No dia 30 de Junho de 2012, o Movimento Sem Emprego chama a primeira manifestação de desempregados em Portugal.
Já não era sem tempo. Estamos pelos cabelos. Fartos de sermos tomados por preguiçosos que só não são ricos e perfumados como os nossos governantes porque lhes falta espírito empreendedor. Que se ao menos nos levantássemos do sofá e fossemos vender pastéis de nata, o futuro de Portugal estava assegurado.
Isto são mentiras. Mentiras comprovadas pelo valor real de 1 milhão e 300.000 desempregados, com 800 novos a surgir todos os dias. Mentiras comprovadas por centros de emprego que todos os dias se enchem – não para oferecer empregos, mas para tratar os desempregados como criminosos que precisam de ser controlados.
Mentiras de bancos que engoliram e continuam a engolir milhares de milhões dos nossos impostos mas que depois não se dignam a dar crédito às empresas nem pensam duas vezes antes de meter famílias no olho da rua porque não há trabalho com que pagar o empréstimo imobiliário. Mentiras de governantes que endividaram os trabalhadores, os seus filhos e os seus netos para construírem estradas que ninguém usa para poderem passear por Paris e Bruxelas, de bolsos cheios.
Com números destes, o que quer que saia da boca de Passos Coelho, Vítor Gaspar ou do Ministro do Coiso sobre o desemprego, não tem outro nome senão histórias da carochinha. Este desemprego não é um acidente nem é culpa dos portugueses. É uma política. É a política de quem serve os bancos, de quem beija a mão das grandes fortunas, de quem faz vénias aos desmandos das Merkels deste mundo.
Porque ama esta gente o desemprego?
Porque o desemprego é a ferramenta que o sistema neoliberal usa para destruir o emprego com direitos e salários dignos. São a ameaça que pesa sobre a cabeça daqueles que ainda têm um emprego, para os obrigar a aceitar mais um corte, mais uma hora de trabalho, mais uma indignidade, mais um abuso de poder.
E nisto tudo os portugueses aprenderam a sofrer em silêncio. Sofreram a injustiça, sofreram as mentiras, sofreram o medo do amanhã sem saber como dar de comer aos filhos e a quem amam. Sofreram uma vida de pesadas responsabilidades e magros direitos – e agora até esses poucos nos querem arrancar – “Apesar de tudo o que trabalhas e sofres por este país, se adoeceres não trataremos de ti. Se envelheceres, morrerás à fome. Se tiveres filhos, não os poderás visitar quando tiveres saudades porque eles terão partido para uma terra distante”.
E neste sofrimento, os portugueses ganharam uma força que desconhecem. Enquanto governantes e gananciosos se engordaram à nossa conta, nós aprendemos a fazer o impossível com uma mão cheia de coisa nenhuma. E este sofrimento que carregamos ao peito, está na hora de sair como um grito que diz BASTA! Um grito que diz que somos muitos, que não temos medo porque já não temos nada a perder, que somos um milhão e 300.000 com o apoio de muitos mais. Um grito de promessa aos governos do desemprego: vão arrepender-se do dia em que fizeram do emprego, exploração.
Isto são mentiras. Mentiras comprovadas pelo valor real de 1 milhão e 300.000 desempregados, com 800 novos a surgir todos os dias. Mentiras comprovadas por centros de emprego que todos os dias se enchem – não para oferecer empregos, mas para tratar os desempregados como criminosos que precisam de ser controlados.
Mentiras de bancos que engoliram e continuam a engolir milhares de milhões dos nossos impostos mas que depois não se dignam a dar crédito às empresas nem pensam duas vezes antes de meter famílias no olho da rua porque não há trabalho com que pagar o empréstimo imobiliário. Mentiras de governantes que endividaram os trabalhadores, os seus filhos e os seus netos para construírem estradas que ninguém usa para poderem passear por Paris e Bruxelas, de bolsos cheios.
Com números destes, o que quer que saia da boca de Passos Coelho, Vítor Gaspar ou do Ministro do Coiso sobre o desemprego, não tem outro nome senão histórias da carochinha. Este desemprego não é um acidente nem é culpa dos portugueses. É uma política. É a política de quem serve os bancos, de quem beija a mão das grandes fortunas, de quem faz vénias aos desmandos das Merkels deste mundo.
Porque ama esta gente o desemprego?
Porque o desemprego é a ferramenta que o sistema neoliberal usa para destruir o emprego com direitos e salários dignos. São a ameaça que pesa sobre a cabeça daqueles que ainda têm um emprego, para os obrigar a aceitar mais um corte, mais uma hora de trabalho, mais uma indignidade, mais um abuso de poder.
E nisto tudo os portugueses aprenderam a sofrer em silêncio. Sofreram a injustiça, sofreram as mentiras, sofreram o medo do amanhã sem saber como dar de comer aos filhos e a quem amam. Sofreram uma vida de pesadas responsabilidades e magros direitos – e agora até esses poucos nos querem arrancar – “Apesar de tudo o que trabalhas e sofres por este país, se adoeceres não trataremos de ti. Se envelheceres, morrerás à fome. Se tiveres filhos, não os poderás visitar quando tiveres saudades porque eles terão partido para uma terra distante”.
E neste sofrimento, os portugueses ganharam uma força que desconhecem. Enquanto governantes e gananciosos se engordaram à nossa conta, nós aprendemos a fazer o impossível com uma mão cheia de coisa nenhuma. E este sofrimento que carregamos ao peito, está na hora de sair como um grito que diz BASTA! Um grito que diz que somos muitos, que não temos medo porque já não temos nada a perder, que somos um milhão e 300.000 com o apoio de muitos mais. Um grito de promessa aos governos do desemprego: vão arrepender-se do dia em que fizeram do emprego, exploração.
Unidos pelo Direito ao Trabalho e à Dignidade!
Site: http://www.movimentosememprego.info
Página no Facebook: http://www.facebook.com/groups/movimentosememprego/
Twitter: https://twitter.com/MovSemEmprego
Quando o governo te insulta...
ResponderEliminarHoje, o Álvaro foi à Covilhã insultar a democracia. Digo insultar porque o pastel tentou, por portas e travessas, escapar ao confronto com os cidadãos que desesperam com as políticas do seu governo. Este gusano depois de não ter resposta para dar, fugiu dos cidadãos que o confrontavam e entrou no carro rapidamente, como um bandido a fugir da lei. A democracia não se esgota no voto. Quando somos representantes políticos e estamos num cargo de natureza política, temos o dever de prestar todo e qualquer esclarecimento, que o mais humilde do cidadão nos peça. É duro? Seguramente, não é fácil; chama-se servir os cidadãos. Há quem veja esta questão ao contrário, como é o caso do Álvaro: um cargo político é para se servir dele, usando e abusando da oportunidade que lhe é dada por milhares e milhares de pessoas com o seu voto.
É bom andar de falcon e mercedes, e de outra forma nunca teria na vida hipótese de o fazer. É mau passar 10 minutos a ouvir as reclamações das pessoas a quem tem destruido a vida, uma maçada.
Depois de se meter no carro, há uma mulher que se põe à frente do mesmo. O que acontece é vergonhoso: o motorista continua a avançar, empurrando a mulher com o pára-choques do carro. A dada altura, um homem põe-se também à frente do carro. A história repete-se, um carro pago pelos contribuintes, com um motorista pago pelos contribuintes, com um ministro lá dentro, pago adivinhem lá por quem, avança sobre... isso mesmo: um contribuinte. Contribuinte esse que é arrancado de cima do carro por um polícia à paisana, escusado será dizer quem lhe paga o salário.
É a imagem perfeita deste governo: um governo disposto a atropelar os cidadãos, um governo cobarde, excepto quando está protegido pela blindagem dos seus carros e pelos seus esbirros. Um governo que não quer nem saber quantos portugueses vão ficar pelo caminho, com estas políticas de miséria, de fome e de destruição.
Os manifestantes tentaram fazer-se ouvir de forma pacífica! Para a próxima, o pastel pode não ter essa sorte. Se é com violência cobarde que responde a um protesto pacífico, arrisca-se a ter o troco na mesma moeda.
Pensa nisso, Álvaro.
Escolhas ideológicas
ResponderEliminarNo debate parlamentar da passada quarta-feira, em que se discutia a preparação da cimeira que está a decorrer em Bruxelas, António José Seguro sugeriu que o governo levasse consigo a proposta de os Estados se poderem financiar a 1% junto do BCE, beneficiando assim - em pé de igualdade - dos juros oferecidos ao sistema bancário por aquela instituição (e que este eleva para taxas bastante superiores quando empresta esse dinheiro aos Estados). Seguro referiu o impacto das poupanças que essa proposta comportaria para as finanças públicas portuguesas e para o próprio défice, estimando que os encargos com a dívida pública desceriam dos 7,3 mil milhões para cerca de 2 mil milhões de euros. Isto é, uma poupança de cerca de 5,3 mil milhões de euros (equivalente a dois subsídios aos funcionários públicos e pensionistas).
Na resposta, Passos Coelho reiterou a ideia de que «o BCE é talvez a instituição da União Europeia com mais credibilidade em momentos tão críticos como o que atravessamos», insinuando assim que a alteração proposta conduziria a uma «descredibilização do seu papel», susceptível de conduzir ao «fim do euro». Isto é, segundo Passos Coelho e o dogma neoliberal ainda reinante, o BCE é credível porque favorece o empréstimo aos bancos e deixaria de o ser se passasse a oferecer os Estados as mesmas condições de financiamento.
Esta resposta é bem elucidativa do juízo político e ideológico em que o Banco Central Europeu se encontra aprisionado, e que se tenta cinicamente dissimular com a camuflagem retórica da sua suposta «independência». Trata-se, de facto, de estabelecer que os Estados não são credores da mesma confiança que se deposita no sistema bancário, a partir dos mitos que persistem quando à suposta racionalidade e eficiência deste sistema. E, ao mesmo tempo, transmite-se a convicção de que cabe unicamente ao sistema bancário - e não ao Estado e às políticas públicas - revitalizar a economia.
Para além de esta escolha ideológica (no tratamento diferencial que é concedido pelo BCE aos Estados e à banca) carecer manifestamente de fundamento teórico e de demonstração empírica (a realidade, aliás, tem vindo a contradizer de modo sucessivo esse famigerado dogma), confia-se declaradamente que a saída da crise apenas se possa fazer através de quem a provocou. Isto é, mantendo praticamente inalterado o modelo de desregulação e financeirização da economia que esteve na sua génese, com os belos resultados que estão à vista de todos.
Postado por Nuno Serra às 29.6.12
Escolhas ideológicas
ResponderEliminarNo debate parlamentar da passada quarta-feira, em que se discutia a preparação da cimeira que está a decorrer em Bruxelas, António José Seguro sugeriu que o governo levasse consigo a proposta de os Estados se poderem financiar a 1% junto do BCE, beneficiando assim - em pé de igualdade - dos juros oferecidos ao sistema bancário por aquela instituição (e que este eleva para taxas bastante superiores quando empresta esse dinheiro aos Estados). Seguro referiu o impacto das poupanças que essa proposta comportaria para as finanças públicas portuguesas e para o próprio défice, estimando que os encargos com a dívida pública desceriam dos 7,3 mil milhões para cerca de 2 mil milhões de euros. Isto é, uma poupança de cerca de 5,3 mil milhões de euros (equivalente a dois subsídios aos funcionários públicos e pensionistas).
Na resposta, Passos Coelho reiterou a ideia de que «o BCE é talvez a instituição da União Europeia com mais credibilidade em momentos tão críticos como o que atravessamos», insinuando assim que a alteração proposta conduziria a uma «descredibilização do seu papel», susceptível de conduzir ao «fim do euro». Isto é, segundo Passos Coelho e o dogma neoliberal ainda reinante, o BCE é credível porque favorece o empréstimo aos bancos e deixaria de o ser se passasse a oferecer os Estados as mesmas condições de financiamento.
Esta resposta é bem elucidativa do juízo político e ideológico em que o Banco Central Europeu se encontra aprisionado, e que se tenta cinicamente dissimular com a camuflagem retórica da sua suposta «independência». Trata-se, de facto, de estabelecer que os Estados não são credores da mesma confiança que se deposita no sistema bancário, a partir dos mitos que persistem quando à suposta racionalidade e eficiência deste sistema. E, ao mesmo tempo, transmite-se a convicção de que cabe unicamente ao sistema bancário - e não ao Estado e às políticas públicas - revitalizar a economia.
Para além de esta escolha ideológica (no tratamento diferencial que é concedido pelo BCE aos Estados e à banca) carecer manifestamente de fundamento teórico e de demonstração empírica (a realidade, aliás, tem vindo a contradizer de modo sucessivo esse famigerado dogma), confia-se declaradamente que a saída da crise apenas se possa fazer através de quem a provocou. Isto é, mantendo praticamente inalterado o modelo de desregulação e financeirização da economia que esteve na sua génese, com os belos resultados que estão à vista de todos.
Postado por Nuno Serra
Sexta-feira, 29 de Junho de 2012
ResponderEliminarEscolhas ideológicas
No debate parlamentar da passada quarta-feira, em que se discutia a preparação da cimeira que está a decorrer em Bruxelas, António José Seguro sugeriu que o governo levasse consigo a proposta de os Estados se poderem financiar a 1% junto do BCE, beneficiando assim - em pé de igualdade - dos juros oferecidos ao sistema bancário por aquela instituição (e que este eleva para taxas bastante superiores quando empresta esse dinheiro aos Estados). Seguro referiu o impacto das poupanças que essa proposta comportaria para as finanças públicas portuguesas e para o próprio défice, estimando que os encargos com a dívida pública desceriam dos 7,3 mil milhões para cerca de 2 mil milhões de euros. Isto é, uma poupança de cerca de 5,3 mil milhões de euros (equivalente a dois subsídios aos funcionários públicos e pensionistas).
Na resposta, Passos Coelho reiterou a ideia de que «o BCE é talvez a instituição da União Europeia com mais credibilidade em momentos tão críticos como o que atravessamos», insinuando assim que a alteração proposta conduziria a uma «descredibilização do seu papel», susceptível de conduzir ao «fim do euro». Isto é, segundo Passos Coelho e o dogma neoliberal ainda reinante, o BCE é credível porque favorece o empréstimo aos bancos e deixaria de o ser se passasse a oferecer os Estados as mesmas condições de financiamento.
Esta resposta é bem elucidativa do juízo político e ideológico em que o Banco Central Europeu se encontra aprisionado, e que se tenta cinicamente dissimular com a camuflagem retórica da sua suposta «independência». Trata-se, de facto, de estabelecer que os Estados não são credores da mesma confiança que se deposita no sistema bancário, a partir dos mitos que persistem quando à suposta racionalidade e eficiência deste sistema. E, ao mesmo tempo, transmite-se a convicção de que cabe unicamente ao sistema bancário - e não ao Estado e às políticas públicas - revitalizar a economia.
Para além de esta escolha ideológica (no tratamento diferencial que é concedido pelo BCE aos Estados e à banca) carecer manifestamente de fundamento teórico e de demonstração empírica (a realidade, aliás, tem vindo a contradizer de modo sucessivo esse famigerado dogma), confia-se declaradamente que a saída da crise apenas se possa fazer através de quem a provocou. Isto é, mantendo praticamente inalterado o modelo de desregulação e financeirização da economia que esteve na sua génese, com os belos resultados que estão à vista de todos.
Postado por Nuno Serra às 29.6.12 Sem comentários:
Enviar a mensagem por e-mailDê a sua opinião!Partilhar no TwitterPartilhar no FacebookPortugal que não se iluda, é o próximo.
Recomendo a leitura desta entrevista de Costas Lapavitsas, professor de economia da SOAS (Escola de Estudos Africanos e Orientais da Universidade de Londres), disponível no Público electrónico.
Se a Grécia sair, segue-se Portugal?
Sim. Não acho que Portugal tenha futuro dentro do euro. Sei que os portugueses acreditam que possa ser diferente com eles, mas estão a iludir-se. Portugal teve 10 a 15 anos de estagnação. A economia é fraca, não pode sobreviver facilmente dentro do euro. Portugal não pode sobreviver na união monetária com algum tipo de dinamismo. O que vale para a Grécia vale para Portugal. E o mesmo para Espanha. A Espanha não conseguirá recuperar facilmente nesta união monetária.
Postado por Jorge Bateira
MSE Coimbra
ResponderEliminarBy Renato Teixeira | Published 29 de Junho de 2012 | Full size is 727 × 700 pixels
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ResponderEliminarCarrega, CGTP!
29 de Junho de 2012 por Bruno Carvalho
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_Publicado em cinco dias \ sem comentários
Lutar é vencer!
29 de Junho de 2012 por Renato Teixeira
Depois da acção do MSE contra o despedimento colectivo, a Zon de Coimbra foi obrigada a dar explicações e parece recuar nas intenções de fechar as instalações nesta cidade.
Ler o resto_
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_Publicado em cinco dias \ sem comentários
Genocídio Financeiro – «E eu pergunto aos economistas, políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?» Almeida Garrett
29 de Junho de 2012 por Renato Teixeira
“E as histórias são cada vez mais tristes, entre desempregados, pequenos empresários que a crise deixou falidos, ou pessoas sem dinheiro para a saúde, como o caso recente de um homem de 70 anos, de Creta, sem dinheiro para pagar os medicamentos para a dor que precisava para a sua perna amputada, ou de um homem de 60 anos que se atirou da janela junto com a sua mãe de 90 anos, em Atenas, aparentemente por os 340 euros da pensão da mãe, única fonte de rendimento dos dois, não chegarem para os cuidados de que necessitava. “
A propósito de mais um suicídio homicídio, na desta feita na Acrópole de Atenas. Quantos Dimitris Christoulas são precisos para sustentar um rico?
Eutanásia estatal
ResponderEliminarpor Luis Rainha
Há neste momento doentes oncológicos em Portugal sem acesso à terapia que melhor funciona nos seus casos pois esta é cara. Parece que os hospitais públicos estão proibidos de fazer gastos “excessivos” para manter vivos os seus pacientes.
É este o rosto da austeridade “custe o que custar”, da “racionalização” que não se mete em renegociações de PPP nem ousa as prometidas extinções de câmaras municipais, nem belisca as grandes fortunas. Mas que não hesita em cortar tudo a quem menos pode. Doentes que contribuíram para o SNS durante décadas, confiando que este cuidaria das suas aflições futuras. Pessoas que agora, quando mais precisam, são entregues à desesperança porque o país foi tomado de assalto por uma horda que não se acha obrigada a respeitar compromissos.
Burocratas sem coluna no Excel onde inserir factores como a dignidade ou o valor da vida humana. No meio deste holocausto há quem toque lira. É ler como figurinhas do calibre do inenarrável deputado laranja Carlos Abreu Amorim saltitam por aí de lágrima ao canto do olho a cantar loas ao “génio humano”, dedicado ao “bem comum”, que engendra cirurgias inovadoras... nos EUA.
Por cá, os senhores de lápis preso à orelha têm em vista o bem do sistema financeiro e a saúde dos bancos; contas feitas, que se lixe quem precisa de medicamentos caros. Esses que saiam das suas zonas de conforto e aprendam que sobreviver nesta nossa terra é agora um luxo para privilegiados.
Manifestação de desempregados este sábado
ResponderEliminarDesemprego não é um acidente nem é culpa dos portugueses: “é a política de quem serve os bancos, de quem beija a mão das grandes fortunas, de quem faz vénias aos desmandos das Merkels deste mundo”, diz convocatória.
Artigo | 29 Junho, 2012 - 11:59
Neste sábado, dia 30 de julho, realizam-se manifestações de desempregados, convocadas pelo Movimento Sem Emprego (MSE). Em Lisboa, a manif sai do Largo Camões às 15 horas, em direção a São Bento. No Porto, à mesma hora, sai da Praça da Batalha para a Praça D. João I. Em Coimbra, a manif é na Praça da República e em Braga na Av. da Liberdade.
“Já não era sem tempo. Estamos pelos cabelos. Fartos de sermos tomados por preguiçosos que só não são ricos e perfumados como os nossos governantes porque lhes falta espírito empreendedor. Que se ao menos nos levantássemos do sofá e fossemos vender pastéis de nata, o futuro de Portugal estava assegurado”, diz o comunicado enviado à imprensa, que prossegue: “Isto são mentiras. Mentiras comprovadas pelo valor real de 1 milhão e 300.000 desempregados, com 800 novos a surgir todos os dias. Mentiras comprovadas por centros de emprego que todos os dias se enchem – não para oferecer empregos, mas para tratar os desempregados como criminosos que precisam de ser controlados.”
Para os organizadores das manifestações, “Com números destes, o que quer que saia da boca de Passos Coelho, Vítor Gaspar ou do Ministro do Coiso sobre o desemprego, não tem outro nome senão histórias da carochinha. Este desemprego não é um acidente nem é culpa dos portugueses. É uma política. É a política de quem serve os bancos, de quem beija a mão das grandes fortunas, de quem faz vénias aos desmandos das Merkels deste mundo”.
Mas os portugueses “ganharam uma força que desconhecem. Enquanto governantes e gananciosos se engordaram à nossa conta, nós aprendemos a fazer o impossível com uma mão cheia de coisa nenhuma. E este sofrimento que carregamos ao peito, está na hora de sair como um grito que diz BASTA! Um grito que diz que somos muitos, que não temos medo porque já não temos nada a perder, que somos um milhão e 300.000 com o apoio de muitos mais. Um grito de promessa aos governos do desemprego: vão arrepender-se do dia em que fizeram do emprego, exploração”, conclui o comunicado.
Défice está pior que em 2011
ResponderEliminarUm ano de medidas de austeridade e de sacrifícios teve como resultado o agravamento do défice, revelam os dados do INE referentes ao primeiro trimestre deste ano. Em vez de diminuir, aumentou e a meta de 4,5% do PIB para este ano está cada vez mais distante.
Artigo | 29 Junho, 2012 - 13:00
Vítor Gaspar já lembrou que o memorando da troika inclui um compromisso para tomar medidas adicionais se for necessário. Foto de Miguel A. Lopes/LUSA Os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que o défice das administrações públicas atingiu os 3,2 mil milhões de euros até março, o equivalente a 7,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Este valor está 0,4 pontos percentuais acima do registado no período homólogo do ano passado (7,5%), o que significa que as medidas de austeridade impostas pelo governo de Pedro Passos Coelho e pela troika, em vez de reduzirem o défice, aumentaram-no.
O compromisso do governo é de atingir um défice de 4,5% do PIB em todo o ano de 2012, o que implicaria numa redução de mais 3,4 pontos percentuais, o que, considerando a evolução das contas, parece descartado. Recorde-se que Vítor Gaspar admitiu na semana passada que essa meta está rodeada de “riscos e incertezas”.
Segundo o INE, os dados agora divulgados refletem "em larga medida a diminuição das receitas de impostos sobre a produção" com uma quebra de 1,7 por cento no ano acabado no primeiro trimestre de 2012, "e o aumento das prestações sociais" com um crescimento de 1,2 por cento no mesmo período.
Derrapagem nas metas orçamentais
Quando assumiu o governo, Passos Coelho encontrou um défice de 7,4% e, com essa justificativa, antecipou medidas do acordo da troika e impôs um imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal. Com esta medida e com a transferência dos fundos de pensões dos bancários, o governo conseguiu fechar o ano de 2011 com um défice de 4,2% do PIB.
Só que o défice no primeiro trimestre é ainda maior que no ano passado, o que tem levantado a suspeita de que o governo está a preparar novas medidas de austeridade. Por enquanto, nega essa intenção. Mas Vítor Gaspar já lembrou que o memorando da troika inclui um compromisso para tomar medidas adicionais se for necessário.
Todos os números apontam para a derrapagem nas metas orçamentais. Até maio, as receitas fiscais caíram 3,5%, apesar dos aumentos de impostos; ora o Orçamento retificativo previa que crescessem 2,6% no conjunto do ano. Além disso, o desemprego já reduziu a metade o saldo da Segurança Social, quer devido a uma quebra superior à prevista das receitas das contribuições sociais, quer devido a um aumento maior das despesas com subsídios de desemprego e outras prestações sociais.
Défice aumenta e Passos fala em “resultados positivos”
ResponderEliminarDiz que os dados do INE que revelam o agravamento do défice indicam que “estamos a fazer um ajustamento bem sucedido”. E reafirma compromissos com as metas de redução do défice este ano.
Artigo | 29 Junho, 2012 - 17:58
Para Passos, o "sucesso do ajustamento" é uma "boa notícia. Foto de José Sena Goulão/Lusa “Os resultados que estamos a observar são positivos na medida em que indicam que estamos a fazer um ajustamento bem sucedido”, disse, acrescentando que tal implica um aumento dos riscos, tanto de “natureza social”, como o aumento do desemprego, como em termos de cumprimento das metas orçamentais. Estas são palavras do primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, falando no final de um Conselho Europeu, em Bruxelas, e citado pela agência Lusa.
Passos respondia a perguntas sobre os dados do Instituto Nacional de Estatísticas que revelam que o défice orçamental no primeiro trimestre se agravou para 7,9% do PIB, mais do que os 7,5% do período homólogo de 2011, e muito acima da meta de 4,5% prevista para o final do ano. O agravamento ocorre apesar de todas as medidas de austeridade e dos sacrifícios impostos.
O chefe do governo disse não pretender mascarar as dificuldades evidentes para atingir o objetivo do défice, mas reafirmou me Bruxelas o compromisso do governo de cumprir a meta, e disse mesmo que acredita que tal possa ser feito sem impor mais medidas de austeridade aos portugueses.
Reconheceu haver más notícias que “já eram conhecidas” e que confirmam os “riscos” identificados pela execução orçamental que “estão patentes já neste primeiro trimestre do ano e estão concentrados na menor receita que foi registada e também no facto de haver despesas, sobretudo com subsídios de desemprego e outras prestações sociais, que ficaram acima do que foi projetado”.
Boas notícias
Mas há boas notícias, sustentou, é os desvios estarem relacionados com “o sucesso do ajustamento” em curso, “que, em termos económicos, está a ser mais rápido e mais profundo do que estava previsto”.
Na publicação "Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional", o INE explica que o agravamento do défice orçamental se ficou, assim, a dever à "redução mais acentuada na receita que a verificada na despesa".
As receitas fiscais estão abaixo do previsto, e as despesas com prestações sociais, designadamente o subsídio de desemprego, acima do previsto. A síntese de execução orçamental relativa ao mês de maio, divulgada a 22 de junho, dava conta disso mesmo, ao revelar que a receita fiscal do Estado tinha caído 3,5% nos primeiros cinco meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2011.