Estamos fartos!
Estamos fartos do discurso falacioso de que os sacrifícios são equitativamente distribuídos por todos.
Estamos fartos deste pacto político-comunicacional que nos enfia PECs sucessivos pela goela abaixo, como se este fosse o único caminho existente.
Estamos fartos das missas dominicais de Marcelo, das agendas pessoais de Crespo e de todos os comentadores do regime (quantos deles com anteriores responsabilidades governativas).
Estamos fartos do desemprego, da precariedade laboral, da desregulação dos horários de trabalho, da diminuição salarial, do agravamento fiscal dos bens de primeira necessidade e dos cortes nas prestações sociais.
Estamos fartos que este Bloco Central, que ninguém elegeu, nos diga que vivemos acima das nossas posses e que o Estado-Providência é um luxo anacrónico.
Estamos fartos dos ataques da extrema-direita parlamentar ao excesso de generosidade das prestações sociais, como se não existissem 2 milhões de pobres neste país.
Estamos fartos de apoios ao sector financeiro, de fraudes bancárias e de uma política fiscal em que a tributação da Banca é inferior à de uma PME.
Estamos fartos desta política económica que encara a existência de offshores como uma inevitabilidade, insistindo em ignorar os milhões de euros que desta forma não pagam impostos.
Estamos fartos de confederações patronais, de gestores milionários, de especulação bolsista e da completa subjugação dos governos às leis do mercado.
Estamos fartos dos planos de privatizações já anunciados (CTT, REN, ANA, um bocadinho da CGD e ainda outro da CP) e do abandono dos sectores estratégicos aos interesses puramente mercantis dos privados.
Estamos fartos de uma Europa neoliberal que assiste e promove a destruição sistemática do “modelo social europeu”, como se este não fosse um dos seus maiores patrimónios civilizacionais.
Estamos fartos do Durão Barroso (porreiro pá, só se for para ti) e de uma Comissão Europeia que rasteja perante os mercados e dança ao ritmo de Merkel.
Estamos fartos dos ataques sistemáticos à Segurança Social, ao Sistema Nacional de Saúde, à Escola Pública e à Cultura.
Estamos fartos de um presidente da república que desbaratou fundos estruturais em alcatrão e betão, comportando-se agora como se ele próprio não fizesse parte do problema.
Estamos fartos de pagar uma crise para a qual não contribuímos, pois nunca acreditámos na máxima da auto-regulação dos mercados nem no conceito liberal de “estado mínimo”.
Estamos fartos que hipotequem as nossas vidas e que nos tentem demonstrar que o futuro é já ali, algures no século XXI mas com direitos iguais aos do século XIX.
Estamos fartos, mas vamos continuar a dar-lhes luta!
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