As políticas de Sarkozy e a recente chegada do SD ao parlamento sueco têm deixado a direita e a extrema-direita exultantes. Basta passar os olhos pelas caixas de comentários dos meios de comunicação social e dos blogues para percebermos ao que esta gente vem e o que propõe, regra geral com "argumentos" que não passam de insultos a quem pensa de forma diametralmente oposta à sua.
Estes arautos da Europa "pura e branca", começam também a florescer nos blogues referência da direita portuguesa (que nos abstemos de nomear), o que demonstra que também por cá, tal como em França, a direita se começa a apropriar da agenda da extrema-direita, integrando-a no seu discurso político.
Sobre este assunto gostaríamos de destacar a lucidez e inteligência com que Daniel Oliveira, no texto "Racista, eu?" (publicado no Arrastão e no Expresso Online), desconstrói as generalizações que habitualmente sustentam os discursos racistas e xenófobos:
Quero deixar aqui claro que não sou racista. Não me deixo é calar pela hipocrisia do politicamente correcto. E quem pode negar que os ciganos roubam, vivem à conta do Estado, não cumprem as leis e não querem trabalhar? Que batem em médicos e professores, andam armados e traficam droga? Que casam as filhas com 12 anos e só as metem na escola para receber o rendimento mínimo?
Não sou racista. Mas como pode o politicamente correcto dizer que os muçulmanos em geral e os árabes em particular não professam uma religião violenta, não são intolerantes e não desrespeitam os direitos das mulheres? Que não simpatizam com o terrorismo? Que não querem destruir a forma de viver do Ocidente? Que não abusam da nossa tolerância?
Não sou racista. Mas há alguém que não veja que são quase sempre os africanos que nos assaltam nas ruas, que entram aos magotes nos comboios da linha de Sintra e palmam tudo o que encontram? Que querem andar com bons ténis e para isso não hesitam em ficar com o que não lhes pertence? Que não sabem governar os seus próprios países e é por isso que emigram aos milhões?
Não sou racista. Mas não reparam que os chineses nos enchem o mercado de produtos baratos, destroem a nossa economia e o comércio tradicional e nunca se integram na sociedade nem têm qualquer contacto com os portugueses? Que eles sim, é que são racistas?
Eu não sou racista. Mas ao ler os parágrafos anteriores, que repetem as certezas populares que por aí se ouvem, misturando generalizações, mentiras e verdades, sempre na ânsia de encontrar o Inferno nos outros, não serei obrigado a concluir que, com excepção dos brancos, o mundo é composto por criminosos e parasitas?
Sei que a ironia passa mal. Esperemos que desta vez passe tão bem como as alarvidades que por aí se ouvem. E tão bem como esse mito que diz que Portugal é um país de brandos costumes que sempre conviveu bem com a diversidade. Este país onde toda a gente "até tem um amigo preto" que lhe serve de álibi que prove a sua tolerância para depois poder dizer tudo o que lhe venha à cabeça.
Para além do texto de Daniel Oliveira, e ainda sobre este assunto, não resistimos a linkar o excelente post "Europeus a menos?", publicado no blogue Entre as brumas da memória.
O post de Joana Lopes, na sua concisão e contundência, é uma verdadeira arma de arremesso contra a intolerância que se dissemina um pouco por toda a Europa e que, também nós, não nos cansaremos de combater.
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