Sob o lema "No nos vamos, nos expandimos", a acampada da Puerta del Sol chega hoje ao fim. Quase um mês após o seu início, o movimento 15-M propõe-se encetar uma nova fase de mobilizações e acções descentralizadas, das quais fazem parte o protesto internacional agendado para o dia 19 de Junho.
No dia em que se desmonta a acampada de Madrid, sugerimos a leitura deste dossier sobre o Movimento 15-M e recuperamos o sábio depoimento de Eduardo Galeano, recolhido em finais de Maio na acampada de Barcelona.
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A União Europeia ainda será uma boa ideia?
ResponderEliminarpor Daniel Oliveira
Num momento em que o empréstimo europeu a Portugal, a juros de roubo, começa já a fazer sentir os seus efeitos - risco de incumprimento aumentou, juro da dívida também - o Banco Central Europeu quer, finalmente, iniciar um processo que ajude a uma reforma da zona euro.
Aumento do orçamento europeu, como se exigiria para ter uma moeda saudável? Possibilidade de emissão de dívida pública europeia, como existe a qualquer Estado com uma moeda própria? Harmonização fiscal, para imedir uma competição entre Estados que, inevitavelmente, levará os cofres públicos à ruína? Ou seja: aprender alguma coisa com os erros que levaram o euro a este beco com saída? Nada disso.
Jean-Claude Trichet quer a introdução de sanções mais rápidas, pesadas e sistemáticas em caso de derrapagem orçamental. E é isto. Ou seja, quer garantir que o Estados que se vejam em situação de emergência sejam enterrados ainda vivos. Porque na ortodoxia burra do senhor Trichet o ataque ao euro não existiu e o governo económico da Europa resume-se a umas boas reguadas dadas a tempo.
A Europa é, como se tem visto, governada por incompetentes mas, valha-nos isso, cheios de convicções ideológicas. Como para os defensores dos planos quinquenais do socialismo real, também estes religiosos não conhecem factos que abalem as suas certezas. E enterrarão a Europa seguros da sua inabalável fé. Nada - rigorosamente nada - do que aconteceu nos últimos dois anos lhes dá razão. Mas isso é indiferente.
Por mim, se o caminho da Europa é este, se a solidariedade entre Estados se resume à lei do mais forte, é provável que reste aos europeus apenas uma solução para salvar a Europa: desmantelar, mal isso seja possível, a União. E quem o diz é um europeísta convicto. Só que às mãos do senhor Trichet, da senhora Merkel e de tantos sociopatas a União transformou-se num Frankenstein perigoso. Ela está a destruir o modelo social europeu, as economias periféricas, a paz social, a estabilidade política e, em última análise, a democracia na Europa. Ela foi uma excelente ideia. Mas nenhuma boa ideia vale a destuição de todos valores que essa mesma ideia jurou querer defender.
Uma social-democracia que perdeu o norte
ResponderEliminar"a social-democracia não pode ter só a ver com a preservação de instituições válidas como defesa contra opções piores. Nem precisa. Muito do que está mal no nosso mundo pode ser mais bem descrito na linguagem do pensamento político clássico: estamos intuitivamente familiarizados com as questões da injustiça, deslealdade, desigualdade e imoralidade - apenas nos esquecemos de como falar delas. Dantes a social-democracia exprimia essas preocupações, até perder também o norte."
Tony Judt, Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos, Ed. 70, p.216
Postado por Jorge Bateira
Cheira cada vez mais a "novo ciclo político"
ResponderEliminarAcabo de receber um reminder da Universidade onde andei - que raramente me escreve - para não faltar à atribuição do Prémio Carreira aos Drs. Alexandre Relvas e Filipe de Botton, Administradores múltiplos, próximos do PSD e fundadores do think-tank Compromisso Portugal.
O prémio foi atribuído por um júri presidido pela Dra. Manuela Ferreira Leite, aquela ex-deputada que não confirmou nem desmentiu que tinha pedido a subvenção vitalícia a que tinha direito por já ser deputada há 12 anos quando em 2005 foi decretado o fim das subvenções vitalícias.
Publicado por [Saboteur]
Educação e as Autarquias Locais:
ResponderEliminarPublicado em 15/06/2011 por fernando moreira de sá
Nesta altura em que se discute os cortes impostos pela Troika e uma eventual reformulação espacial dos concelhos, é de sublinhar o trabalho que algumas câmaras municipais continuam a fazer na Educação, sobretudo no que toca a equipamentos e recursos humanos e saber o que será feito no futuro.
O novo Ministro da Educação terá pela frente um verdadeiro desafio que ninguém, de bom senso, pode invejar. Terá, de certeza, de fazer mais com menos. Por isso mesmo, vai precisar (e muito) da ajuda das câmaras municipais.
Nos casos que melhor conheço (Maia, Felgueiras e Vila Nova de Gaia) o trabalho já realizado e o contratualizado via QREN, permite afirmar que a parceria entre o Ministério e as Autarquias é o caminho a seguir. No caso da Maia, o seu parque escolar foi totalmente renovado. Em Felgueiras entre obras já inauguradas e outras lançadas, o seu parque escolar caminha, igualmente, para a excelência. Por sua vez, Gaia, o maior concelho do Norte em termos populacionais (e aquele que está, neste momento, com o maior valor de investimento bruto em Educação) continua a apostar na Educação.
Aliás, Marco António Costa, ainda esta semana, o reafirmou: “O vice-presidente da câmara municipal de Gaia, Marco António Costa, assegurou esta noite que a educação “é um setor prioritário” no concelho, assumindo o “compromisso institucional” de que o continuará a ser “nos próximos anos”. (SIC/Lusa)
Garantindo, até, que “sempre que for necessário fazer opções por exiguidade financeira, entre um investimento numa escola ou outro qualquer investimento, a prioridade será sempre nas escolas“.
Em suma, o próximo responsável governamental desta pasta terá de contar e procurar fazer a ponte com as autarquias locais, de molde a garantir o sucesso. Não será por falta de boas escolas que não se terá uma educação pública de excelência. Não será por falta de vontade e empenho dos autarcas que não se cumpre o objectivo de excelência do ensino público.
Enxadas para que te quero!
ResponderEliminarPublicado em 15/06/2011 por Nuno Castelo-Branco
Torna-se cada vez mais notória, a falta de consistência demonstrada pelos agentes políticos. Cada mês, cada desígnio, cada semana, cada objectivo. Se há uns tempos se falou no mar, agora volta-se o olhar para a agricultura, coisa tão sólida e viável a curto prazo, como a chegada a Orion.
Cavaco Silva foi um entusiasta de um certo tipo de modernização que passava antes de tudo, pelo obliterar de um passado que abusivamente confundia com atraso. Esse passado era uma montra de exposição de produtos agrícolas, de têxteis e pescas. Desapareceu. Trocaram-se alfaias agrícolas por jeeps e os filhos dos lavradores passaram a gerir cafés e croissanterias na periferia das grandes cidades. Idem quanto à frota pesqueira que virou Pescanova, pois no que aos têxtis se refere, as importções Zara, Mango ou Pull & Bear fizeram o resto.
Não se pode fazer passar a ideia de facilidade no regresso ao campo. As vilas estão despovoadas de gente jovem e aquilo que se investiu no autoestradismo militante, poderia ter sido aproveitado para criar as condições destinadas a garantir a permanência de gentes e actividades. Essa era a modernização desejável, até porque teria uma componente industrial – a tal maquinaria que denota a modernidade tão evocada – muito acentuada. É que sendo Portugal um país tradicional, a sua razão de ser aí está, precisamente naqueles sectores que Adam Smith nos apontava há mais de duzentos anos. No entanto, torna-se impossível a satisfação de um capricho – porque é disso mesmo que hoje politicamente se fala – para agradar a potenciais estômagos roncantes de fome. Em suma, o medo vai-se instalando e para o contrariar, apresentam-se promessas recheadas de batatas, nabos ou grelos.
O novo governo bem poderá ir preparando o caminho que sem dúvida será longo e quase imperceptível. Talvez os bisnetos de Cavaco Silva tenham as condições materiais, anímicas, para esse regresso à terra. Por enquanto, contentemo-nos com A Portuguesa que, tal como ontem muito bem dizia Adriano Moreira, faz soar o necessário “sobre a terra, sobre o mar”. Sem isto, nada feito.
O desmembrar do SNS
ResponderEliminarPublicado em 15/06/2011 por packardemrodagem
Portugal gasta cerca de 8,7 do PIB na saúde e o SNS abrange aproximadamente 98% da população. Em contrapartida os EUA gastam 11,7% e só 75% da população tem acesso a cuidados de saúde. A nível internacional o SNS é considerado o 11º melhor sistema de saúde pública sendo que os nossos indicadores de saúde, tais como a esperança de vida à nascença e mortalidade infantil, são melhores do que os americanos. Contudo, hoje, no fórum da TSF, debateu-se “o estado da saúde”, que é como quem diz na linguagem cifrada da comunicação social, alardear depoimentos para a propaganda justificativa do desmantelamento do SNS. Quase apostava, de alguns dos depoimentos que ouvi, serem de encomenda. No meio da “seriedade” dos mesmos, se a audição me não pregou uma grande partida – e, nesse caso, lá terei de recorrer também ao SNS – queixava-se um deles a seco e sem delongas aos microfones da TSF: “ó minha senhora, cortaram-me o pénis sem me avisarem e cegaram-me há três anos, só agora recuperei 10% da visão”. Deixando de lado o problema da visão – ver para crer, não é? – e ficando-me pelo pilar do depoimento, da próxima vez que este cavalheiro recorrer à urgência de um hospital queixando-se de uma dor de cabeça os clínicos não estarão de modas e… cortar-lhe-ão a cabeça. Terá graça ouvi-lo depois na TSF a relatar o sucedido.
instituto do emprego e subtração salarial
ResponderEliminarOs movimentos FERVE e Precários Inflexíveis denunciaram os atropelos à lei que o IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional) tem implementado junto dos seus formadores externos, contratados em regime de falso recibo verde, que culminou agora na obrigação destes devolverem 10% dos honorários recebidos desde janeiro. Considerando que a atuação do IEFP, organismo público, se tem revestido de ilegalidades várias, estes dois movimentos apresentaram uma queixa ao Provedor de Justiça.
Conhece aqui (ou aqui) o texto e as formas de te juntares ao protesto.
Andrea Peniche 15.6.11