


 
 
 
 
 

Sigur Rós - the valtari mystery film experiment - film #4: rembihnútur








rembihnútur - film by arni & kinski
 
 

Respira





terça-feira, 30 de outubro de 2012

Amanhã, todos a São Bento!


 

 
No dia 15 de Setembro juntámos as vozes e reclamámos, por todo o país, o nosso legítimo direito de dizer BASTA! Fomos um milhão. Juntos, cidadãos e cidadãs com ou sem partido, movimentos sociais e organizações sindicais, unidos pela força da razão, gritámos contra a Troika e todos os governos que, a seu mando, impõem medidas criminosas e austeritárias. A TSU recuou. Mas o governo, aliado do terrorismo financeiro, continuou o seu ataque, como seria de esperar. O Orçamento para 2013 é a arma agora encontrada ...
e apontada a nós, para continuar a destruir as nossas vidas.
Na rua, exercendo um acto de cidadania e de revolta, nós também não desistimos. Não desistimos da vontade legítima de recusar a prepotência, o engano e a mentira, de recusar o fim daquilo por que gerações lutaram e conquistaram e que é nosso: trabalho com direitos, sistema nacional de saúde, escola pública, a arte, a cultura. No dia 13 de Outubro, por todo o país, centenas de profissionais das artes do espectáculo juntaram a sua à nossa voz e gritaram também QUE SE LIXE A TROIKA! Cultura é resistência.
Não desistimos.
Somos, todos e todas, desempregados, actores sem companhia, trabalhadores dos estaleiros de Viana, sem-abrigo, operários e operárias sem fábrica, estudantes sem bolsa, alunos sem pequeno-almoço, precários, reformados, pensionistas. Somos, todas e todos, estivadores a lutar pelos nossos portos, professores sem contrato e sem colocação, enfermeiros sem hospital, investigadores sem laboratório. Somos, todos e todas, migrantes. E acreditamos todos que este Orçamento não é inevitável. E sabemos, todos e todas, que a vontade é a nossa vontade e que a força é a nossa força.
Não desistimos e juntamos, de novo e quantas vezes forem precisas, as nossas vozes, para gritar que ESTE ORÇAMENTO NÃO PASSARÁ!
O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO!

No dia 31 de Outubro, a partir das 15 horas, concentramo-nos em frente à Assembleia da República, onde estará a ser votado na generalidade um Orçamento que nada resolve e a todos esmaga. Vamos, ao longo da tarde, em ruído e grito contínuos, votar contra este orçamento!
NÓS VOTAMOS CONTRA! E TU?
Às 19 horas, concentrados em frente à Assembleia ou onde quer que seja, todas e todos, com buzinões, batendo tachos e panelas, vamos gritar, pelo país inteiro e em uníssono, que vetamos este Orçamento.
ESTE ORÇAMENTO NÃO PASSARÁ!


No dia 14 de Novembro, em Portugal, Espanha, Grécia, Chipre, Malta, estaremos em Greve Geral!
A NOSSA LUTA É INTERNACIONAL!

Dividiram-nos para nos oprimir. Juntemo-nos para nos libertarmos!

  
 
 



domingo, 14 de outubro de 2012

Concentração: Cerco a S. Bento! Este não é o nosso Orçamento!

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Este não é o nosso Orçamento!

É cada vez mais evidente - a não ser para um governo que segue fanaticamente, e sem olhar a meios, o programa da Troika - que este caminho não nos serve. Temos saído repetidamente à rua para exigir que sejamos ouvidos, para mostrar que estamos indignados com tanta insensibilidade social e com tantos jogos políticos que conduzem sempre ao mesmo resultado: mais pobreza, mais desemprego, mais precariedade, mais desigualdade social, mais austeridade, menos futuro!
Saímos à rua porque é nela que mora a última esperança de liberdade quando os governos se tornam cegos, surdos e mudos face às justas exigências de igualdade e justiça social. Saímos à rua porque estes governos apenas se preocupam com a aplicação suicida de políticas pensadas para proteger os mais ricos e os interesses financeiros. Voltaremos a sair à rua em Portugal, em Espanha, na Grécia e em tantos outros lugares pelas mesmas razões essenciais: queremos uma economia virada para as pessoas, uma democracia com direitos para todos e todas sem discriminações e um planeta onde possamos coexistir de forma sustentável e cooperante.

Se o povo quiser, o povo decide, por isso vamos para a rua a 15 de Outubro dizer de forma clara e definitiva que recusamos o retrocesso social imposto, que este não é o caminho e que queremos uma vida digna. Queremos recuperar a nossa responsabilidade sobre o nosso futuro. Governo para a rua já!

Em Portugal, como em Espanha, cerquemos o Parlamento!
 
 


 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Amanhã, a Cultura junta-se à Resistência

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No espírito das mais recentes mobilizações populares, um conjunto alargado de profissionais do mundo da cultura juntou-se a alguns dos subscritores do apelo às manifestações dos dias 15 e 21 de Setembro, sob o lema «Que se lixe a troika! Queremos as nossas Vidas» para lançar um grande evento cultural.
Há nesta altura um aumento da percepção da grave situação em que se encontra o país, sendo cada vez mais evidente e urgente a necessidade de outras perspectivas. A cultura é imprescindível para a consciência de um povo, e é essa própria consciência que por sua vez cria e dá conteúdo à cultura. Os profissionais da cultura não são excepção à situação exasperante em que o país e o mundo se encontram actualmente: é imprescindível reagir, é impensável não o fazer. Do encontro de vontades nascido nas mais recentes mobilizações surgiu a ideia de uma expressão cultural, uma manifestação marcadamente baseada nas artes e no espectáculo para contestar a austeridade e os seus implementadores: governo e troika.
O dia 13 de Outubro será um dia de protesto internacional, o Global Noise, em que esta iniciativa também se insere. Será um marco histórico e cultural, trazendo da rua para a arte e da arte para a rua toda a energia que as percorre. Será um dia cheio de eventos, de música, dança, teatro, poesia, pintura e todas as formas de arte que materializem o espírito de insubmissão que se sente em todo o país.

Cultura é Resistência!
Que se lixe a Troika! Queremos as nossas Vidas!
 
 



Para além de Lisboa, encontram-se agendados protestos no Porto, Braga, Aveiro, Coimbra, Faro, Santarém, Setúbal e noutras cidades do país.
A listagem completa dos eventos pode ser consultada em: queselixeatroika15setembro.blogspot.pt


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Amanhã, às 15 horas, todos ao Terreiro do Paço!


 
 

Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas! - Comunicado e apelo à participação na manifestação de Sábado

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Quando o país esperava que o Conselho de Estado o percebesse, este fechou os olhos. Para quem se manifestou a 15 de Setembro e esteve nas vigílias de 21 de Setembro, os problemas deste país não se resolvem pelo facto de o governo passar a tirar-nos de outra maneira aquilo que nos roubava na TSU. Ao conquistarem as ruas das suas cidades sob o lema “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!”, centenas de milhares tomaram uma posição firme de denúncia de um programa, o da troika, de um governo, o dos troikistas, e de um método anti-democrático, o de sujeitar a população portuguesa a politicas que as pessoas não discutiram nem votaram.

Os resultados comunicados ao país, após mais de oito horas de reunião, apenas sugerem, sem concretizar, um possível recuo na subida da TSU para os trabalhadores. Não nos congratulamos por isso: consideramos grave a avaliação de que sem o protesto cívico não se teria alterado sequer esta aberrante medida. Congratulamo-nos, antes, pelos milhares de pessoas que fizeram exercício da sua participação política, muitas intervindo pela primeira vez e muitas outras reiterando protestos desencadeados em diversos sectores da sociedade, face aos sucessivos cortes nos rendimentos do trabalho e nas reformas, na Saúde, na Educação, na Cultura, as privatizações das companhias fornecedoras de gás e electricidade, os consequentes aumentos de preço e do IVA, o agravamento de custos e as limitações às redes dos transportes públicos. Os problemas do país não se resolvem com estas medidas de austeridade. A resolução passa por dar voz ao povo, para que decida em conjunto como garantir um país justo, defendendo os interesses de quem cá vive e trabalha e invertendo cruéis assimetrias em prol de subservientes acordos assumidos com a troika.

O Conselho de Estado – em que não se garante, de maneira alguma, uma verdadeira representação do espectro político português – revelou os mesmos defeitos de cegueira e surdez à voz do povo, característicos do governo, desrespeitando e reinterpretando a seu gosto estes últimos e inequívocos protestos, num texto paupérrimo e vazio, uma manobra de bluff político. Confirmámos assim que não é apenas o governo quem vira as costas ao seu povo. O incansável protesto da multidão demonstrou que, nitidamente, também o Presidente da República perdeu por completo o respeito dos cidadãos e das cidadãs que vivem e trabalham neste país.

É por isso necessário que continuemos a protestar. É cada vez mais urgente traçar um novo rumo. Um rumo que tenha finalmente as pessoas como centro das atenções, e não bancos e mercados ou interesses financeiros e especulativos. Um rumo que reforce a participação democrática e cidadã e não nos limite a vulgares espectadores de uma tragédia colectiva, ditada de gabinetes e de bolsas. Um rumo que aponte para uma verdadeira solidariedade internacional, numa mudança de regime que beneficie todos os povos, e que começa cada vez mais a ser desenhado por plataformas e acções que apelam à convergência cívica em vários países e designadamente à construção de uma nova Europa. Ao contrário do primeiro-ministro Passos Coelho que considerou ser de menor importância uma reunião de governos de Itália, Grécia, Espanha e Irlanda e Portugal para discutir as politicas europeias, nós achamos fundamental que os povos da Europa ajudem a traçar políticas para desenvolver a economia e o emprego em vez de planos para garantir e multiplicar os lucros dos especuladores e agiotas que jogam com as dívidas soberanas.

Consideramos ainda premente, para o nosso país e para as nossas vidas, que as cidadãs e os cidadãos esqueçam eventuais e pontuais divergências e se unam, se solidarizem e se juntem a outras forças organizadas e aos movimentos que recusam este rumo, numa frente de resistência comum. Apelamos por tudo isto à participação massiva no protesto entretanto convocado pela CGTP-Intersindical para o próximo sábado, dia 29 de Setembro. Juntos reclamaremos esse novo rumo, que inverta totalmente a sujeição do governo aos joguetes políticos de entidades não sufragadas, que cinicamente nos impõem “ajudas” com juros fatais e sacrifícios que jamais ousariam sequer imaginar para si próprios. Um rumo onde não cabem a troika nem os troikistas.

Queremos as nossas vidas.
E por elas estamos dispostos a fazer, em cada dia de luta, em cada novo protesto, algo de extraordinário.
 

 

sábado, 22 de setembro de 2012

Acordai





Sejamos cães raivosos

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Como bem escreveu Joana Lopes, ontem o povo foi ignorado pelo Conselho de Estado. Após oito horas, o comunicado lido no final da reunião é um insulto ao milhão de cidadãos que, no passado sábado, se manifestou em todo o país e aos milhares que protestaram ontem em Belém.
De Cavaco Silva, e da sua entourage política e privada, só poderemos esperar sempre o pior. No entanto, o comunicado de ontem é um escarro na cara de todos aqueles que diariamente pagam uma crise pela qual não são responsáveis, de todos os que recusam estas opções políticas e económicas, de todos os que rejeitam a inevitabilidade das medidas austeritárias que nos são impostas por este governo e por uma UE exangue e lacaia dos ditames neoliberais.
 
Se o 15 de Setembro marcou um ponto de viragem, o dia de ontem não foi menos simbólico e significativo. É agora claro, para um número crescente de cidadãos, que a única forma de combater a troika e os troikistas passa pela intensificação das formas de luta a nível nacional e internacional. Neste combate todos seremos poucos, dos partidos anti-troika aos movimentos sociais, dos reformados aos estudantes, dos sindicatos aos desempregados, dos trabalhadores do sector público aos do sector privado. Apenas em uníssono conseguiremos derrotar esta direita que, dia após dia, nos condena ao abismo socio-económico.
 
Intensifiquemos a luta. Todos os dias, em todos os locais. Não lhes demos tréguas. Sejamos cães raivosos.




(Foto de Paulo Zenha / Fotograf'arte)

Dedicada ao Cavaco e aos troikistas que se reuniram no Palácio de Belém...

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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Concentração: Reunião do Conselho de Estado - Palácio de Belém, 21 de Setembro (sexta-feira), 18 h

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No dia 15 de Setembro o país tomou as ruas para dizer BASTA!, naquelas que foram as maiores manifestações populares desde o 1º de Maio de 1974. Exigimos o rasgar do memorando da Troika e a demissão deste governo troikista.
Se o governo não escuta, que escute o Presidente da República e o seu Conselho de Estado.
Não é não!
Não queremos apenas mudanças de nomes, queremos mudanças de facto. A 21 de Setembro iremos concentrarmo-nos junto ao Palácio de Belém para demonstrar que 15 de Setembro não foi uma mera catarse colectiva, mas um desejo extraordinário de MUDANÇA DE RUMO!

Que se Lixe a Troika! Que se Lixem os Troikistas! Queremos as Nossas Vidas!
 
 

Os troikistas que se cuidem, isto foi só o começo








 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

E tu? Onde vais estar no dia 15 de Setembro?

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Esta é a hora de passarmos da indignação aos actos. Ficar em casa é ser conivente com aqueles que diariamente nos roubam e dignidade, transformando-nos em escravos do austeritarismo e do capital. No próximo sábado é nosso dever ocupar as ruas e gritar bem alto: QUE SE LIXE A TROIKA! QUE SE LIXEM OS TROIKISTAS! QUEREMOS AS NOSSAS VIDAS!
 

Nota: A lista de locais onde se realizarão manifestações não pára de aumentar e pode ser consultada em queselixeatroika15setembro.blogspot.pt
 
 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

11 de Setembro





Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!

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É preciso fazer qualquer coisa de extraordinário. É preciso tomar as ruas e as praças das cidades e os nossos campos. Juntar as vozes, as mãos. Este silêncio mata-nos. O ruído do sistema mediático dominante ecoa no silêncio, reproduz o silêncio, tece redes de mentiras que nos adormecem e aniquilam o desejo. É preciso fazer qualquer coisa contra a submissão e a resignação, contra o afunilamento das ideias, contra a morte da vontade colectiva. É preciso convocar de novo as vozes, os braços e as pernas de todas e todos os que sabem que nas ruas se decide o presente e o futuro. É preciso vencer o medo que habilmente foi disseminado e, de uma vez por todas, perceber que já quase nada temos a perder e que o dia chegará de já tudo termos perdido porque nos calámos e, sós, desistimos.

O saque (empréstimo, ajuda, resgate, nomes que lhe vão dando consoante a mentira que nos querem contar) chegou e com ele a aplicação de medidas políticas devastadoras que implicam o aumento exponencial do desemprego, da precariedade, da pobreza e das desigualdades sociais, a venda da maioria dos activos do Estado, os cortes compulsivos na segurança social, na educação, na saúde (que se pretende privatizar acabando com o SNS), na cultura e em todos os serviços públicos que servem as populações, para que todo o dinheiro seja canalizado para pagar e enriquecer quem especula sobre as dívidas soberanas. Depois de mais um ano de austeridade sob intervenção externa, as nossas perspectivas, as perspectivas da maioria das pessoas que vivem em Portugal, são cada vez piores.

A austeridade que nos impõem e que nos destrói a dignidade e a vida não funciona e destrói a democracia. Quem se resigna a governar sob o memorando da troika entrega os instrumentos fundamentais para a gestão do país nas mãos dos especuladores e dos tecnocratas, aplicando um modelo económico que se baseia na lei da selva, do mais forte, desprezando os nossos interesses enquanto sociedade, as nossas condições de vida, a nossa dignidade.

Grécia, Espanha, Itália, Irlanda, Portugal, países reféns da Troika e da especulação financeira, perdem a soberania e empobrecem, assim como todos os países a quem se impõe este regime de austeridade.
Contra a inevitabilidade desta morte imposta e anunciada é preciso fazer qualquer coisa de extraordinário.

É necessário construir alternativas, passo a passo, que partam da mobilização das populações destes países e que cidadãs e cidadãos gregos, espanhóis, italianos, irlandeses, portugueses e todas as pessoas se juntem, concertando acções, lutando pelas suas vidas e unindo as suas vozes.

Se nos querem vergar e forçar a aceitar o desemprego, a precariedade e a desigualdade como modo de vida, responderemos com a força da democracia, da liberdade, da mobilização e da luta. Queremos tomar nas nossas mãos as decisões do presente para construir um futuro.

Este é um apelo de um grupo de cidadãos e cidadãs de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos. Dirigimo-nos a todas as pessoas, colectivos, movimentos, associações, organizações não-governamentais, sindicatos, organizações políticas e partidárias que concordem com as bases deste apelo para que se juntem na rua no dia 15 de Setembro.

Dividiram-nos para nos oprimir. Juntemo-nos para nos libertarmos!

Ana Carla Gonçalves, Ana Nicolau, António Costa Santos, António Pinho Vargas, Belandina Vaz, Bruno Neto, Chullage, Diana Póvoas, Fabíola Cardoso, Frederico Aleixo, Helena Pato, Joana Manuel, João Camargo, Luís Bernardo, Magda Alves, Magdala Gusmão, Marco Marques, Margarida Vale Gato, Mariana Avelãs, Myriam Zaluar, Nuno Ramos de Almeida, Paula Marques, Paulo Raposo, Ricardo Morte, Rita Veloso, Rui Franco, Sandra Monteiro, São José Lapa, Tiago Rodrigues.

 
(Nota: A lista de cidades onde ocorrerão manifestações no próximo sábado, 15 de Setembro, encontra-se em actualização e pode ser consultada AQUI)

 

sábado, 1 de setembro de 2012

September Song




Para onde caminha a Europa? # 4


 
“Depois dos imigrantes, serão os próximos.” Era esta a mensagem escrita nos folhetos que apareceram esta semana num bairro onde se situam vários clubes homossexuais em Atenas. À medida que a violência contra os imigrantes e minorias étnicas aumenta por toda a Grécia, os apoiantes do partido de extrema-direita Aurora Dourada também começaram a promover ataques racistas contra os homossexuais e pessoas com deficiências.
 
Estes fascistas desfilam por Atenas com camisolas pretas e tochas, aterrorizando as minorias étnicas e sexuais, ostentando uma insígnia semelhante a uma suástica decomposta e declarando o seu desprezo pelo processo político. Ainda assim, na Europa, continuam a ser tratados como um mero sintoma da crise económica na Grécia.
 
Antigamente, os delinquentes de extrema-direita atacavam os imigrantes durante a noite. Agora também o fazem durante o dia, sem temer qualquer consequência, dado que estas raramente existem. Nas últimas semanas, o número e a severidade dos ataques aumentou, e se os imigrantes apresentam queixa à polícia, arriscam a ser detidos.
 
Não só os crimes contra os imigrantes são considerados pouco prioritários na Grécia, como grande parte da base de apoio do partido Aurora Dourada provém das forças policiais. As sondagens das eleições de maio de 2012 indicavam que em alguns bairros urbanos 50 por cento da polícia grega votou a favor do grupo racista, que possui agora 7 por cento dos lugares no Parlamento.

[...]

Ignorar esta situação, por si só, já é mau. Mas agora, o ministro da Ordem Pública, Nikos Dendias, comprometeu-se a pôr termo à imigração, que o próprio descreveu como sendo uma “invasão” e “uma bomba nos alicerces da sociedade”. E de facto, Dendias também descreveu a presença de estrangeiros na Grécia como uma ameaça mais significante do que a crise económica – uma mensagem que não hesitaria em colocar nas paredes de Atenas se pudesse. O estímulo do racismo tornou-se uma estratégia para desviar a atenção, de uma nação irritada, da crise que envolve o Governo e as despesas públicas. Tal como muitos executivos de centro-direita em declínio, a coligação Nova Democracia está a reproduzir os discursos dos extremistas de direita, juntando-se a eles, em vez de tentar acalmar a xenofobia pública. Com o apoio de Dendias, a polícia está a perseguir os imigrantes, detendo e deportando milhares em operações realizadas em Atenas e nas cidades vizinhas – um programa denominado, alegadamente sem qualquer ironia, Zeus Xenios, o Deus grego da hospitalidade.
 
[...]
 
 
 
Nota: a tradução integral do artigo  publicado no The Independent  pode ser lida no site de notícias Presseurop.
 
 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Petição: "Manifesto em defesa do serviço público de televisão"

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A seguinte petição, em defesa do serviço público de rádio e de televisão, pode ser assinada em http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N28151:


Utilizando como base o esclarecedor manifesto publicado no dia 8 de Julho de 2012 no semanário Expresso, elaborado pelo cineasta António Pedro Vasconcelos, pede-se aos partidos do Governo e da oposição que travem a intenção de concessionar, encerrar, ou privatizar o serviço público de televisão portuguesa, RTP 1 e RTP 2.

Manifesto publicado no dia 8 de Julho de 2012 no semanário Expresso, elaborado pelo cineasta António Pedro Vasconcelos:

Em defesa do serviço público de rádio e de televisão

"A evolução da televisão ao longo das últimas décadas, com a multiplicação da oferta de canais, a passagem ao digital, a perigosa concentração em grandes grupos de comunicação, com o risco de promiscuidade entre política, negócios e informação, não diminuiu a legitimidade do serviço público na Europa e do seu insubstituível contributo para a democratização da sociedade. Pelo contrário, na maioria dos países europeus, o serviço público reforçou a sua legitimidade: multiplicou a oferta, reforçou a exigência de uma programação mais qualificada e atenta à inovação do que a dos seus concorrentes comerciais; tornou mais clara a exigência de uma informação isenta e plural; as preocupações com a programação cultural ou relacionada com os gostos das minorias e com os interesses sociais de reduzida expressão; a salvaguarda de programas e canais de limitado interesse comercial, mas importantes para toda a sociedade; a certeza de o seu capital ser nacional num quadro empresarial cada vez mais preenchido por multinacionais e poderosos operadores de telecomunicações; e o seu papel decisivo na indústria audiovisual.

De tal forma assim é que em nenhum outro país europeu, exceto em Portugal, o governo se propôs enfraquecer o serviço público de televisão, privatizando um dos seus canais nacionais. A prova é que a privatização de um canal de televisão não figura nem nas exigências da Troika, nem na agenda da União Europeia. O serviço público continua a ser considerado, agora mais do que nunca no quadro da televisão digital, um eixo estratégico de afirmação da língua, da cultura e da identidade de cada Estado, um instrumento da coesão social de cada país, através de um operador a quem todos – poder e opinião pública - reconhecem um insubstituível papel regulador do mercado, garante do pluralismo e promotor da diversidade e da qualidade dos conteúdos audiovisuais. E a quem os cidadãos sentem que podem pedir contas.

A verdade é que continuam plenamente válidos os sucessivos documentos de diversas instâncias europeias, apoiados num consenso de todas as famílias políticas da direita à esquerda, que vêm reafirmando que “um amplo acesso do público a várias categorias de canais e serviços constitui uma pré-condição necessária para o cumprimento das obrigações específicas do serviço público”.

Desta forma, os signatários, provenientes dos mais variados quadrantes políticos e ideológicos, exprimem a sua profunda discordância face à anunciada privatização de um dos canais da RTP, apelando ao governo e ao poder político para que, tal como aconteceu com a prometida privatização da agência Lusa, não concretizem essa decisão, cujos contornos têm inclusivamente provocado legítimas suspeições sobre a sua transparência.

Entendem também que esta espécie de bomba-relógio que paira sobre a RTP, acompanhada do anúncio do desmembramento dos seus meios de produção, compromete o futuro da empresa e está a prejudicar não apenas a prestação do serviço público, como impede o que devia ser sua a prioridade mais urgente: uma profunda reflexão sobre a forma de garantir o imperativo constitucional de independência face ao poder político e ao poder económico e a reforma a empreender na oferta do serviço público no quadro digital, acompanhando os modelos dos outros países europeus.

O governo, aliás, tem revelado uma preocupante falta de clareza e de coerência nas medidas anunciadas, geralmente avulsas e erráticas, pautadas pelo improviso e pelo desconhecimento do que está em jogo. A verdade é que, até hoje, o governo já falou de “alienação” e de “privatização”, sem que ninguém percebesse porquê nem para quê, e muito menos o que se pretende “alienar” ou “privatizar”, nem em que termos.

Além do mais, neste quadro, uma eventual privatização de um canal, sobretudo se conjugada com o anunciado fim da publicidade comercial na RTP, não representaria nenhuma diminuição dos custos do serviço público, que, de resto e ao contrário do que tem sido frequentemente propalado, são dos mais baixos da Europa.

Bem pelo contrário, sobretudo no atual contexto de grave crise económica e financeira, a presença de um novo operador comercial, certamente com uma programação adequada à sua necessidade de maximizar receitas publicitárias, teria dramáticas consequências na viabilidade dos restantes operadores do sector, bem como em todas as outras empresas de comunicação social e da indústria audiovisual, empobrecendo drasticamente a qualidade e a diversidade dos media portugueses.

Por outro lado, essa privatização envolveria o fim de muitos dos atuais programas da RTP, quer os programas que legitimamente procuram dirigir-se a todos os portugueses, quer alguns dos que se destinam aos públicos minoritários, que não encontram conteúdos idênticos na restante oferta televisiva por não ser essa a vocação dos operadores comerciais - e que, por isso, devem ser assegurados por um canal alternativo -, conferindo legitimidade e um importante papel regulador ao operador público.

Por todas estas razões, os signatários apelam ao bom senso dos partidos do governo e da oposição para que travem uma medida que carece de clareza e de racionalidade e que não pode em caso nenhum ser enquadrada no plano de privatizações, até porque a sua dimensão financeira seria despicienda e totalmente desproporcionada relativamente aos efeitos brutais sobre a indústria dos média e a qualidade e a isenção da informação, da formação e do entretenimento a que os portugueses têm direito.

Adenda ao manifesto “Em defesa do serviço público de rádio e de televisão”

Posteriormente à elaboração deste manifesto, foi anunciado pelo Governo, através do dr. António Borges, um novo cenário: a RTP2 seria encerrada e os demais canais de rádio e de televisão concessionados a um grupo privado.


Os signatários consideram:

1.

A concessão do serviço público de rádio e de televisão a uma empresa privada, que receberia não apenas a contribuição para o audiovisual como receitas publicitárias, induziria uma programação submetida a meros critérios de rentabilidade comercial, impossível de contrariar através de um caderno de encargos, o que comprometeria a qualidade e a diversidade exigíveis a um operador de serviço público.

2.

A compressão do serviço público de televisão em sinal aberto, num único canal, torna impossível o cumprimento das obrigações de programação actualmente cometidas aos dois canais, visando os interesses dos diversos públicos, maioritários e minoritários. O modelo agora proposto constitui, aliás, uma solução absolutamente insólita na Europa, onde apenas a Albânia e a Bulgária têm um único canal de televisão generalista.

3.

Este quadro provocaria ainda uma grave distorção das regras de concorrência com os restantes operadores privados.

4.

Acresce que esta solução não se encontra prevista no programa do Governo, nem sequer figura no memorando de entendimento com a “troika”.

5.

Além do mais, desrespeita a Constituição da República, que no seu artigo 38.º, n.º 5, estabelece: “O Estado garante a existência e o funcionamento de um serviço público de rádio e de televisão”; e, no artigo 82.º, n.º 2 consagra: “O sector público é constituído pelos meios de produção cuja propriedade e gestão pertencem ao Estado ou a outras entidades públicas”.

6.

O projecto agora apresentado, sem paralelo na União Europeia, representa ainda um absoluto desrespeito pelos diversos documentos das mais variadas instâncias europeias que testemunham um vasto consenso politico, que o Estado português sempre acompanhou sem hesitações. Recorde-se que em vários documentos da União Europeia se sublinha que “um amplo acesso do público, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, a várias categorias de canais e serviços constitui uma pré-condição necessária para o cumprimento das obrigações específicas do serviço público de radiodifusão”.

7.

Ao abdicar da exigência de um operador de capitais exclusivamente públicos, esta proposta abriria caminho a que o próprio concessionário do serviço público pudesse ter uma maioria de capital estrangeiro, afectando a autonomia da informação e a soberania da língua e da cultura portuguesas de forma que se torna dispensável classificar.

8.
Os signatários entendem deixar claro que, seja qual for a “solução final” proposta pelo Governo, não aceitam qualquer medida susceptível de amputar, enfraquecer ou alienar a propriedade ou a gestão do serviço público de rádio e de televisão."
 
 
 

Sigur Rós - the valtari mystery film experiment - film #2: varúð

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varúð - film by inga birgisdóttir
 
 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Protesto contra encerramento da RTP 2 e concessão da RTP 1 a privados (domingo, 02 de Setembro, 15:00h)

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Domingo, 02 de Setembro de 2012, 15:00 h

15h - ROSSIO
17h - VIAGEM ATÉ À RTP (metro, carro, etc.)



Um grupo de cidadãos convoca protesto de apoio à RTP.
Durante décadas a RTP foi o pilar da informação televisiva em Portugal. Hoje, o governo quer acabar com a cultura e entregar aos privados o que é do povo. Não deixaremos!

Este governo não tem ponta por onde se lhe pegue. Não se admite em plena crise economia que Cavaco Silva seja dos maiores despesistas como Presidentes da República (
http://www.vidaeconomica.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ve.stories%2F81307). Não se admite que Miguel Relvas tenha a RTP como tutela (http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=574855) quando muito possivelmente qualquer jornalista licenciado o fez de forma mais transparente que a licenciatura deste Ministro.
Da mesma forma, não se admite após a notícia de 24 de Agosto de que a RTP está a gerar lucro (
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=581671&tm=9&layout=122&visual=61) o Governo ainda queira entregar um lucro a privados.
No último ano, este governo e as suas más práticas de austeridade tem vindo a ser fortemente criticadas por grupos e plataformas de cidadãos que estão verdadeiramente indignados com o rumo da má despesa pública e da má gestão do estado sobre os poucos recursos que ainda não são de privados. Esta é mais um caso, onde vários grupos de cidadãos e pessoas individuais se unem transversalmente para mostrar que este governo não está a zelar pela nossa soberania mas sim a cavar a sepultura onde os nossos filhos e netos irão deitar sem poder de escolha.
Cada um de nós, enquanto contribuinte, paga este serviço público desde a sua existência.
Somos contra a eliminação de um canal cultural com informação que não passa em mais local algum, se não, em parte, nas redes de canais por cabo que estão cada vez mais caras, o que contrasta com cada vez menos poder de compra dos Portugueses.
Somos contra a entrega do primeiro canal de televisão em Portugal a privados para acontecer o mesmo que aconteceu com tantas outras privatizações e “entregas” desastrosas da nossa cultura e dos nossos edifícios a quem não tem por obrigação os preservar mas sim a obtenção de lucro.
Assim, organizamos um protesto que começa no Rossio às 15h e continua depois das 17h na sede da RTP, sita na Avenida Marechal Gomes da Costa, 37.
No próximo dia 2 de Setembro pelas 15h o povo sai à rua
para protestar e unir Portugal numa tentativa de travar, mais uma vez, a remoção abrupta de erário público sem consulta popular e estudos disponibilizados ao público, numa clara atitude de falta de transparência e honestidade vinda de um governo com iguais valores repudiáveis.  

 Os subscritores (em actualização permanente):
Tugaleaks
Anonymous Legion Portugal
 
  

domingo, 26 de agosto de 2012

"Un cañón en el culo", o texto de Juan José Millás que incendiou Espanha


 
"Un cañón en el culo", o texto do escritor Juan José Millás publicado no El País a 14 de Agosto, rapidamente circulou pelas redes sociais e incendiou a opinião pública espanhola.
Frontal e lúcida, como exigem os tempos que correm, a violenta crítica de Juan José Millás à barbárie capitalista que nos domina merece ser lida na íntegra:

O cano de uma pistola pelo cu

Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.

Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
 
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
 
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
 
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
 
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
 
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
 
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
 
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.
 
Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
 
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
 
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.



(tradução disponibilizada pelo Dinheiro Vivo)

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