sábado, 30 de abril de 2011

BPN às costas, FMI à perna

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Acção de protesto do Portugal Uncut


No dia 05 de Junho não vás em cantigas, vira à esquerda (# 2)

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No dia 05 de Junho não vás em cantigas, vira à esquerda

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O 1º de Maio é teu - luta, reivindica, reage, protesta, contra-ataca!


Angra do Heroísmo - 17:00h - Praça Velha

Horta - 15:45h - Parque Vitorino Nemésio

Ponta Delgada - 10:00h - Campo de São Francisco

Funchal - 18:00h - Jardim Municipal

Aveiro - 14:30h - Largo do Rossio

Beja - 18:30h - Parque das Merendas

Guimarães - 16:00h - Largo da Oliveira

Bragança - 15:45h - Praça Cavaleiro Ferreira

Castelo Branco - 14:00h - Centro Cívico / Docas

Covilhã - 15:30h - Jardim Público

Coimbra - 15:00h - Praça da República

Évora - 15:00h - Jardim Público

Faro - 16:00h - Alameda João de Deus

Leiria - 15:00h - Largo Santo Agostinho

Lisboa - Mayday Lisboa - 13:00h - Largo Camões

Lisboa - 15:00h - Martim Moniz / Alameda D. Afonso Henriques

Portalegre - 10:00h - Largo Frederico Laranjo

Porto - Mayday Porto - 13:00h - Praça dos Poveiros

Porto - 15:00h - Avenida dos Aliados

Santarém - 15:00h - Jardim da República

Setúbal - 15:00h - Praça do Quebedo

Viana do Castelo - 16:00h - Praça da República

Chaves - 15:00h - Largo do Caldas

Vila Real - 15:00h - Largo da Capela Nova

Viseu - 14:30 - Rossio
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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Entre nós e as imagens # 7

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Fotografia: Rui Pires - "Momentos Rurais" 

Música: José Afonso - "Minha Mãe"



Entre nós e as palavras # 22


Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer a verdade toda
Mesmo aquela que é impopular neste dia em que se invoca o povo
Pois é preciso que o povo regresse do seu longo exílio
E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade

Meia verdade é como habitar meio quarto
Ganhar meio salário
Como só ter direito
A metade da vida

O demagogo diz a verdade a metade
E o resto joga com habilidade
Porque pensa que o povo só pensa metade
Porque pensa que o povo não percebe nem sabe

A verdade não é uma especialidade
Para especializados clérigos letrados

Não basta gritar povo é preciso expor
Partir do olhar da mão e da razão
Partir da limpidez do elementar

Como quem parte do sol do mar do ar
Como quem parte da terra onde os homens estão

Para construir o canto do terrestre
-Sob o ausente olhar silente da atenção –

Para construir a festa do terrestre
Na nudez da alegria que nos veste

Sophia de Mello Breyner Andresen - "Nesta Hora"
 
 

25 de Abril SEMPRE!

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sábado, 23 de abril de 2011

O FMI - visto, lido e ouvido por aí # 3

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"Maior que o pensamento"

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"Maior que o pensamento", documentário sobre a vida e obra de José Afonso, será exibido pela RTP 1 nos dias 24, 25 e 26 de Abril.

Realizado por Joaquim Vieira, o documentário encontra-se dividido em três partes, a que corresponde cada um dos episódios a transmitir pela RTP 1: "Primórdios" (dia 24, às 21:00h), "Combate"  (dia 25, às 22:30h) e "Liberdade" (dia 26, às 22:45h).
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Entre nós e as imagens # 6


Rosa Ramalho e Júlia Ramalho, escultoras/barristas populares de Barcelos


Rosa Ramalho - "Ciclista"



Rosa Ramalho - "Galadela"



Rosa Ramalho - "Cantares"



Rosa Ramalho - "Cabeçudos"



Rosa Ramalho - "Oratório / Alminhas"



Rosa Ramalho - "Procissão"



Rosa Ramalho - "Homem da carroça"



Rosa Ramalho - "Cristo"



Rosa Ramalho - "Cucos com corpo humano"



Rosa Ramalho - "Macaca"



 Rosa Ramalho - "Cabra e Bode"


Dia Mundial do Livro

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"Livros" - Caetano Veloso

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cinematógrafo do Reviralhos # 9

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Life of Brian - A Vida de Brian (1979)





















Título: Life of Brian- A Vida de Brian (1979)

Realização: Terry Jones

Argumento: Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Terry Jones, Michael Palin

Intérpretes: Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Terry Jones, Michael Palin

Duração: 94 minutos

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"O inevitável é inviável" - Manifesto dos 74 nascidos depois de 74




O inevitável é inviável

Somos cidadãos e cidadãs nascidos depois do 25 de Abril de 1974. Crescemos com a consciência de que as conquistas democráticas e os mais básicos direitos de cidadania são filhos directos desse momento histórico. Soubemos resistir ao derrotismo cínico, mesmo quando os factos pareciam querer lutar contra nós: quando o então primeiro-ministro Cavaco Silva recusava uma pensão ao capitão de Abril, Salgueiro Maia, e a concedia a torturadores da PIDE/DGS; quando um governo decidia comemorar Abril como uma «evolução», colocando o «R» no caixote de lixo da História; quando víamos figuras políticas e militares tomar a revolução do 25 de Abril como um património seu. Soubemos permanecer alinhados com a sabedoria da esperança, porque sem ela a democracia não tem alma nem futuro.

O momento crítico que o país atravessa tem vindo a ser aproveitado para promover uma erosão preocupante da herança material e simbólica construída em torno do 25 de Abril. Não o afirmamos por saudosismo bacoco ou por populismo de circunstância. Se não é de agora o ataque a algumas conquistas que fizeram de nós um país mais justo, mais livre e menos desigual, a ofensiva que se prepara – com a cobertura do Fundo Monetário Internacional e a acção diligente do «grande centro» ideológico – pode significar um retrocesso sério, inédito e porventura irreversível. Entendemos, por isso, que é altura de erguermos a nossa voz. Amanhã pode ser tarde.

O primeiro eixo dessa ofensiva ocorre no campo do trabalho. A regressão dos direitos laborais tem caminhado a par com uma crescente precarização que invade todos os planos da vida: o emprego e o rendimento são incertos, tal como incerto se torna o local onde se reside, a possibilidade de constituir família, o futuro profissional. Como o sabem todos aqueles e aquelas que experienciam esta situação, a precariedade não rima com liberdade. Esta só existe se estiverem garantidas perspectivas mínimas de segurança laboral, um rendimento adequado, habitação condigna e a possibilidade de se acederem a dispositivos culturais e educativos. O desemprego, os falsos recibos verdes, o uso continuado e abusivo de contratos a prazo e as empresas de trabalho temporário são hoje as faces deste tempo em que o trabalho sem direitos se tornou a norma. Recentes declarações de agentes políticos e económicos já mostraram que a redução dos direitos e a retracção salarial é a rota pretendida. Em sentido inverso, estamos dispostos a lutar por um novo pacto social que trave este regresso a vínculos laborais típicos do século XIX.

O segundo eixo dessa ofensiva centra-se no enfraquecimento e desmantelamento do Estado Social. A saúde e a educação são as duas grandes fatias do bolo público que o apetite privado busca capturar. Infelizmente, algum caminho já foi trilhado, ainda que na penumbra. Sabemos que não há igualdade de oportunidades sem uma rede pública estruturada e acessível de saúde e educação. Estamos convencidos de que não há democracia sem igualdade de oportunidades. Preocupa-nos, por isso, o desinvestimento no SNS, a inexistência de uma rede de creches acessível, os problemas que enfrenta a escola pública e as desistências de frequência do ensino superior por motivos económicos. Num país com fortes bolsas de pobreza e com endémicas desigualdades, corroer direitos sociais constitucionalmente consagrados é perverter a nossa coluna vertebral democrática, e o caldo perfeito para o populismo xenófobo. Com isso, não podemos pactuar. No nosso ponto de vista, esta é a linha de fronteira que separa uma sociedade preocupada com o equilíbrio e a justiça e uma sociedade baseada numa diferença substantiva entre as elites e a restante população.

Por fim, o terceiro e mais inquietante eixo desta ofensiva anti-Abril assenta na imposição de uma ideia de inevitabilidade que transforma a política mais numa ratificação de escolhas já feitas do que numa disputa real em torno de projectos diferenciados. Este discurso ganhou terreno nos últimos tempos, acentuou-se bastante nas últimas semanas e tenderá a piorar com a transformação do país num protectorado do FMI. Um novo vocabulário instala-se, transformando em «credores» aqueles que lucram com a dívida, em «resgate financeiro» a imposição ainda mais acentuada de políticas de austeridade e em «consenso alargado» a vontade de ditar a priori as soluções governativas. Esta maquilhagem da língua ocupa de tal forma o terreno mediático que a própria capacidade de pensar e enunciar alternativas se encontra ofuscada.

Por isso dizemos: queremos contribuir para melhorar o país, mas recusamos ser parte de uma engrenagem de destruição de direitos e de erosão da esperança. Se nos roubarem Abril, dar-vos-emos Maio!

Alexandre de Sousa Carvalho – Relações Internacionais, investigador; Alexandre Isaac – antropólogo, dirigente associativo; Alfredo Campos – sociólogo, bolseiro de investigação; Ana Fernandes Ngom – animadora sociocultural; André Avelãs – artista; André Rosado Janeco – bolseiro de doutoramento; António Cambreiro – estudante; Artur Moniz Carreiro – desempregado; Bruno Cabral – realizador; Bruno Rocha – administrativo; Bruno Sena Martins – antropólogo; Carla Silva – médica, sindicalista; Catarina F. Rocha – estudante; Catarina Fernandes – animadora sociocultural, estagiária; Catarina Guerreiro – estudante; Catarina Lobo – estudante; Celina da Piedade – música; Chullage - sociólogo, músico; Cláudia Diogo – livreira; Cláudia Fernandes – desempregada; Cristina Andrade – psicóloga; Daniel Sousa – guitarrista, professor; Duarte Nuno - analista de sistemas; Ester Cortegano – tradutora; Fernando Ramalho – músico; Francisca Bagulho – produtora cultural; Francisco Costa – linguista; Gui Castro Felga – arquitecta; Helena Romão – música, musicóloga; Joana Albuquerque – estudante; Joana Ferreira – lojista; João Labrincha – Relações Internacionais, desempregado; Joana Manuel – actriz; João Pacheco – jornalista; João Ricardo Vasconcelos – politólogo, gestor de projectos; João Rodrigues – economista; José Luís Peixoto – escritor; José Neves – historiador, professor universitário; José Reis Santos – historiador; Lídia Fernandes – desempregada; Lúcia Marques – curadora, crítica de arte; Luís Bernardo – estudante de doutoramento; Maria Veloso – técnica administrativa; Mariana Avelãs – tradutora; Mariana Canotilho – assistente universitária; Mariana Vieira – estudante de doutoramento; Marta Lança – jornalista, editora; Marta Rebelo – jurista, assistente universitária; Miguel Cardina – historiador; Miguel Simplício David – engenheiro civil; Nuno Duarte – artista; Nuno Leal – estudante; Nuno Teles – economista; Paula Carvalho – aprendiz de costureira; Paula Gil – Relações Internacionais, estagiária; Pedro Miguel Santos – jornalista; Ricardo Araújo Pereira – humorista; Ricardo Lopes Lindim Ramos – engenheiro civil; Ricardo Noronha – historiador; Ricardo Sequeiros Coelho – bolseiro de investigação; Rita Correia – artesã; Rita Silva – animadora; Salomé Coelho – investigadora em Estudos Feministas, dirigente associativa; Sara Figueiredo Costa – jornalista; Sara Vidal – música; Sérgio Castro – engenheiro informático; Sérgio Pereira – militar; Tiago Augusto Baptista – médico, sindicalista; Tiago Brandão Rodrigues – bioquímico; Tiago Gillot – engenheiro agrónomo, encarregado de armazém; Tiago Ivo Cruz – programador cultural; Tiago Mota Saraiva – arquitecto; Tiago Ribeiro – sociólogo; Úrsula Martins – estudante

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Reviralhos Sound System # 23



José Mário Branco - "Queixa das Almas Jovens Censuradas" (1971)




José Afonso - "Foi na Cidade do Sado" (1975)

Entre nós e as palavras # 21


Roubam-me Deus,
outros o diabo
- quem cantarei?

roubam-me a Pátria;
e a Humanidade
outros ma roubam
- quem cantarei?

sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
- quem cantarei?

roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
- aqui del-rei!
Jorge de Sena - “Epígrafe para a Arte de Furtar”


(Fotografia:  Rui Pires - "Momentos Rurais")  

"e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos"

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Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.

José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III
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Virar à esquerda # 3



Aproveitando a boleia da troika internacional (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), a troika nacional, formada pelos partidos do arco austeritário (PS, PSD e CDS), prepara-se para desferir a machadada final nos Serviços Públicos e no que resta do Estado Social.

O PSD sugere um programa alargado de privatizações e defende que o programa de privatizações do Governo “deve ser ampliado em todos os segmentos do sector empresarial do Estado”.
O PS e o CDS, escudando-se num suposto "interesse nacional", acompanham a proposta e ensaiam uma ou outra nuance diferenciadora para eleitor desatento ver.

Os banqueiros e o patronato regozijam, ansiando pelas novas oportunidades de negócio/lucro que daqui surgirão.
A comunicação social cauciona e fomenta o discurso unanimista, dando uma ajuda preciosa no coro da suposta inevitabilidade e do consenso alargado.

Neste contexto, nacional e europeu, todas as conquistas sociais e direitos laborais estão em jogo.
Nesta roleta de chantagem e intimidação, que cresce diariamente, joga-se a nossa vida e o nosso futuro.
Os exemplos da Irlanda e da Grécia estão à vista de todos, a receita que se preparam para nos aplicar será a mesma, tal como idênticas serão as consequências para a generalidade da população.
O campo de manobra é estreito e apertado, mas compete-nos a nós, cidadãs e cidadãos de esquerda, lutar pela construção de uma maioria social que faça frente a esta ditadura de pensamento único.

O momento não é desistência, mas sim de confronto.
Nas urnas e nas ruas, a luta é nossa, é tua, é de todos nós.


(imagem retirada de oblogouavida)

Movimento 12 de Março - M12M

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Conferência de imprensa de apresentação do Movimento 12 de Março - M12M


terça-feira, 19 de abril de 2011

Entre nós e as palavras # 20


O dia abre as pálpebras lentamente
arroxeando as colinas e a água
quieta da ribeira
É fim de Abril e a memória
traz-me ou inventa paisagens de saudade
embora eu me limite a descerrar
a janela e espreitar os prédios fronteiros
sempre iguais enquanto à porta do supermercado
cresce desordenadamente
a fila dos mais apressados
Os meus campos agora são de cinza
e neles corre apenas o rio da tristeza
Ontem trouxeram-me cravos de Abril
e canções que eu tinha quase esquecido
“O trabalho contra o capital”…
Rimos cantámos e custou-me muito
depois vê-los partir
O universo está à beira da loucura
globalizado na riqueza de poucos
e egoístas e há tufões incêndios e maremotos
e desumanas guerras torturas e massacres
A língua venenosa da serpente os touros
de fogo os céus que estremecem e ameaçam
esmagar de todos os mais indefesos
A máscara destes horrores é a falsa
democracia que já foi árvore de sol
e agora por vezes é lama em que
se tropeça e quase se perde a esperança
Fico-me com a minha angústia
e este tão breve aroma de Abril
intervalo de luz que me trouxeram

Urbano Tavares Rodrigues – “Angústia”


(Fotografia: Pessoa N Beat - "Uma tristeza profunda") 

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Virar à esquerda # 2

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E tu?
Vais continuar a votar nos gatos laranja, nos azuis ou nos rosa?
Vais continuar a votar nos gatos que nos arrastaram para a crise, e que não nos tirarão dela, ou vais ter a lucidez de mudar? 

Não vás em cantigas de gato, no dia 05 de Junho vira à esquerda! 

O voto é a tua arma!

O FMI - visto, lido e ouvido por aí # 2

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segunda-feira, 18 de abril de 2011

"48", um filme de Susana de Sousa Dias

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Após uma primeira apresentação no DocLisboa 2009 e de algumas projecções esporádicas, "48" chega finalmente às salas de cinema nacionais.

O filme de Susana de Sousa Dias, vencedor de vários prémios em festivais internacionais, tem estreia agendada para a próxima quinta-feira em Lisboa, Porto, Coimbra, Leiria e Almada.



Petição: Convergência nacional em torno do emprego e da coesão social


O manifesto "Convergência nacional em torno do emprego e da coesão social", publicado no passado sábado no jornal Público e subscrito por 58 cidadãos, deu agora lugar a uma petição pública.


Num momento dramático como o que vivemos, a sociedade portuguesa precisa de debate e de convergências democráticas. Precisa também de reconhecer que a crise do liberalismo económico, de que a acção dos programas patrocinados pelo FMI tem sido uma expressão, obriga a reavaliar opiniões e prioridades e a construir soluções novas, assentes em ideias e escolhas claras e num programa explícito, sabendo que na democracia nunca há a inevitabilidade de uma escolha única, porque a democracia procura as melhores soluções da forma mais exigente.

É indiscutível que o estado das finanças públicas, que é em grande medida o resultado da profunda crise económica, exige um conhecimento e avaliação exigentes de todos os compromissos públicos. E que se torna urgente identificar a despesa pública desnecessária, supérflua e geradora de injustiças sociais, distinguindo-a da que é indispensável, colmata problemas sociais graves e qualifica o país.É também útil que se reconheça a importância do trabalho, dos salários e dos apoios sociais na sociedade portuguesa, se admita a presença de carências profundas, sob a forma de pobreza e de desigualdades crescentes, e se considere que os progressos alcançados na nossa sociedade são o resultado da presença de mecanismos de negociação colectiva e de solidariedade cujo desmantelamento pode significar uma regressão socioeconómica que debilitará o país por muito tempo.

Qualquer solução para os nossos problemas tem de partir de uma constatação realista: até agora as intervenções externas foram a expressão de uma União Europeia incapaz de perceber que a alternativa à solidariedade, traduzida em cooperação económica e integração sem condicionalidade recessiva, é o enfraquecimento das periferias sob pressão da especulação e de cúmplices agências de notação. A zona euro paga o preço de não ter mecanismos decentes para travar a especulação em torno da dívida soberana e para promover políticas de investimento produtivo que permitam superar a crise. As periferias pagam o preço da sua desunião política, única forma de colocar o centro europeu, principal responsável por este arranjo, perante as suas responsabilidades.

No momento em que se vão iniciar negociações entre o Governo e a troika FMI-BCE-CE, sabe-se que a austeridade provoca recessão económica e gera fracturas profundas, de que o desemprego elevado é a melhor expressão. As experiências grega e irlandesa exigem uma revisão das condições associadas aos mecanismos de financiamento em vigor. De facto, devido à austeridade intensa dos últimos dois anos, a economia irlandesa contraiu-se mais de 11% e a recessão grega atingiu 6,5% só entre o último trimestre de 2009 e o último de 2010. O desemprego ultrapassa já os 13% nestes dois países. A este ritmo, e apesar dos cortes orçamentais intensos, nenhum deles conseguirá reduzir a sua dívida. Isso só acontecerá com crescimento económico e com uma noção clara de que não é nos salários e no trabalho, mas antes na escassa inovação e na fraqueza organizacional de grande parte das empresas portuguesas, que residem os problemas de competitividade. Portugal não pode ser um laboratório para repetir as mesmas experiências fracassadas, e corremos o risco de uma recessão ainda mais prolongada, se tomarmos em consideração as previsões do próprio FMI.

Por tudo isto, considera-se necessário um apelo a um compromisso sob a forma de um programa de salvaguarda da coesão social em Portugal, de manutenção e reforço das capacidades produtivas do país para gerar emprego, com atenção às pessoas, evitando sacrifícios desnecessários. Os pontos essenciais de tal compromisso são os seguintes:

1. Garantir que em todas as decisões económicas e financeiras se coloca o objectivo de promoção exigente do crescimento e do emprego, reconhecendo que a sociedade portuguesa não comporta níveis de desemprego que outras sociedades registam, dada a fragilidade da estrutura de rendimentos e a insuficiência dos mecanismos de protecção social. A presença, já sugerida, da OIT nas negociações entre o Governo e a troika FMI-BCE-CE seria um sinal construtivo muito importante, colocando a questão do trabalho digno.

2. Desencadear um escrutínio rigoroso da despesa pública, auditando a dívida do país, sobretudo a externa, identificando com rigor as necessidades reais e os desperdícios da administração pública e salientando a necessidade de concentrar os recursos na esfera essencial das políticas públicas que combatem a exclusão social e a desigualdade, qualificam as pessoas e promovem a actividade produtiva, a competitividade e o crescimento da economia.

3. Afirmar que a educação, a saúde e a segurança social, bem como outros bens públicos essenciais como os correios, não podem ser objecto de privatização, fazendo da lógica lucrativa um mecanismo de regulação nestes domínios, visto que tal solução seria cara e insustentável financeiramente, levaria à exclusão de muitos e generalizaria injustiças sociais e regionais.

4. Recusar qualquer diminuição do papel do Estado no sector financeiro, sublinhando que a Caixa Geral de Depósitos deve permanecer integralmente pública e com uma missão renovada e que a regulação do sector terá mesmo de ser reforçada para evitar novos abusos.

Os signatários entendem que um compromisso deste tipo viabiliza as acções necessárias ao momento presente, capacita a sociedade para enfrentar positivamente as dificuldades e tem como objectivo tornar claro que, em circunstâncias graves, há direitos associados à dignidade do trabalho, ao respeito pelas pessoas e à garantia da coesão social que não podem ser postos em causa, sob pena de fragilizar gravemente o país e de eliminar qualquer capacidade própria de superar a situação dramática em que nos encontramos.

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Para onde caminha a Europa?


A extrema-direita conquistou o terceiro lugar nas eleições legislativas finlandesas, obtendo 19% dos votos (contra os 19,1% do partido social-democrata e os 20,4% que garantiram a vitória dos conservadores).

Face às eleições de 2007, o partido nacionalista de extrema-direita Perussuomalaiset (Verdadeiros Finlandeses) aumentou a  sua votação em 15% e passou de 5 para 39 deputados.

Para onde caminha a Europa?


domingo, 17 de abril de 2011

Reviralhos Sound System # 22 (edição especial)



Sérgio Godinho - "O Charlatão" (1971)




Sérgio Godinho - "Liberdade" (1974)




Sérgio Godinho - "O Grande Capital" (1974)




Sérgio Godinho" - "O Primeiro Dia" (1974)




Sérgio Godinho - "Venho Aqui Falar" (1978)




Sérgio Godinho - "Arranja-me Um Emprego" (1979)
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sábado, 16 de abril de 2011

Se não fosses idiota, o que gostarias de ter sido? (parte VIII)


Entre mais uma irrelevante mensagem de Cavaco Silva no facebook, as inenarráveis declarações de Otelo Saraiva de Carvalho sobre o 25 de Abril, a tragicomédia patética de Fernando Nobre (o candidato a deputado do PSD que declara renunciar ao mandato caso não seja eleito presidente da Assembleia da República) e o irresponsável apelo de Marinho Pinto a uma greve à democracia, torna-se difícil escolher o idiota da semana.

Talvez seja fruto do calor, da depressão causada pela crise ou mera estupidez natural. O certo é que todos eles merecem um destacado lugar no pódio da cretinice que nos assolou durante esta semana.


A cantiga é uma arma (contra a agiotagem dos banksters) # 7


"The Jolly Banker", infelizmente continua tão actual como há 70 anos atrás...



The Jolly Banker (letra e música de Woody Guthrie)

My name is Tom Cranker and I'm a jolly banker,
I'm a jolly banker, jolly banker am I.
I safeguard the farmers and widows and orphans,
Singin' I'm a jolly banker, jolly banker am I.

When dust storms are sailing, and crops they are failing,
I'm a jolly banker, jolly banker am I.
I check up your shortage and bring down your mortgage,
Singin' I'm a jolly banker, jolly banker am I.

When money you're needing, and mouths you are feeding,
I'm a jolly banker, jolly banker am I.
I'll plaster your home with a furniture loan,
Singin' I'm a jolly banker, jolly banker am I.

If you show me you need it, I'll let you have credit,
I'm a jolly banker, jolly banker am I.
Just bring me back two for the one I lend you,
Singin' I'm jolly banker, jolly banker am I.

When your car you're losin', and sadly your cruisin',
I'm a jolly banker, jolly banker am I.
I'll come and forclose, get your car and your clothes,
Singin' I'm jolly banker, jolly banker am I.

When the bugs get your cotton, the times they are rotten,
I'm jolly banker, jolly banker am I.
I'll come down and help you, I'll rake you and scalp you,
Singin' I'm jolly banker, jolly banker am I.

When the landlords abuse you, or sadly misuse you,
I'm jolly banker, jolly banker am I.
I'll send down the police chief to keep you from mischief,
Singin' I'm jolly banker, jolly banker am I.

"A Cidade dos Mortos", um filme de Sérgio Tréfaut


Depois de vários anos de preparação/filmagens e após percorrer o habitual circuito de festivais (onde ganhou o grande prémio Documenta Madrid 2010), o novo filme de Sérgio Tréfaut, "A Cidade dos Mortos", estreou na passada quinta-feira em Lisboa, Porto e Coimbra.



Lido por aí... # 12


"O arco da austeridade", um texto de Sandra Monteiro, publicado na edição de Abril do Le Monde Diplomatique

Na sequência da reprovação pelas oposições parlamentares do quarto programa de estabilidade e crescimento (PEC IV), o governo demitiu-se e estão agora marcadas eleições legislativas para o dia 5 de Junho. Com a dissolução da Assembleia, depressa os meios de comunicação social foram inundados por considerações sobre a responsabilidade, ou falta dela, de se juntar uma crise política às outras crises que já afectam o país. Mas será possível enveredar pelo austeritarismo, que está hoje no centro das recomposições que a crise impôs nas clivagens políticas, e escapar a alguma das dimensões da crise que esse programa aprofunda, quando ainda por cima as diversas dimensões da crise actuam umas sobre as outras?

No fogo cruzado das acusações sobre a dissolução do Parlamento, marcadas por uma fulanização que prenuncia já a ligeireza política do debate que aí vem, tiveram de passar vários dias até que os media recentrassem a informação em matéria relevante para compreender o que se passava. Quando Pedro Passos Coelho publicou um artigo no The Wall Street Journal, destinado a tranquilizar os «mercados internacionais» quanto ao sentido da votação do seu partido, lá se disse aos portugueses que o Partido Social Democrata (PSD) se recusou a viabilizar o mais recente PEC por entender que as propostas de austeridade do governo «não iam suficientemente longe».

O «arco austeritário», de que fazem hoje parte o Partido Socialista (PS) e as formações à sua direita, mantinha-se portanto intacto. De facto, para se observar as fendas que abrem por toda a parte, o sítio para onde se deve olhar é para a vida concreta das pessoas que são atingidas pelas políticas de austeridade.

É aí que o desemprego e a precariedade, os baixos salários e a degradação dos serviços públicos e do Estado social, já em curso ou em projecto, revelam o verdadeiro rosto da tão falada «oportunidade» que a crise representa: para o neoliberalismo, a resposta austeritária é um salto de gigante no sentido da regressão social e da exploração laboral.

Este programa, que constrói sociedades cada vez mais marcadas por desigualdades socioeconómicas, como acontece em Portugal, é indissociável de um processo de financeirização das economias no âmbito do qual os Estados desistiram do controlo político dos mercados e aceitaram ser seus dependentes. É também indissociável, no caso dos países europeus, e sobretudo das economias periféricas, da aceitação de uma integração desastrosa na União Europeia que hoje constrange enormemente quaisquer possibilidades de recuperação.

Mas este programa seria também incompreensível sem a capacidade que os meios de comunicação social têm hoje de delimitar o campo do possível, afunilando o pluralismo de perspectivas e generalizando, no caso vertente, a ideia de que não há resposta viável à crise que não seja a austeridade. Não o fazem discutindo as vantagens e as desvantagens dessa resposta, convocando para o debate os seus defensores e os seus opositores. Fazem-no pressupondo que o austeritarismo é um campo consensual (mesmo que desagradável...) e, mais ainda, que é o único quadro possível e realista para a governação do país.

É isso que explica, por exemplo, que as referências na comunicação social ao que podia ser chamado um «arco da austeridade» surjam sempre na forma de «arco da governação». Mais do que exprimir a vontade de quem se opõe à austeridade de participar ou não na governação, este discurso sinaliza que esse arco não admite os anti-austeritários. É aliás curioso o modo como, recentemente, até se tem generalizado mais a expressão «arco da governabilidade». Já não se trata apenas de identificar os que terão direito a aceder à governação, mas de definir quem é que, uma vez lá chegado (e, em rigor, nunca se sabe que surpresas as eleições reservam), poderá ter condições de assegurar a «governabilidade», isto é, garantir alguma estabilidade nacional e internacional na condução das políticas.

Não deixa de ser paradoxal para a democracia que seja justamente quando a crise chega à política e quando a instabilidade, estrutural ao funcionamento do neoliberalismo, ameaça traduzir-se também em processos eleitorais mais frequentes, que os cidadãos estejam a ser chamados para eleger representantes que, a menos que contestem os caminhos da integração nacional na União Europeia, e a relação desta com instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), terão uma fraquíssima autonomia de decisão política.

Por outro lado, cada vez que o espaço mediático é ocupado, sem contraditório, por quem recorre a todos os dispositivos retóricos para encobrir os (evitáveis) efeitos corrosivos da austeridade e para insistir nas vantagens de ter no poder o «arco da governabilidade», é caso para pensar nas consequências que poderá ter para a estabilidade de todo este edifício comunicacional um escrutínio cidadão continuado das respectivas práticas jornalísticas e representações da sociedade.

É caso também para pensar na importância que os movimentos populares e toda a luta no terreno social poderão ter, neste contexto político-económico, para impedir que em breve sejamos todos confrontados com uma outra dimensão da crise, tão anunciada quanto a social e a política, que é a da corrosão dos laços de confiança e de solidariedade que tende a desintegrar as comunidades onde se permite o aprofundamento imoral das desigualdades, num fosso que de um lado acumula arrogância e do outro sofrimento. Que neste mês de Abril, 37 anos depois de a democracia ter saído à rua, os portugueses saibam recuperar na contestação ao «arco da austeridade» o que essa contestação representa de mais nobre: a defesa do «espírito da igualdade».


segunda-feira, 11 de abril de 2011

domingo, 10 de abril de 2011

Hoje somos todos islandeses!


Terminada a contagem dos votos do referendo na Islândia, confirma-se uma nova vitória do "Não" (com uma clara maioria de 60%).

Pela segunda vez, e com um nível de participação superior à do primeiro referendo, o povo islandês foi às urnas manifestar a sua recusa em pagar a factura das dívidas causadas pela avidez irresponsável da banca.

Hoje somos todos islandeses!

sábado, 9 de abril de 2011

Fora do rebanho


Desculpem lá, mas não contem connosco para supostos compromissos de "salvação nacional" nem para integrarmos o coro unanimista em torno do pedido de intervenção do FEEF-FMI.

Lamentamos ser desmancha-prazeres, mas preferimos ficar fora do rebanho.



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