domingo, 6 de março de 2011

Entre nós e as palavras # 17


Vocês são a fovor ou contra?
Respondam sim ou não.
Decerto já pensaram no problema
Creio sinceramente que ele os tem preocupado.
Tudo na vida traz preocupações
Crianças mulheres insectos
Plantas nocivas, horas sem proveito
Paixões difíceis, dentes cariados
Filmes medíocres. E isto decerto os preocupa.
Sejam responsáveis e digam: Sim ou não.
A vocês é que cabe decidir.
Não lhes pedimos evidentemente que abandonem
Suas ocupações, que interrompam sua vida
O jornal preferido o bate-papo
No barbeiro os domingos ao ar livre.
Uma palavra só. Vamos, então:
Vocês são contra ou a favor?
Pensem bem: Eu fico à espera.

Manólis Anagnostákis - "A Decisão"

(tradução: José Paulo Paes)

1 comentário:

  1. A pluma fastidiosa

    por Luis Rainha

    O Expresso desta semana inclui, além de capas fascinadas por glândulas mamárias, algumas homenagens à vacuidade convencida em forma de gente: Clara Ferreira Alves. Acrescendo à habitual coluna, em que a artista da pluma corajosamente chama bandido e mafioso a Berlusconi – aguarda-se agora que forneça tratamento similar ao nosso gangsterzeco doméstico – ela ainda tem direito a uma looooooonga entrevista a António Costa e ao prefácio da bibliografia de Pessoa apensa ao jornal como brinde (presume-se que para recompensar os que tiverem a pachorra de ler a entrevista).
    Na primeira, observamos dois grandes vultos tuteando-se com carinho e trocando perguntitas de algibeira por platitudes. O problema é que ninguém sabe ao certo porque serão eles grandes vultos; duas autonomeadas esperanças, da Política e da Literatura, sem obra que se lobrigue nem méritos à mostra, sempre adiando para o próximo livro, para a sinecura seguinte, o desabrochar pleno dos seus incontáveis talentos.
    Na capa da biografia ofertada, o nome da prefaciadora conseguiu até expulsar o autor do opúsculo: Gaspar Simões fugiu de tal companhia e refugiou-se na contracapa. A Pluma, com a sua modéstia costumeira, trata depois de nos explicar a rarefacção da troposfera intelectual onde as suas exegeses voam (ou mergulham, ou lá o que é): «Pessoa é para os portugueses como o mar. (bláblá) Perigoso para mergulhadores inexperientes e cientistas zelosos.» Estão a ver como isto de escrever prefácios armados em carapau de corrida não é para todos?
    Para a semana, bem que podem voltar a encher a coisa de mamas. Não voltam a apanhar os meus ricos três euricos.

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