Os mercados financeiros funcionam com um conjunto de taxas de referência estruturadoras de toda a sua acção. A taxa de referência mais “popular” entre os portugueses é EURIBOR, taxa média a que 57 bancos europeus emprestam uns aos outros, indexante da maior parte dos empréstimos à habitação. Este valor é calculado através da informação fornecida pelos bancos. Outra importante taxa de referência, a LIBOR, com 350 mil milhões de dólares de produtos financeiros a ela indexados, diz respeito à taxa média praticada entre os bancos sedeados na maior praça financeira do mundo, Londres. Como a taxa média influencia (e muito) os destinos financeiros dos bancos, existe um incentivo para que se tente aldrabar a taxa real praticada por cada banco de forma a conseguir manipular a média para seu benefício. Ora, segundo o Financial Times, foi isso que aconteceu, pelo menos, entre 2006 e 2008, com um conjunto de importantes bancos a serem agora intimados pela justiça norte-americana e britânica por terem fornecido informação falsa. Mais uma vez se demonstra que não é defeito, é feitio. Só com uma refundação profunda e transparente do sistema financeiro podemos ter uma esfera financeira que sirva efectivamente o seu propósito: uma afectação de capital ao serviço do progresso social, económico e ambiental.
A política em regime por Bruno Sena Martins Para usar uma má tradução, estamos perante aquilo a que Michel Foucault chamava a "estreiteza da narrativa da história". Nos tempos que correm, não poderíamos esperar que o debate político saísse das lutas de legitimação entre aqueles que ocupam o poder (Sócrates e PS) e aqueles que esperam a hora de o tomar (Passos Coelho e PSD).
Mas deveríamos desejar que crise internacional, que a laceração da política estatal promovida pelas agência de rating e pelo mercado comum, afluíssem em algo mais do que o actual cenário de discussão pública. Longe de um pensamento minimamente estruturado sobre as saídas de Portugal, seja através políticas de reestruturação da economia, seja através de uma contestação da mortandade das periferias anunciada pela união económica, temos o de sempre com algumas variações de vocabulário. O de sempre é o jogo intestino entre o PSD e o PS, um simulacro de contenda política que se torna real pelos interesses em jogo, e que ganha alguma base ideológica pela diferente convicção com que praticam o neoliberalismo: Passos Coelho quer superar pela direita os génios que levaram à crise especulativa, Sócrates, qual cata-vento das tendências internacionais, já não se importa de lhes dar nova oportunidade. Os jogos de poder entre PS e PSD são desarmantes para um eleitor de esquerda.
Enquanto se fala de pressões internacionais, não se fala de desemprego e pobreza. Enquanto se fala de austeridade, não se fala de desigualdades ou de enriquecimento ilícito (porque ilegal, porque imoral). Enquanto se fala do tempo de excepção criado pela dívida pública não se fala do tempo costumeiro em que os privilegiados devem aos explorados as condições da sua prosperidade. Enquanto se fala em PS e PSD, não se fala da obrigação da esquerda parlamentar em construir uma plataforma de entendimento para ser alternativa de governo. Enquanto de fala de política parlamentar não se fala da revolução que acabará por unir os povos à rasca na esquina das avenidas da liberdade.
José Sócrates a falar da longa dinastia de PECs que nos governa, Cavaco Silva a instigar os jovens para a determinação da guerra colonial, Passos Coelho a reclamar pela necessidade de privatizar tudo o que dá prejuízo. Isto não é apenas a estreiteza da narrativa histórica em que a vida política portuguesa se conta, é o absurdo feito política à revelia dos seus descontentes. Numa boa tradução, é a altura de os descontentes darem sentido ao absurdo.
Vá lá, mandem-nos abaixo Sexta-feira, 18 de Março de 2011
Para além da triste substância que o PEC 4 encerra, torna-se particularmente interessante analisar o que rodeou o seu anúncio. Recapitulemos então: foi anunciado poucos dias depois do embaraçoso encontro com Merkel, um dia depois do chumbo da moção de censura e na véspera de uma manifestação que, pela mediatização que então merecia, se adivinhava grande. Como se tal não bastasse, o anúncio aconteceu sem informar o Presidente da República, sem assegurar qualquer acordo com o PSD (o parceiro privilegiado nestes processos), quanto mais qualquer articulação com os parceiros sociais. A cereja em cima do bolo deste insólito foi o facto de tal ter sido o culminar de duas semanas de trabalhos de técnicos das instituições europeias.
Ou seja, toda a envolvência do anúncio do PEC 4 foi simplesmente desastrosa para o governo. Pior momento e pior forma de o fazer seriam difíceis. Mas como se justifica então tal façanha? Pura distracção? O actual Executivo pode ter habituado os portugueses a muita coisa, mas as trapalhadas e os acasos estão longe de ser o prato forte do primeiro-ministro. Pelo contrário, a sua persistência e as sete vidas que demonstra ter devem-se também a uma impressionante habilidade política, A uma forte capacidade de resistir e de emergir do caos já depois de lhe terem sido passados inúmeros certificados de óbito político.
Daí que aquilo que podia ser à primeira vista considerado como uma improdência política deva, pelo contrário, ser encarado agora como uma jogada. Arriscada, sem dúvida, mas pensada. Com o seu comportamento kamikase, o Governo antecipou-se ao PSD, obrigando-o agora a uma situação limite em que terá de escolher ficar com o ónus de criar uma crise política ou apoiar pela quarta vez o Executivo que tenta substituir.
Depois de um mês em que se veiculou fortemente o tacticismo vil e irresponsável da moção de censura do Bloco, eis um exemplo claro em como a táctica política está viva e de boa saúde no seio do actual Executivo. È o tudo ou nada, suportado por um discurso do tipo “ou eu, ou o caos”, paradoxalmente assente numa mensagem de suposta responsabilidade. Sócrates sabe bem que, dado o momento difícil, manter a iniciativa do seu lado é uma vantagem a não desperdiçar. Não tem naturalmente a certeza sobre como terminará o jogo, mas sabe que colocar as coisas nos termos em que colocou favorece-o qualquer que seja o desfecho. Publicada por João Ricardo Vasconcelos em 18.3.11
18 Março 2011As Amas da Segurança Social começaram a ser penhoradas Várias Amas da Segurança Social do distrito de Braga viram desde esta quarta-feira as suas contas serem penhoradas pela própria Segurança Social. Muitas delas apenas tomaram conhecimento da penhora quando, tentando aceder às suas poupanças, verificaram que nada já restava e que o Estado lhes havia roubado o pouco dinheiro que tinham para alimentar as suas famílias
Esta é uma situação da mais profunda injustiça, visto que estas amas trabalham há quase 30 anos a falsos recibos verdes para a Segurança Social e para a Santa Casa da Misericórdia, recebendo um salário miserável de cerca de 700 euros, aos quais têm de retirar a contribuição para a Segurança Social, sobrando muito pouco para fazerem face às suas despesas. Relembramos que, uma vez que estas profissionais são vítimas de falso trabalho independente, também é falsa a sua vítima, pois, como trabalhadoras por conta de outrem que são, caber-lhes-ia apenas pagar 11% de Segurança Social e não 29,6% como hoje são obrigadas a fazer. Era ainda da responsabilidade da sua entidade empregadora, neste caso a Segurança Social, o pagamento dos 23,75% de contribuição. Muitas amas foram incapazes de pagar as contribuições à Segurança Social, pelos mais diversos motivos, e algumas foram mesmo ameaçadas pela Segurança Social de despedimento se não pagassem a dívida. Esta história de arrepiar ganha agora um novo capítulo, pois a penhora das contas bancárias das amas pelas falsas dívidas à Segurança Social demonstra o enorme desprezo com que são tratadas apesar da importância do seu trabalho com as crianças de famílias desfavorecidas. Os Precári@s Inflexíveis, o Ferve e os Intermitentes do Espectáculo recolheram 12 mil assinaturas para a petição Antes da Dívida temos Direitos que o PS e o CDS-PP chumbaram mantendo a injustiça das falsas dívidas à Segurança Social nas pessoas que são sujeitas a falsos recibos verdes. Os Precári@s Inflexíveis, em conjunto com a Ass. das Profissionais do Regime de Amas e das Advogadas Mónica Catarino e Sara Dias de Oliveira, estão a ajudar as Amas contestarem estas penhoras injustas e não desistirão de denunciar esta falsa dívida que está a destruir a vida de muitas famílias. Via Precários Inflexíveis.
A evidência dos dias Podemos constatar uma realidade vivida por muitas famílias e em toda a parte onde o contacto com os jovens torna tudo mais evidente- eles são a geração Deolinda ou a geração à rasca... Artigo de Luísa Penisga 17 Março, 2011 - 17:19 Não só pela leitura dos jornais e reportagens televisivas podemos constatar uma realidade há algum tempo pressentida e actualmente vivida por muitas famílias e em toda a parte onde o contacto com os jovens torna tudo mais evidente- eles são a geração Deolinda ou a geração à rasca... Eles são os filhos de uma classe média que beneficiou de algum crescimento económico- os pais conseguiram um emprego estável e todas as facilidades de crédito que os bancos concediam... Eles são os filhos de uma sociedade consumista onde os políticos prometiam o paraíso, quando repentinamente tudo se desmoronou, deixando no desemprego milhares e milhares de jovens saídos de cursos universitários que se multiplicaram como frangos nascidos em aviários, sem que o país criasse as necessárias estruturas para o mercado de trabalho, deixando-os à mercê de um futuro imprevisível. Quem não se recorda do tempo ainda não muito distante em que para um estudante passar de ano, significava um passo em frente para atingir a meta final de um curso superior que representava uma porta aberta para exercer uma profissão geralmente bem remunerada e reconhecida socialmente. Sinal dos tempos é o exemplo entre muitos outros daquela jovem de 27 anos com altas qualificações, mestrado e estágios na Europa e actualmente por falta de emprego na sua área específica, vende pipocas e bilhetes num cinema do Algarve... e quando entrevistada por um jornalista do Público, ela e todos outros em idêntica situação, manifestaram esse lado positivo, revelador da mudança de mentalidade desta geração que aceita com naturalidade desempenhar serviços muito aquém das suas habilitações... Poderão ser uma geração à rasca mas nunca rasca...
Greve da Valorsul contesta cortes salariais Trabalhadores denunciam a alteração do seu regime de trabalho para igualá-lo ao da Função Pública, e dizem que nessa mudança ficaram só com os prejuízos e sem nenhum benefício. 18 Março, 2011 - 12:18
Paralisação também serve para pedir a admissão de mais trabalhadores Os cerca de 400 trabalhadores da Valorsul estão em greve esta sexta-feira, durante 32 horas, até às 9h de sábado. O objectivo é protestar contra os cortes salariais.
A Valorsul é a empresa responsável pelo tratamento de cerca de 750 mil toneladas de resíduos produzidos na Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira. A paralisação afecta a central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (Loures), o Aterro Sanitário de Mato da Cruz (Vila Franca de Xira), o Centro de Triagem Ecoponto (Lisboa) e a Estação de Tratamento e Valorização Orgânica (Amadora).
O secretário-geral da CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses), Carvalho da Silva participa, no início da tarde desta sexta, num plenário de trabalhadores em Loures.
À agência Lusa, o delegado sindical David Costa explicou que a paralisação serve para pedir a admissão de mais trabalhadores e para contestar os cortes e congelamentos salariais impostos pelo governo, que, no seu entender, estão a ser aplicados “em moldes ainda mais gravosos” do que os previstos na lei do Orçamento do Estado.
“Estamos a falar de uma empresa que aumentou os seus lucros, que ganhou vários prémios. A administração disse-nos que estão a seguir ordens da tutela, mas estão a fazê-lo de forma abusiva porque alteraram o nosso regime para igualá-lo ao da Função Pública. No entanto, nessa mudança ficámos só com os prejuízos e com nenhum benefício”, sublinhou.
O sindicalista esclareceu que as mudanças tiveram impacto na verba do trabalho suplementar, o que motiva uma greve às horas extraordinárias, desde 15 de Fevereiro.
“Devido a esta situação o trabalho na central já teve de parar por três vezes porque não tínhamos trabalhadores suficientes nas equipas. Como entendemos que não estavam reunidas as condições de segurança chamamos a inspecção do trabalho para denunciar este problema”, contou.
“As grandes superfícies comem-nos a carne e deixam-nos os ossos” Agricultores transmontanos sentem-se abandonados, puderam constatar os deputados Pedro Soares e Rita Calvário, numa visita à Região do Barroso e do Nordeste Transmontano, durante a qual defenderam formas de apoio do ministério da Agricultura aos produtores. 17 Março, 2011 - 19:47
Pedro Soares e Rita Calvário na visita à Região do Barroso e do Nordeste Transmontano - Foto de Paula Nogueira “As grandes superfícies comem-nos a carne e deixam-nos os ossos”. A frase, proferida pelo presidente da Câmara de Montalegre, é bem o espelho da situação em que vivem boa parte dos agricultores portugueses e que assume uma dimensão ainda mais grave, na Região do Barroso e do Nordeste Transmontano, como constataram os deputados do Bloco de Esquerda, Pedro Soares e Rita Calvário, durante uma visita da comissão Parlamentar de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.
As dificuldades de comercialização de produtos como a castanha, a batata, a carne barrosã, e os baixos preços que a grande distribuição impõe aos produtores, foram duas das queixas que dominaram os discursos dos agricultores, como confirmou Rita Calvário.
A deputada do Bloco de Esquerda solidarizou-se com os agricultores perante a “chantagem comercial” que estão a ser vítimas, mas defendeu que a situação não é inevitável e defendeu a celebração de “contratos tipo, entre produtores e vendedores, de forma a garantir uma relação mais saudável e preços mais justos”.
Sobre as dificuldades de comercialização Rita Calvário defendeu que o Ministério deve apoiar a criação de um sistema de circuitos comerciais de proximidade, que permita a venda dos produtos a preços justos.
A deputada destaca ainda o sentimento de abandono por parte do Ministério da Agricultura que é comungado pelos agricultores transmontanos, que questionaram mesmo a sua existência: “O presidente da Cooperativa de Boticas denunciou que os serviços locais estão a mandar os agricultores tratarem dos seus assuntos em Lisboa o que em nosso entender é inaceitável, sobretudo quando o próprio ministério, colocou, há alguns anos, centenas de funcionários no quadro da mobilidade”.
Pedro Soares, presidente da Comissão Parlamentar reconheceu que a agricultura está a passar por uma fase de grande desvalorização, mas considerou que “a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) poderá contribuir para repor alguma justiça se conseguirmos que os agricultores possam ser apoiados em função da sua produção”.
17 Março, 2011 - 14:15 Na entrevista que deu à agência Lusa, Manuel Carvalho da Silva prevê também que a manifestação convocada pela CGTP para o próximo sábado será muito grande.
Sobre o PEC 4, anunciado na passada sexta feira pelo Governo, Carvalho da Silva diz que estas medidas "são de uma injustiça profunda porque reduzem o poder de compra a todos os trabalhadores mas colocam numa situação limite os que têm menos rendimentos"e que vão "apenas tornar a vida dos portugueses mais difícil, em particular para as novas gerações".
Carvalho da Silva refere à Lusa que participou na manifestação da “geração à rasca” com a sua família, salienta que defende a necessidade da mobilização geral da sociedade portuguesa por “políticas totalmente novas”, propõe que Portugal utilize as potencialidades dos seus trabalhadores para produzir bens e serviços úteis ao desenvolvimento do país e considera necessário combater a economia clandestina: "Precisamos de combater a economia clandestina, que representa uma fuga ao fisco de 10 mil milhões de euros por ano, e que sejam tomadas algumas medidas sérias no sentido de responsabilizar o sector financeiro, que tem que apoiar mais a economia", disse.
A propósito do PEC 4, o secretário-geral da CGTP critica as políticas da União Europeia (UE), diz que “a UE não tem políticas solidárias” para defender os mais desprotegidos pois segue "uma orientação neoliberal profunda", destaca que “a nova governação económica europeia” se resume a uma receita de redução salarial, mais liberalização do trabalho e ataques à protecção social e considera que o Governo apresentou o PEC 4 porque "tentou fazer de aluno bem comportado e antecipar-se ao que a União Europeia (UE) estava para aprovar".
Carvalho da Silva critica as políticas do Governo do PS, sublinha que o PSD "tenta cavalgar no descontentamento da população mas assume as medidas de austeridade do Governo sem apresentar alternativas" e afirma que "no plano nacional temos políticas económicas que apenas se submetem aos ditames da União Europeia e da agiotagem internacional e não criam alternativas nem responsabilizam os responsáveis pela crise"
O secretário-geral da CGTP refere que "temos um défice significativo das contas públicas que resultou dos milhares de euros que saíram do Orçamento do Estado para tapar buracos do sector financeiro que resultaram de autênticos roubos", diz que "não existem soluções sólidas para o país enquanto não houverem políticas alternativas totalmente novas", considerando que "isso só será conseguido com a mobilização de toda a sociedade para aumentar os protestos".
"Temos que ter consciência que se não nos mobilizarmos podemos ter uma regressão de muitos anos e deixar criar muitas injustiças na sociedade, pondo até em causa a própria democracia", realça Carvalho da Silva, que no próximo sábado espera “uma manifestação muito grande em Lisboa, do sector público e do privado, porque as pessoas sentem cada vez mais as injustiças e há que manifestar o seu descontentamento".
O secretário-geral da CGTP salienta que, face à “governação desastrosa”, “a luta vai ser muito longa”, não se esgotando na manifestação de sábado.
"O país não vai sair da situação em que está com uma varinha de condão. Só vai sair quando o povo se mobilizar e os governantes interpretarem as suas opiniões e reivindicações", afirma acrescentando que "a democracia é interpretar as justas reivindicações do povo e não apenas recolher os seus votos" e sublinhando que “imperiosamente e positivamente vai ser um ano de mobilização de toda a sociedade".
Sexta-feira, 18 de Março de 2011 Crise? :: Cortes brutais nas prestações sociais O Governo apresentou ontem o saldo orçamental das contas públicas, saudando-o como uma grande vitória. O forte aumento de impostos e o brutal corte nas prestações sociais fez com que o Estado tivesse um superavit de 840 milhões de euros entre janeiro e fevereiro deste ano. Ou seja, de acordo com as contas do Jornal de Notícias, as famílias com menores a cargo receberam menos 49 milhões de euros e os beneficiários do rendimento social de inserção receberam menos 25 milhões. Em ambos os casos o corte foi de um terço do valor dos apoios em 2010. O subsídio de desemprego desceu 5,6% face ao mesmo período do ano anterior (21 milhões) apesar do aumento de 9,9% do número de desempregados face ao período homólogo do ano anterior. O resultado é claro: 60% dos desempregados não tem nenhum apoio social.
Além disto, soube-se hoje também que o Governo já disse em Bruxelas que não está convicto do aumento do salário mínimo para 500€ em 2011, apesar de Helena André ter garantido que tal iria ocorrer ainda há 2 meses e dos patrões já terem recebido as contrapartidas de tal subida. Publicada por Precários Inflexíveis em 12:19
Sexta-feira, 18 de Março de 2011 19 de Março: multidão de vozes contra a precariedade Num crescendo de resistência à situação insuportável em que se vem tornando o dia-a-dia, os Precários Inflexíveis respondem novamente ao apelo para esta mobilização. Depois de um primeiro momento de perplexidade de autoridades e comunicação social perante a manifestação do passado 12 de Março, a estratégia escolhida para lidar com o ocorrido foi votá-lo ao esquecimento, na esperança que desapareça. Mas dia 19 estaremos novamente aqui, embalados por um crescente movimento popular que diz basta à hipocrisia desta austeridade selectiva e desta precariedade inevitável. Como alguém por lá dizia—Inevitável é a tua Tia! A precariedade, além de ser uma aposta para fragilizar ainda mais o trabalho e a vida das pessoas, pretende ao mesmo tempo dividir os trabalhadores e jogá-los uns contra os outros, numa corrida para o precipício. Através da demagogia pura os comentadores da praça saem-se com o ataque aos “direitos adquiridos”, aos “privilegiados”, ao “excesso de expectativas” e com a apologia do “realismo económico”, procurando colocar em lados opostos os trabalhadores com contratos estáveis e os trabalhadores precários. A isto temos apenas uma palavra a dizer: NÃO! Não seremos arma de arremesso, de chantagem sobre outros trabalhadores, sobre outras pessoas. Não permitiremos que nos usem como pretexto para a eliminação sucessiva de direitos conquistados em décadas de luta. Nós sabemos bem quem nos rouba! Sabemos bem que as conquistas da classe trabalhadora são para todos e todas, e que o trabalho sem direitos é o primeiro passo para o regresso à escravidão. Esta é a nossa luta.
O realismo deles cada dia tem mais dificuldade em lidar com a realidade. Falam dos seus “tronos” de um país que não existe, excepto nos seus gabinetes e corredores. Para eles, quando a teoria não bate com o dia-a-dia, é o dia-a-dia que está errado, e não as suas bolorentas teorias. Não discutem a realidade, mas apenas contos de fadas e promessas de brilhantes futuros após dolorosas penas. Mas a nossas vidas são o nosso argumento. Estamos aqui por elas, e exigimo-las. Exigimos mudança. Exigimos justiça. Exigimos democracia. Exigimos o fim dos falsos recibos verdes. Exigimos os nossos direitos de volta. E não abdicaremos desta exigência.
As portas escancararam-se, o povo saiu à rua. Caminhamos juntos para o futuro. E decidi-lo-emos juntos, pois somos a base e a vida desta sociedade, e se ela for posta a trabalhar contra nós, não serve o seu objectivo. Nessa altura, só a mudança é opção.
19 de Março juntamo-nos a esta manifestação da CGTP indignando-nos e protestando. Estaremos na rua até que aconteçam as mudanças necessárias. E urgimos todos os trabalhadores e trabalhadoras, todas as pessoas, que se juntem novamente, hoje e de hoje em adiante, numa força comum que enfrente a precariedade, o desemprego, a austeridade e a pobreza. Precários nos Queriam? Rebeldes nos Têm! Publicada por Precários Inflexíveis em 15:00
OS RICOS QUE PAGUEM A DÍVIDA! 18 de Março de 2011 por Renato Teixeira O Comité Contra o Pagamento da Dívida vai participar, amanhã, na jornada de indignação e protesto convocada pela CGTP.
Assim, convencidos de que esta é uma exigência central, apoiamos a luta dos trabalhadores e reivindicamos a anulação da dívida pública como única via para canalizar os recursos de todos para o financiamento dos serviços públicos e dos direitos sociais.
Quem se queira juntar a nós, estaremos concentrados às 14h30, no Marquês de Pombal, junto ao edifício do Diário de Notícias.
Sexta-feira, 18 de Março de 2011 eu não sou berlinense
Ich bin Kein Brtlinere
eu posso protestar contra o Sócrates. posso falar na língua das pessoas que o elegem e rogar-lhes, pela sua rica saudinha, que não re-elejam o homem. explicar-lhes por a+b porque é que a 'esquerda' (esquerda neste momento é para a esquerda do PS, não inclusive) é melhor para elas do que a 'direita'. sem romantismos nenhuns de amanhãs que cantam - porque é que precisamos de um novo modelo económico. posso ler os programas e votar nos que achar melhor.
mas eu não elejo a chanceler alemã. ... o que transforma isto, a Europa, no momento presente, numa federação não democrática. nada contra Berlim, uma cidade lindíssima. (mas se eu não tenho nada a dizer na escolha do equivalente ao primeiro ministro de lá, então queria, se faz favor, que ela não tivesse o direito a impor uma política económica que leva à recessão das economias periféricas. não quero ouvir a palavra 'mercados' nos próximos tempos. nem 'austeridade'.) (amanhã, há manifestação convocada pela CGTP. venham para a rua reclamar: paz, pão, habitação, saúde, educação. estamos longe, ainda. se não pudermos a rua, não podemos o mundo, uma e outra vez. contra a precariedade e este modelo de produção, consumo, e trabalho. Saldanha, 14h30.) . gui castro felga em 12:00 AM
Mercados Eficientes
ResponderEliminarOs mercados financeiros funcionam com um conjunto de taxas de referência estruturadoras de toda a sua acção. A taxa de referência mais “popular” entre os portugueses é EURIBOR, taxa média a que 57 bancos europeus emprestam uns aos outros, indexante da maior parte dos empréstimos à habitação. Este valor é calculado através da informação fornecida pelos bancos. Outra importante taxa de referência, a LIBOR, com 350 mil milhões de dólares de produtos financeiros a ela indexados, diz respeito à taxa média praticada entre os bancos sedeados na maior praça financeira do mundo, Londres. Como a taxa média influencia (e muito) os destinos financeiros dos bancos, existe um incentivo para que se tente aldrabar a taxa real praticada por cada banco de forma a conseguir manipular a média para seu benefício. Ora, segundo o Financial Times, foi isso que aconteceu, pelo menos, entre 2006 e 2008, com um conjunto de importantes bancos a serem agora intimados pela justiça norte-americana e britânica por terem fornecido informação falsa. Mais uma vez se demonstra que não é defeito, é feitio. Só com uma refundação profunda e transparente do sistema financeiro podemos ter uma esfera financeira que sirva efectivamente o seu propósito: uma afectação de capital ao serviço do progresso social, económico e ambiental.
Postado por Nuno Teles às 17.3.11
A política em regime
ResponderEliminarpor Bruno Sena Martins
Para usar uma má tradução, estamos perante aquilo a que Michel Foucault chamava a "estreiteza da narrativa da história". Nos tempos que correm, não poderíamos esperar que o debate político saísse das lutas de legitimação entre aqueles que ocupam o poder (Sócrates e PS) e aqueles que esperam a hora de o tomar (Passos Coelho e PSD).
Mas deveríamos desejar que crise internacional, que a laceração da política estatal promovida pelas agência de rating e pelo mercado comum, afluíssem em algo mais do que o actual cenário de discussão pública. Longe de um pensamento minimamente estruturado sobre as saídas de Portugal, seja através políticas de reestruturação da economia, seja através de uma contestação da mortandade das periferias anunciada pela união económica, temos o de sempre com algumas variações de vocabulário. O de sempre é o jogo intestino entre o PSD e o PS, um simulacro de contenda política que se torna real pelos interesses em jogo, e que ganha alguma base ideológica pela diferente convicção com que praticam o neoliberalismo: Passos Coelho quer superar pela direita os génios que levaram à crise especulativa, Sócrates, qual cata-vento das tendências internacionais, já não se importa de lhes dar nova oportunidade. Os jogos de poder entre PS e PSD são desarmantes para um eleitor de esquerda.
Enquanto se fala de pressões internacionais, não se fala de desemprego e pobreza. Enquanto se fala de austeridade, não se fala de desigualdades ou de enriquecimento ilícito (porque ilegal, porque imoral). Enquanto se fala do tempo de excepção criado pela dívida pública não se fala do tempo costumeiro em que os privilegiados devem aos explorados as condições da sua prosperidade. Enquanto se fala em PS e PSD, não se fala da obrigação da esquerda parlamentar em construir uma plataforma de entendimento para ser alternativa de governo. Enquanto de fala de política parlamentar não se fala da revolução que acabará por unir os povos à rasca na esquina das avenidas da liberdade.
José Sócrates a falar da longa dinastia de PECs que nos governa, Cavaco Silva a instigar os jovens para a determinação da guerra colonial, Passos Coelho a reclamar pela necessidade de privatizar tudo o que dá prejuízo. Isto não é apenas a estreiteza da narrativa histórica em que a vida política portuguesa se conta, é o absurdo feito política à revelia dos seus descontentes. Numa boa tradução, é a altura de os descontentes darem sentido ao absurdo.
Vá lá, mandem-nos abaixo
ResponderEliminarSexta-feira, 18 de Março de 2011
Para além da triste substância que o PEC 4 encerra, torna-se particularmente interessante analisar o que rodeou o seu anúncio. Recapitulemos então: foi anunciado poucos dias depois do embaraçoso encontro com Merkel, um dia depois do chumbo da moção de censura e na véspera de uma manifestação que, pela mediatização que então merecia, se adivinhava grande. Como se tal não bastasse, o anúncio aconteceu sem informar o Presidente da República, sem assegurar qualquer acordo com o PSD (o parceiro privilegiado nestes processos), quanto mais qualquer articulação com os parceiros sociais. A cereja em cima do bolo deste insólito foi o facto de tal ter sido o culminar de duas semanas de trabalhos de técnicos das instituições europeias.
Ou seja, toda a envolvência do anúncio do PEC 4 foi simplesmente desastrosa para o governo. Pior momento e pior forma de o fazer seriam difíceis. Mas como se justifica então tal façanha? Pura distracção? O actual Executivo pode ter habituado os portugueses a muita coisa, mas as trapalhadas e os acasos estão longe de ser o prato forte do primeiro-ministro. Pelo contrário, a sua persistência e as sete vidas que demonstra ter devem-se também a uma impressionante habilidade política, A uma forte capacidade de resistir e de emergir do caos já depois de lhe terem sido passados inúmeros certificados de óbito político.
Daí que aquilo que podia ser à primeira vista considerado como uma improdência política deva, pelo contrário, ser encarado agora como uma jogada. Arriscada, sem dúvida, mas pensada. Com o seu comportamento kamikase, o Governo antecipou-se ao PSD, obrigando-o agora a uma situação limite em que terá de escolher ficar com o ónus de criar uma crise política ou apoiar pela quarta vez o Executivo que tenta substituir.
Depois de um mês em que se veiculou fortemente o tacticismo vil e irresponsável da moção de censura do Bloco, eis um exemplo claro em como a táctica política está viva e de boa saúde no seio do actual Executivo. È o tudo ou nada, suportado por um discurso do tipo “ou eu, ou o caos”, paradoxalmente assente numa mensagem de suposta responsabilidade. Sócrates sabe bem que, dado o momento difícil, manter a iniciativa do seu lado é uma vantagem a não desperdiçar. Não tem naturalmente a certeza sobre como terminará o jogo, mas sabe que colocar as coisas nos termos em que colocou favorece-o qualquer que seja o desfecho.
Publicada por João Ricardo Vasconcelos em 18.3.11
18 Março 2011As Amas da Segurança Social começaram a ser penhoradas
ResponderEliminarVárias Amas da Segurança Social do distrito de Braga viram desde esta quarta-feira as suas contas serem penhoradas pela própria Segurança Social. Muitas delas apenas tomaram conhecimento da penhora quando, tentando aceder às suas poupanças, verificaram que nada já restava e que o Estado lhes havia roubado o pouco dinheiro que tinham para alimentar as suas famílias
Esta é uma situação da mais profunda injustiça, visto que estas amas trabalham há quase 30 anos a falsos recibos verdes para a Segurança Social e para a Santa Casa da Misericórdia, recebendo um salário miserável de cerca de 700 euros, aos quais têm de retirar a contribuição para a Segurança Social, sobrando muito pouco para fazerem face às suas despesas.
Relembramos que, uma vez que estas profissionais são vítimas de falso trabalho independente, também é falsa a sua vítima, pois, como trabalhadoras por conta de outrem que são, caber-lhes-ia apenas pagar 11% de Segurança Social e não 29,6% como hoje são obrigadas a fazer. Era ainda da responsabilidade da sua entidade empregadora, neste caso a Segurança Social, o pagamento dos 23,75% de contribuição.
Muitas amas foram incapazes de pagar as contribuições à Segurança Social, pelos mais diversos motivos, e algumas foram mesmo ameaçadas pela Segurança Social de despedimento se não pagassem a dívida.
Esta história de arrepiar ganha agora um novo capítulo, pois a penhora das contas bancárias das amas pelas falsas dívidas à Segurança Social demonstra o enorme desprezo com que são tratadas apesar da importância do seu trabalho com as crianças de famílias desfavorecidas.
Os Precári@s Inflexíveis, o Ferve e os Intermitentes do Espectáculo recolheram 12 mil assinaturas para a petição Antes da Dívida temos Direitos que o PS e o CDS-PP chumbaram mantendo a injustiça das falsas dívidas à Segurança Social nas pessoas que são sujeitas a falsos recibos verdes.
Os Precári@s Inflexíveis, em conjunto com a Ass. das Profissionais do Regime de Amas e das Advogadas Mónica Catarino e Sara Dias de Oliveira, estão a ajudar as Amas contestarem estas penhoras injustas e não desistirão de denunciar esta falsa dívida que está a destruir a vida de muitas famílias.
Via Precários Inflexíveis.
A evidência dos dias
ResponderEliminarPodemos constatar uma realidade vivida por muitas famílias e em toda a parte onde o contacto com os jovens torna tudo mais evidente- eles são a geração Deolinda ou a geração à rasca... Artigo de Luísa Penisga
17 Março, 2011 - 17:19
Não só pela leitura dos jornais e reportagens televisivas podemos constatar uma realidade há algum tempo pressentida e actualmente vivida por muitas famílias e em toda a parte onde o contacto com os jovens torna tudo mais evidente- eles são a geração Deolinda ou a geração à rasca... Eles são os filhos de uma classe média que beneficiou de algum crescimento económico- os pais conseguiram um emprego estável e todas as facilidades de crédito que os bancos concediam... Eles são os filhos de uma sociedade consumista onde os políticos prometiam o paraíso, quando repentinamente tudo se desmoronou, deixando no desemprego milhares e milhares de jovens saídos de cursos universitários que se multiplicaram como frangos nascidos em aviários, sem que o país criasse as necessárias estruturas para o mercado de trabalho, deixando-os à mercê de um futuro imprevisível. Quem não se recorda do tempo ainda não muito distante em que para um estudante passar de ano, significava um passo em frente para atingir a meta final de um curso superior que representava uma porta aberta para exercer uma profissão geralmente bem remunerada e reconhecida socialmente. Sinal dos tempos é o exemplo entre muitos outros daquela jovem de 27 anos com altas qualificações, mestrado e estágios na Europa e actualmente por falta de emprego na sua área específica, vende pipocas e bilhetes num cinema do Algarve... e quando entrevistada por um jornalista do Público, ela e todos outros em idêntica situação, manifestaram esse lado positivo, revelador da mudança de mentalidade desta geração que aceita com naturalidade desempenhar serviços muito aquém das suas habilitações... Poderão ser uma geração à rasca mas nunca rasca...
Greve da Valorsul contesta cortes salariais
ResponderEliminarTrabalhadores denunciam a alteração do seu regime de trabalho para igualá-lo ao da Função Pública, e dizem que nessa mudança ficaram só com os prejuízos e sem nenhum benefício.
18 Março, 2011 - 12:18
Paralisação também serve para pedir a admissão de mais trabalhadores
Os cerca de 400 trabalhadores da Valorsul estão em greve esta sexta-feira, durante 32 horas, até às 9h de sábado. O objectivo é protestar contra os cortes salariais.
A Valorsul é a empresa responsável pelo tratamento de cerca de 750 mil toneladas de resíduos produzidos na Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira. A paralisação afecta a central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (Loures), o Aterro Sanitário de Mato da Cruz (Vila Franca de Xira), o Centro de Triagem Ecoponto (Lisboa) e a Estação de Tratamento e Valorização Orgânica (Amadora).
O secretário-geral da CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses), Carvalho da Silva participa, no início da tarde desta sexta, num plenário de trabalhadores em Loures.
À agência Lusa, o delegado sindical David Costa explicou que a paralisação serve para pedir a admissão de mais trabalhadores e para contestar os cortes e congelamentos salariais impostos pelo governo, que, no seu entender, estão a ser aplicados “em moldes ainda mais gravosos” do que os previstos na lei do Orçamento do Estado.
“Estamos a falar de uma empresa que aumentou os seus lucros, que ganhou vários prémios. A administração disse-nos que estão a seguir ordens da tutela, mas estão a fazê-lo de forma abusiva porque alteraram o nosso regime para igualá-lo ao da Função Pública. No entanto, nessa mudança ficámos só com os prejuízos e com nenhum benefício”, sublinhou.
O sindicalista esclareceu que as mudanças tiveram impacto na verba do trabalho suplementar, o que motiva uma greve às horas extraordinárias, desde 15 de Fevereiro.
“Devido a esta situação o trabalho na central já teve de parar por três vezes porque não tínhamos trabalhadores suficientes nas equipas. Como entendemos que não estavam reunidas as condições de segurança chamamos a inspecção do trabalho para denunciar este problema”, contou.
“As grandes superfícies comem-nos a carne e deixam-nos os ossos”
ResponderEliminarAgricultores transmontanos sentem-se abandonados, puderam constatar os deputados Pedro Soares e Rita Calvário, numa visita à Região do Barroso e do Nordeste Transmontano, durante a qual defenderam formas de apoio do ministério da Agricultura aos produtores.
17 Março, 2011 - 19:47
Pedro Soares e Rita Calvário na visita à Região do Barroso e do Nordeste Transmontano - Foto de Paula Nogueira “As grandes superfícies comem-nos a carne e deixam-nos os ossos”. A frase, proferida pelo presidente da Câmara de Montalegre, é bem o espelho da situação em que vivem boa parte dos agricultores portugueses e que assume uma dimensão ainda mais grave, na Região do Barroso e do Nordeste Transmontano, como constataram os deputados do Bloco de Esquerda, Pedro Soares e Rita Calvário, durante uma visita da comissão Parlamentar de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.
As dificuldades de comercialização de produtos como a castanha, a batata, a carne barrosã, e os baixos preços que a grande distribuição impõe aos produtores, foram duas das queixas que dominaram os discursos dos agricultores, como confirmou Rita Calvário.
A deputada do Bloco de Esquerda solidarizou-se com os agricultores perante a “chantagem comercial” que estão a ser vítimas, mas defendeu que a situação não é inevitável e defendeu a celebração de “contratos tipo, entre produtores e vendedores, de forma a garantir uma relação mais saudável e preços mais justos”.
Sobre as dificuldades de comercialização Rita Calvário defendeu que o Ministério deve apoiar a criação de um sistema de circuitos comerciais de proximidade, que permita a venda dos produtos a preços justos.
A deputada destaca ainda o sentimento de abandono por parte do Ministério da Agricultura que é comungado pelos agricultores transmontanos, que questionaram mesmo a sua existência: “O presidente da Cooperativa de Boticas denunciou que os serviços locais estão a mandar os agricultores tratarem dos seus assuntos em Lisboa o que em nosso entender é inaceitável, sobretudo quando o próprio ministério, colocou, há alguns anos, centenas de funcionários no quadro da mobilidade”.
Pedro Soares, presidente da Comissão Parlamentar reconheceu que a agricultura está a passar por uma fase de grande desvalorização, mas considerou que “a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) poderá contribuir para repor alguma justiça se conseguirmos que os agricultores possam ser apoiados em função da sua produção”.
Texto de Paula Nogueira para esquerda.net
17 Março, 2011 - 14:15
ResponderEliminarNa entrevista que deu à agência Lusa, Manuel Carvalho da Silva prevê também que a manifestação convocada pela CGTP para o próximo sábado será muito grande.
Sobre o PEC 4, anunciado na passada sexta feira pelo Governo, Carvalho da Silva diz que estas medidas "são de uma injustiça profunda porque reduzem o poder de compra a todos os trabalhadores mas colocam numa situação limite os que têm menos rendimentos"e que vão "apenas tornar a vida dos portugueses mais difícil, em particular para as novas gerações".
Carvalho da Silva refere à Lusa que participou na manifestação da “geração à rasca” com a sua família, salienta que defende a necessidade da mobilização geral da sociedade portuguesa por “políticas totalmente novas”, propõe que Portugal utilize as potencialidades dos seus trabalhadores para produzir bens e serviços úteis ao desenvolvimento do país e considera necessário combater a economia clandestina: "Precisamos de combater a economia clandestina, que representa uma fuga ao fisco de 10 mil milhões de euros por ano, e que sejam tomadas algumas medidas sérias no sentido de responsabilizar o sector financeiro, que tem que apoiar mais a economia", disse.
A propósito do PEC 4, o secretário-geral da CGTP critica as políticas da União Europeia (UE), diz que “a UE não tem políticas solidárias” para defender os mais desprotegidos pois segue "uma orientação neoliberal profunda", destaca que “a nova governação económica europeia” se resume a uma receita de redução salarial, mais liberalização do trabalho e ataques à protecção social e considera que o Governo apresentou o PEC 4 porque "tentou fazer de aluno bem comportado e antecipar-se ao que a União Europeia (UE) estava para aprovar".
Carvalho da Silva critica as políticas do Governo do PS, sublinha que o PSD "tenta cavalgar no descontentamento da população mas assume as medidas de austeridade do Governo sem apresentar alternativas" e afirma que "no plano nacional temos políticas económicas que apenas se submetem aos ditames da União Europeia e da agiotagem internacional e não criam alternativas nem responsabilizam os responsáveis pela crise"
O secretário-geral da CGTP refere que "temos um défice significativo das contas públicas que resultou dos milhares de euros que saíram do Orçamento do Estado para tapar buracos do sector financeiro que resultaram de autênticos roubos", diz que "não existem soluções sólidas para o país enquanto não houverem políticas alternativas totalmente novas", considerando que "isso só será conseguido com a mobilização de toda a sociedade para aumentar os protestos".
"Temos que ter consciência que se não nos mobilizarmos podemos ter uma regressão de muitos anos e deixar criar muitas injustiças na sociedade, pondo até em causa a própria democracia", realça Carvalho da Silva, que no próximo sábado espera “uma manifestação muito grande em Lisboa, do sector público e do privado, porque as pessoas sentem cada vez mais as injustiças e há que manifestar o seu descontentamento".
O secretário-geral da CGTP salienta que, face à “governação desastrosa”, “a luta vai ser muito longa”, não se esgotando na manifestação de sábado.
"O país não vai sair da situação em que está com uma varinha de condão. Só vai sair quando o povo se mobilizar e os governantes interpretarem as suas opiniões e reivindicações", afirma acrescentando que "a democracia é interpretar as justas reivindicações do povo e não apenas recolher os seus votos" e sublinhando que “imperiosamente e positivamente vai ser um ano de mobilização de toda a sociedade".
Sexta-feira, 18 de Março de 2011
ResponderEliminarCrise? :: Cortes brutais nas prestações sociais
O Governo apresentou ontem o saldo orçamental das contas públicas, saudando-o como uma grande vitória. O forte aumento de impostos e o brutal corte nas prestações sociais fez com que o Estado tivesse um superavit de 840 milhões de euros entre janeiro e fevereiro deste ano.
Ou seja, de acordo com as contas do Jornal de Notícias, as famílias com menores a cargo receberam menos 49 milhões de euros e os beneficiários do rendimento social de inserção receberam menos 25 milhões. Em ambos os casos o corte foi de um terço do valor dos apoios em 2010.
O subsídio de desemprego desceu 5,6% face ao mesmo período do ano anterior (21 milhões) apesar do aumento de 9,9% do número de desempregados face ao período homólogo do ano anterior. O resultado é claro: 60% dos desempregados não tem nenhum apoio social.
Além disto, soube-se hoje também que o Governo já disse em Bruxelas que não está convicto do aumento do salário mínimo para 500€ em 2011, apesar de Helena André ter garantido que tal iria ocorrer ainda há 2 meses e dos patrões já terem recebido as contrapartidas de tal subida.
Publicada por Precários Inflexíveis em 12:19
Sexta-feira, 18 de Março de 2011
ResponderEliminar19 de Março: multidão de vozes contra a precariedade
Num crescendo de resistência à situação insuportável em que se vem tornando o dia-a-dia, os Precários Inflexíveis respondem novamente ao apelo para esta mobilização. Depois de um primeiro momento de perplexidade de autoridades e comunicação social perante a manifestação do passado 12 de Março, a estratégia escolhida para lidar com o ocorrido foi votá-lo ao esquecimento, na esperança que desapareça. Mas dia 19 estaremos novamente aqui, embalados por um crescente movimento popular que diz basta à hipocrisia desta austeridade selectiva e desta precariedade inevitável. Como alguém por lá dizia—Inevitável é a tua Tia!
A precariedade, além de ser uma aposta para fragilizar ainda mais o trabalho e a vida das pessoas, pretende ao mesmo tempo dividir os trabalhadores e jogá-los uns contra os outros, numa corrida para o precipício. Através da demagogia pura os comentadores da praça saem-se com o ataque aos “direitos adquiridos”, aos “privilegiados”, ao “excesso de expectativas” e com a apologia do “realismo económico”, procurando colocar em lados opostos os trabalhadores com contratos estáveis e os trabalhadores precários. A isto temos apenas uma palavra a dizer: NÃO! Não seremos arma de arremesso, de chantagem sobre outros trabalhadores, sobre outras pessoas. Não permitiremos que nos usem como pretexto para a eliminação sucessiva de direitos conquistados em décadas de luta. Nós sabemos bem quem nos rouba! Sabemos bem que as conquistas da classe trabalhadora são para todos e todas, e que o trabalho sem direitos é o primeiro passo para o regresso à escravidão. Esta é a nossa luta.
O realismo deles cada dia tem mais dificuldade em lidar com a realidade. Falam dos seus “tronos” de um país que não existe, excepto nos seus gabinetes e corredores. Para eles, quando a teoria não bate com o dia-a-dia, é o dia-a-dia que está errado, e não as suas bolorentas teorias. Não discutem a realidade, mas apenas contos de fadas e promessas de brilhantes futuros após dolorosas penas. Mas a nossas vidas são o nosso argumento. Estamos aqui por elas, e exigimo-las. Exigimos mudança. Exigimos justiça. Exigimos democracia. Exigimos o fim dos falsos recibos verdes. Exigimos os nossos direitos de volta. E não abdicaremos desta exigência.
As portas escancararam-se, o povo saiu à rua. Caminhamos juntos para o futuro. E decidi-lo-emos juntos, pois somos a base e a vida desta sociedade, e se ela for posta a trabalhar contra nós, não serve o seu objectivo. Nessa altura, só a mudança é opção.
19 de Março juntamo-nos a esta manifestação da CGTP indignando-nos e protestando. Estaremos na rua até que aconteçam as mudanças necessárias. E urgimos todos os trabalhadores e trabalhadoras, todas as pessoas, que se juntem novamente, hoje e de hoje em adiante, numa força comum que enfrente a precariedade, o desemprego, a austeridade e a pobreza.
Precários nos Queriam? Rebeldes nos Têm!
Publicada por Precários Inflexíveis em 15:00
OS RICOS QUE PAGUEM A DÍVIDA!
ResponderEliminar18 de Março de 2011 por Renato Teixeira
O Comité Contra o Pagamento da Dívida vai participar, amanhã, na jornada de indignação e protesto convocada pela CGTP.
Assim, convencidos de que esta é uma exigência central, apoiamos a luta dos trabalhadores e reivindicamos a anulação da dívida pública como única via para canalizar os recursos de todos para o financiamento dos serviços públicos e dos direitos sociais.
Quem se queira juntar a nós, estaremos concentrados às 14h30, no Marquês de Pombal, junto ao edifício do Diário de Notícias.
Sexta-feira, 18 de Março de 2011
ResponderEliminareu não sou berlinense
Ich bin Kein Brtlinere
eu posso protestar contra o Sócrates. posso falar na língua das pessoas que o elegem e rogar-lhes, pela sua rica saudinha, que não re-elejam o homem. explicar-lhes por a+b porque é que a 'esquerda' (esquerda neste momento é para a esquerda do PS, não inclusive) é melhor para elas do que a 'direita'. sem romantismos nenhuns de amanhãs que cantam - porque é que precisamos de um novo modelo económico. posso ler os programas e votar nos que achar melhor.
mas eu não elejo a chanceler alemã.
... o que transforma isto, a Europa, no momento presente, numa federação não democrática. nada contra Berlim, uma cidade lindíssima. (mas se eu não tenho nada a dizer na escolha do equivalente ao primeiro ministro de lá, então queria, se faz favor, que ela não tivesse o direito a impor uma política económica que leva à recessão das economias periféricas. não quero ouvir a palavra 'mercados' nos próximos tempos. nem 'austeridade'.)
(amanhã, há manifestação convocada pela CGTP. venham para a rua reclamar: paz, pão, habitação, saúde, educação. estamos longe, ainda. se não pudermos a rua, não podemos o mundo, uma e outra vez. contra a precariedade e este modelo de produção, consumo, e trabalho. Saldanha, 14h30.)
. gui castro felga em 12:00 AM