A mais recente vítima da austeridade assassina imposta ao povo grego chamava-se Dimitris Christoulas. Tinha 77 anos, estava reformado e com dívidas, recusava-se a mendigar. Por isso suicidou-se nesta quarta-feira em frente ao Parlamento da Grécia.
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A tragédia do austeritarismo. Nota de suicídio de um pensionista Grego de 77 anos.
ResponderEliminarEsta manhã às 9h, um pensionista de 77 anos suicidou-se a tiro na praça Syntagma em Atenas, Grécia.
Alguns media noticiaram o facto mas poucos mencionaram a nota de suicido abaixo.
“O governo de ocupação aniquilou-me literalmente qualquer possibilidade de sobrevivência dado que o meu rendimento era inteiramente proveniente de uma pensão que eu, sem qualquer suporte de ninguém nem do Estado, financiei durante 35 anos.
Porque a minha idade me impede de assumir uma acção radical (se não fosse isso, se um cidadão decidisse lutar com uma Kalashnikov, eu seria o primeiro a segui-lo), não me resta nenhuma solução excepto colocar um fim decente à minha vida antes de ser forçado a procurar comida nos caixotes do lixo e de ser um peso para os meus filhos.
Eu acredito que a juventude sem futuro brevemente se erguerá [ele literalmente diz: “empunhará armas”] e enforcará todos os traidores nacionais de cima a baixo, como os Italianos fizeram a Mussolini em 1945 [Piazzale Loreto, Milão]."
Fonte: The human tragedy of Greek austerity.
Postado por paulo c. às 17:57
Uma tragédia
ResponderEliminarpor Sérgio Lavos
Para não escrever um palavrão, a única coisa que Gaspar, o seu lapso e o Governo merecem, deixo aqui um texto de Luís Menezes Leitão, do Delito de Opinião:
"Esta notícia do suicício de um pensionista grego de 77 anos em plena Praça Syntagma reveste-se de um enorme simbolismo. Trata-se de um cidadão que tinha um contrato com o Estado, pelo qual ele asseguraria a sua reforma em virtude dos descontos que fez durante uma vida inteira. Para satisfazer os credores estrangeiros, o Estado quebrou esse contrato, cortando-lhe essa pensão, deixando o cidadão na miséria. Provavelmente o cidadão achou que o seu Parlamento o defenderia e que a Grécia tinha uma constituição que o protegeria. Quando viu que o país tinha passado a ser governado pelos credores estrangeiros, pôs termo à sua vida precisamente na praça da Constituição onde se encontra o parlamento grego. Ora, um país em que os cidadãos se matam em frente ao seu Parlamento é um país que já morreu.
Por cá, infelizmente as coisas não vão muito melhor. O tribunal constitucional também aceitou cortar salários e pensões, desde que o corte fosse temporário. A argumentação é ridícula, uma vez que enquanto dura o corte de salários as pessoas podem entrar em insolvência e ficar na miséria. No entanto, já veio a Comissão Europeia pedir que o corte se torne definitivo e o Primeiro-Ministro imediatamente referiu que o dinheiro confiscado só será devolvido a partir de 2015 e às pinguinhas. Um Estado que prefere proteger os credores estrangeiros em lugar dos seus funcionários e pensionistas é um Estado que não se respeita a si próprio. Para defender o Estado português, exige-se aos governantes algo mais do que pôr a bandeira de Portugal na lapela do casaco: exige-se que protejam os cidadãos portugueses."
5.4.12
ResponderEliminarMorte em Atenas
Quanto a esta notícia sobre o suicídio de um grego de 77 anos, em Atenas, na Praça Sintagma, o Luís Menezes Leitão já disse tudo o que eu gostaria de ter escrito, a começar pelo título: «O simbolismo de uma tragédia».
«Sou reformado. Não posso viver nestas condições. Recuso-me a procurar comida no lixo, por isso decidi pôr fim à vida.»
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Share | Posted by Joana Lopes