terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Entre nós e as palavras # 16


Paisagem destruída, com
latas de conserva, as entradas das casas
vazias, o que há lá dentro? Aqui cheguei

à tarde, de comboio,
duas panelas atadas
ao saco de viagem. Agora deixei

para trás os sonhos que sopram
numa encruzilhada. E pó,
pavana fragmentada, néon

morto, jornais e carris,
este dia, que me resta agora,
um dia mais velho, mais afundado e morto?

Quem é que disse que a isto
se chama vida? Eu retiro-me
para outros tons de azul.

Rolf Dieter Brinkman - "Poema"
 
(Tradução: João Barrento)
 
 
 

7 comentários:

  1. “Estamos a ser governados por um acordo entre o PS e o PSD”
    Coordenador da Comissão Política do Bloco afirmou que “se o PS tivesse sido leal à esquerda tinha aprovado um orçamento que não baixava os salários, que não baixava os apoios sociais” e defendeu que o” PSD quer este governo a governar da pior forma possível, prolongar a agonia”.
    Artigo | 23 Fevereiro, 2011 - 17:11

    Acordo PS-PSD para o OE 2011 - Foto de telemóvel de Teixeira dos Santos e Eduardo Catroga a assinarem, divulgada por este. Em entrevista ao jornal I, o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda esclareceu que o Bloco apresentou a “moção de censura na plena responsabilidade que ela tem, ou seja, ela conduziria, se os partidos assim a votassem, a que houvesse eleições”. Francisco Louçã defendeu que “é melhor para o país evitar a degradação do dia-a-dia” e que “é melhor ter uma clarificação agora sobre os destinos do país, para que possamos escolher e parar esta corrida para o abismo, do que esperar mais dois anos em que já não teremos 700 mil mas 1 milhão de desempregados”.

    No que respeita ao facto do PSD anunciar que não irá apoiar a moção de censura do Bloco, o dirigente relembrou que “na noite da moção de censura, antes de qualquer declaração nossa, já todos os ex-líderes do PSD tinham dito que o partido não a poderia apoiar” e ironizou: “Se o texto fosse construa-se uma estátua a Pedro Passos Coelho e garanta-se que ele vai ser santificado, tinham votado contra”.

    Para o Bloco é claro que “estamos a ser governados por um acordo entre o PS e o PSD” e que o “PSD quer este governo a governar da pior forma possível, prolongar a agonia”.

    Francisco Louçã afirmou que “era possível ter um bom orçamento, só que o PS é infiel à esquerda” e ao “trabalhador que vota no PS”, preferindo “suportar os interesses financeiros”.

    “Se houver intervenção do FMI deve haver eleições”

    Questionado sobre se o governo deve demitir-se caso Portugal tenha que pedir ajuda externa ao Fundo de Estabilização Europeu e ao FMi, Francisco Louçã é peremptório: “Sim. Se houver intervenção do FMI deve haver eleições”. “Era inaceitável que houvesse uma abdicação da intervenção económica e social definida no âmbito nacional para aceitar uma tutela que é desastrosa, sem que os portugueses se pronunciassem”, adiantou.

    “Nunca faremos alianças com um partido que ataca o salário e o emprego”

    Quanto a uma possivel aliança de governo, o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda clarifou: “Nunca faremos alianças com um partido que ataca o salário e o emprego”. Para o Bloco, “700 mil desempregados e um milhão de recibos verdes não é governabilidade, é destruir”, sendo que “para haver governabilidade à esquerda é preciso quebrar o bloco central. É preciso ter uma força de esquerda suficientemente concreta e representativa que possa projectar o governo para o salário e para o emprego”.

    Francisco Louçã vai mais longe ao afirmar que o Bloco “nunca fará alianças para promover a precarização do trabalho” e que o “PS não defende o salário e o emprego”.

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  2. PSD quer “tornar precariedade em regra”
    Bloco defende que PSD se está a aproveitar da crise económica para “tornar a precariedade em regra” e considera que “reacção indignada e escandalizada” do PS é apenas uma tentativa de “fazer esquecer” que os socialistas foram “complacentes e autores” de “uma fragilização extraordinariamente gravosa das relações laborais”.
    Artigo | 23 Fevereiro, 2011 - 01:18

    MayDay, 2010. Foto de Paulete Matos. O projecto apresentado pelo PSD que prevê medidas “transitórias e excepcionais de promoção do emprego”, merece o repúdio do Bloco, que acusa os sociais-democratas de se aproveitarem da "crise económica em que o país está mergulhado para tornar a precariedade em regra”.

    Durante uma conferência de imprensa, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza, contrariou a posição do líder da bancada social-democrata, Miguel Macedo, que afirmou que é preferível “mais emprego, ainda que precário, do que mais desemprego prolongado”.

    José Manuel Pureza esclareceu que “o problema do desemprego não é um problema de flexibilidade” e que “a grande questão que se coloca é a natureza do emprego que é criado”, lembrando que, segundo dados recentemente divulgados pelo Banco de Portugal, existe “uma prevalência esmagadora da precariedade nos empregos criados no país”, já que nove em cada 10 empregos criados em Portugal são precários.

    O líder parlamentar do Bloco denunciou ainda o incentivo patente no diploma do PSD no sentido de toda a sociedade portuguesa pagar através dos impostos “uma parte do salário que só a empresa tem obrigação de pagar” e também de estar a ser permitida “uma informalização do contrato de trabalho a termo”. O dirigente do Bloco considera que o que está em causa “é claramente um regresso ao século XIX do ponto de vista das relações laborais”, sendo que “a aceitação da possibilidade de contratos a termo não escritos é a violação grosseira do mínimo espírito de protecção do trabalhador que é a base essencial de todo o direito do trabalho”.

    José Manuel Pureza fez ainda alusão à “reacção indignada e escandalizada” do PS a este diploma, defendendo que, apesar de se tratar de uma reacção “totalmente justificada”, é apenas uma tentativa de “fazer esquecer” que os socialistas foram nos últimos anos “complacentes e autores” de “uma fragilização extraordinariamente gravosa das relações laborais”.

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  3. Despesa com pensões regista a mais baixa variação das últimas duas décadas
    Em Janeiro de 2011, despesa com pensões regista a mais baixa variação das últimas duas décadas. Governo também corta nos apoios sociais: RSI diminui 23%, Abono de família 16,8%, Subsídios de Desemprego e Social de Desemprego e Apoios ao Emprego 6,6% e Acção Social 0,4%.
    Artigo | 23 Fevereiro, 2011 - 18:42

    O corte nas despesas sociais decorre das medidas de austeridade impostas no Programa de Estabilidade e Crescimento e no Orçamento do Estado para 2011. Foto de Paulete Matos. Segundo o Relatório de Execução Orçamental de Janeiro de 2011 do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, divulgado na terça-feira, “as despesas correntes com prestações sociais e outras transferências e subsídios correntes apresentam uma variação de apenas 1,0% face ao período homólogo”, sendo que “para este comportamento concorre a evolução da despesa com pensões que representa 60,4% daquela despesa e que em Janeiro regista uma variação de apenas 2,6%, a mais baixa variação verificada nas últimas duas décadas”.

    A despesa relacionada com as pensões de sobrevivência regista, inclusive, um decrescimento de 3,8% e a despesa com pensões de invalidez tem um corte de 1,6%”, face ao mesmo período do ano anterior.

    O governo socialista corta ainda nas prestações e apoios sociais: a despesa com o Rendimento Social de Inserção evidencia um decréscimo de 23,9%, no Abono de Família é registado um corte de 16,8%, a verba destinada aos Subsídios de Desemprego e Social de Desemprego e Apoios ao Emprego registou uma quebra de 6,6% e a despesa com a Acção Social registou uma variação negativa de 0,4%.

    O corte nas despesas sociais decorre das medidas de austeridade impostas no Programa de Estabilidade e Crescimento e no Orçamento do Estado para 2011, entre as quais a revogação do aumento extraordinário de 25% ao 1.º e 2.º escalão e a cessação do pagamento da prestação de abono de família aos dois escalões mais elevados, a alteração das regras de acesso aos apoios sociais, a suspensão do prolongamento do subsídio social de desemprego e o congelamento das pensões.

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  4. 100 mil pessoas em Atenas marcam dia de greve geral
    A Grécia acordou com lojas fechadas, serviços públicos encerrados e transportes muito condicionados. Em Atenas, os 100 mil manifestantes foram recebidos pela polícia com gás lacrimogéneo. Segundo a Reuters, esta é a maior manifestação desde Dezembro de 2008.
    Artigo | 23 Fevereiro, 2011 - 15:26

    Tal como aconteceu em 2010, a primeira greve geral de 2011 juntou trabalhadores, pensionistas e desempregados e tornou-se na maior manifestação desde Dezembro de 2008. Foto de Panagiotis Moschandreou, Epa/Lusa Cerca de 100 mil gregos marcharam pelas ruas de Atenas em direcção ao Parlamento em dia de greve geral para protestar contra as medidas de austeridade, entre as quais o corte nos salários dos funcionários públicos e nas pensões e o aumento dos impostos, apresentadas como contrapartida pelo acordo de resgate financeiro de 110 bilhões de euros afirmado com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional. Segundo a Reuters, esta é a maior manifestação desde Dezembro de 2008.

    A greve geral foi convocada pelas centrais sindicais dos sectores público e privado e deixou a Grécia praticamente paralisada. Esta quarta-feira de manhã o país não tinha ligações marítimas com as ilhas e nem comboios. Parte dos transportes urbanos não circulavam. No sector da aviação, as companhias aéreas Olympic Airways e Aegean foram obrigadas a anular 35 e 13 voos, respectivamente.

    O governo grego mandou um forte contingente para a rua para controlar os protestos. Cerca de cinco mil polícias acompanharam as manifestações em Atenas, tendo recebido os 100 mil manifestantes com bombas de gás lacrimogéneo.

    Em frente ao Parlamento, os manifestantes colocaram uma faixa onde se lia: “Estamos a morrer”. Nas ruas, a população queixa-se que atingiu o seu limite e que não é possível “fazer face às despesas".

    Ilias Iliopoulos, da central Adedy, do sector público, afirmou à Reuters que “esta greve lança uma vaga de protestos este ano com a participação de trabalhadores, pensionistas e desempregados” e que os manifestantes estão “contra estas políticas, que estão a levar à pobreza e a pôr a economia numa recessão profunda”.

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  5. Tribunal decide extradição de Assange para a Suécia
    Defesa do fundador da WikiLeaks já anunciou que vai recorrer. Juiz não aceitou o argumento de que existe o perigo de Assange ser extraditado da Suécia para os EUA, onde poderia enfrentar a pena de morte.
    Artigo | 24 Fevereiro, 2011 - 15:07

    Os advogados de Assange afirmam que o seu cliente não terá a possibilidade de um julgamento justo na Suécia, Um tribunal britânico determinou que o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, seja extraditado para a Suécia para ser interrogado sobre a acusação de crimes de natureza sexual. A defesa do jornalista e editor australiano já disse que vai recorrer da decisão e tem sete dias para fazê-lo. Se o recurso for negado, Assange será extraditado em dez dias.

    O juiz Howard Riddle, do Tribunal de Magistrados de Belmarsh, sul de Londres, não considerou válidas as alegações apresentadas pelos advogados de Assange, que apontavam erros graves na instrução do processo por parte das autoridades suecas. Por outro lado, o juiz considerou que as alegações de violação e abuso sexual feitas por duas mulheres são delitos que justificam a extradição e que o mandado da justiça sueca foi correctamente emitido.

    O juiz também considerou improcedentes os argumentos de que uma extradição para a Suécia equivaleria a violar os direitos humanos do acusado. A defesa argumentava que existia o perigo de o fundador da WikiLeaks poder ser extraditado da Suécia para os EUA, onde poderia enfrentar a pena de morte por espionagem ou até a prisão em Guantánamo.

    Os advogados afirmam que o seu cliente não terá a possibilidade de um julgamento justo na Suécia, onde se criou ambiente negativo que apresenta Assange como “o inimigo público número um”.

    O ministério público sueco afirma que quer interrogar Julian Assange sobre crimes de natureza sexual cometidos em Agosto no país, contra duas voluntárias da WikiLeaks. Recorde-se que o fundador da WikiLeaks ainda não foi formalmente acusado de nada.

    Assange afirma que tudo isto não passa de uma campanha destinada a denegri-lo, e a “punir” o fundador da WikiLeaks por ter revelado segredos embaraçosos para os EUA e seus aliados.

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  6. "Hoje temos uma maioria absolutíssima do PS e do PSD"
    "Não há ninguém, tirando o engº Socrates, que não reconheça que este governo merece ser censurado", afirmou José Manuel Pureza no debate sobre a moção de censura realizado esta quinta-feira em Coimbra.
    Artigo | 25 Fevereiro, 2011 - 01:03

    Dezenas de pessoas participaram no debate que teve lugar no histórico café Santa Cruz, na baixa da cidade

    Dezenas de pessoas participaram no debate que teve lugar no histórico café Santa Cruz, na baixa da cidade. O deputado bloquista eleito por Coimbra apresentou as razões para censurar o governo e comentou a reacção de muitos comentadores à iniciativa do Bloco. "São os mesmos comentadores que na véspera do anúncio da nossa moção estavam a discutir quando é que o PSD a deveria apresentar", recordou José Manuel Pureza. "O Bloco estragou-lhes o jogo", concluiu.

    "Hoje temos uma maioria absolutíssima do PS e do PSD na condução das políticas essenciais, ao mesmo tempo que se acusam mutuamente e atribuem ao outro as responsabilidades pelo estado em que deixaram o país", afirmou Pureza para defender a necessidade de clarificação deste "nevoeiro político".

    O líder parlamentar bloquista lembrou ainda que "esta é a 27ª moção de censura da democracia portuguesa e apenas uma derrubou um governo". E acrescentou que julga ser muito significativa "a corrida entre PSD e CDS para ver qual chegava primeiro para segurar o engº Sócrates".

    José Manuel Pureza elencou também as razões da moção de censura, dizendo que os 770 mil desempregados que existem no país significam não apenas a "desgraça social" que está à vista, mas também "um desperdício de recursos extraordinário". A subida do desemprego prevista esta semana pelo Banco de Portugal e a subida em flecha da precariedade nos últimos anos foram outros elementos que ajudam a entender, na opinião do deputado, que hoje em dia "todos temos bem a noção do apodrecimento da vida económica e social portuguesa", bem reflectido "num exército de desemprecários que hoje representa metade da força de trabalho em Portugal" ou no "sacrifício duma geração e das gerações a seguir, cujo horizonte é não ter trabalho ou entrar na experiência laboral sem direitos mínimos".

    A propósito da situação financeira do país, Pureza afirmou que um terço dos credores vêm da banca nacional. "Esta chantagem dos mercados sobre as despesas socials é feita por entidades que bem conhecemos. Os especuladores não estão lá fora. Estão aqui". E acrescentou que os quatro maiores bancos privados portugueses aumentaram os lucros em 2010 e pagaram menos imposto que no ano anterior. "O BPI teve mesmo um crédito fiscal e vai cobrar-nos mais de 5 milhões de euros", concluiu o deputado.

    O debate com o público centrou-se também na oportunidade da apresentação da moção de censura, com o dirigente bloquista a dizer que "qualquer iniciativa desta natureza é um gesto arriscado" e que hoje há a certeza que a censura a este governo é partilhada pela maior parte da população.

    "Estamos a assistir a uma quebra do contrato social pela mão do PS e do PSD: a primeira vez que Sócrates e Passos Coelho se sentaram à mesa foi para reduzirem o subsidio de desemprego. Agora querem o embaratecimento dos despedimentos com o supremo cinismo de porem o trabalhador despedido a pagar o seu despedimento", resumiu o líder da bancada do Bloco em São Bento.

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  7. O FMI em Portugal: mais uma grande vitória do quase-engenheiro!
    por Luis Rainha
    «É com grande satisfação que dou as boas vindas aos consultores, fiscais e, se posso dizê-lo, amigos do FMI. Sei que os botabaixistas do costume já estão a preparar mais uns lamentos e umas acusações, mas apenas para esconder um facto que os portugueses conhecem bem: que o FMI tenha chegado é motivo de orgulho para todos e de satisfação para quem verdadeiramente deseja o progresso do País, começando pelo Governo!
    Senão, vejamos.
    Somos dos primeiros países a merecer esta visita. Conseguimos antecipar-nos a uma economia em plena recuperação como a espanhola, garantindo assim acesso a conselhos frescos e a cofres europeus ainda bem supridos.
    Mais. Que o FMI dedique a sua energia e o seu tempo a Portugal é uma prova de confiança nas políticas seguidas por este governo. Enquanto os profetas do desânimo espalham os seus avisos de desgraça, estes técnicos reputados que agora aqui recebemos encontram sinais de esperança e possibilidades de recuperação. Se estivéssemos tão mal como a oposição insinua, eles não se dariam ao trabalho de aqui se instalarem!
    E vão ver como eles apenas alargarão o caminho já seguido: mais uns cortes nos ordenados, mais uns quantos impostos, menos alguma solidariedade social. Afinal, será apenas mais do mesmo.
    Por fim, já viram bem, repito, já viram bem o input de divisas que a chegada de tanta gente acarreta? As receitas acrescidas para a nossa hotelaria, para as nossas call-girls, para as inúmeras empresas que vendem catering aos ministérios? É quase como se o Verão este ano começasse mais cedo!
    Por tudo isto digo: vamos todos dar as boas-vindas aos eurocratas do FMI. Vamos ser simpáticos, subservientes e respeitosos. Vamos acatar as suas sábias indicações e levar-lhes os gin and tonics às esplanadas o mais depressa possível. Eles estão cá para nosso bem... e ainda bem!»

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