Fundada por portugueses em 1570, Nagasaki é recordada sobretudo por ter sido vítima da segunda bomba atómica lançada pelos Estados Unidos no Japão, seis dias antes da rendição deste país e do subsequente fim da Segunda Guerra Mundial.
Fala-se mais da tragédia de Hiroshima por ser cronologicamente anterior, mas o número de mortos e de feridos foi sensivelmente o mesmo nas duas situações e o engenho que destruiu a parte Norte de Nagasaki, em menos de um segundo, até era mais potente mas caiu num vale e teve efeitos amortizados.
Actualmente, existe em Nagasaki um belíssimo Parque da Paz, onde hoje será prestada homenagem ás vítimas de 1945. Quem já lá esteve não esquece.
Armando Maçanita, à frente do Batalhão de Caçadores 96, ganhou lugar de destaque na galeria dos heróis: comandou com êxito a primeira grande acção militar da Guerra de África – a ‘Operação Viriato’, entre 10 de Julho e 9 de Agosto de 1961, com o objectivo de conquistar a vila de Nambuangongo, no Norte de Angola, em poder dos guerrilheiros da UPA. Armando Maçanita faleceu em 2006...
...GOLPES DE MÃO NA GUINÉ E EM MOÇAMBIQUE
Carlos Matos Gomes, Comando oriundo de Cavalaria, é dos oficiais com mais experiência de combate – e carrega no corpo algumas marcas da guerra. Participou nas mais duras operações militares – entre elas, duas das mais míticas: a ‘Nó Górdio’, em Moçambique, que acabou por ficar aquém dos resultados esperados; e a ‘Ametista Real’, na Guiné, que consistiu na destruição de uma base da guerrilha no território do Senegal.
O OFICIAL 'COMANDO' DAS CINCO MISSÕES
Jaime Neves, oficial de Infantaria, cumpriu cinco comissões – uma na Índia e quatro em África. Em Angola, começou como comandante de Caçadores Especiais e integrou em 1965 a 2.ª Companhia de Comandos com missões alargadas a Moçambique. Foi promovido a major em 1972 ao assumir o comando do Batalhão de Comandos. Em 1974 foi lá buscar a Companhia 2045 e esteve à frente do Regimento da Amadora de 1974 a 1981.
FUTURO HISTORIADOR EMBARCOU À FRENTE
António Pires Nunes devia seguir com a sua companhia de Artilharia no primeiro embarque para África, a bordo do ‘Niassa’ a 21 de Abril de 61. Foi desviado para a guarnição militar do cargueiro ‘Benguela’ que transportava uma enorme quantidade de material de guerra. Chegou a Luanda a 6 de Maio e seguiu para a frente de guerra na região Norte. Fez mais três comissões antes de se tornar no historiador militar das campanhas em Angola.
NOTAS
AJUDA AS FAZENDAS
Os fazendeiros do Norte de Angola, atacados pelos guerrilheiros da UPA, em 1961, foram ajudados por um generoso grupo de civis de Luanda proprietários de pequenos aviões – que formaram a Esquadrilha de Voluntários do Ar (EVA). Descolavam da capital e levavam aos colonos sitiados mantimentos, medicamentos e armas. Regressavam a Luanda com refugiados.
VOLUNTÁRIOS DO AR 'BALA NÃO MATA'
Os guerrilheiros da UPA, no Norte de Angola, emboscavam as tropas e, por vezes, atacavam em hordas, às centenas: enfrentavam as balas de peito aberto, armados de catanas, paus e canhangulos, alguns aos gritos de "bala não mata". Os militares estavam mal armados: dispunham de poucas armas automáticas, apenas de velhas espingardas Mauser de repetição.
CABEÇAS CORTADAS
Os guerrilheiros, nestes primeiros meses de guerra, acreditavam na ressurreição: mesmo que fossem mortalmente atingidos voltavam a viver só morriam se lhes fosse amputada parte importante do corpo. Os militares receberam ordens para decapitarem os cadáveres e espetarem a cabeça em estacas – para provar aos vivos que morriam se atacassem os portugueses.
"Nambuangongo meu amor" 08-03-2010 Em Nambuangongo tu não viste nada não viste nada nesse dia longo longo a cabeça cortada e a flor bombardeada não tu não viste nada em Nambuangongo.
Falavas de Hiroxima tu que nunca viste em cada homem um morto que não morre. Sim nós sabemos Hiroxima é triste mas ouve em Nambuangongo existe em cada homem um rio que não corre.
Em Nambuangongo o tempo cabe num minuto em Nambuangongo a gente lembra a gente esquece em Nambuangongo olhei a morte e fiquei nu. Tu não sabes mas eu digo-te: dói muito. Em Nambuangongo há gente que apodrece.
Em Nambuangongo a gente pensa que não volta cada carta é um adeus em cada carta se morre cada carta é um silêncio e uma revolta. Em Lisboa na mesma isto é a vida corre. E em Nambuangongo a gente pensa que não volta.
É justo que me fales de Hiroxima. Porém tu nada sabes deste tempo longo longo tempo exactamente em cima do nosso tempo. Ai tempo onde a palavra vida rima com a palavra morte em Nambuangongo.
48 anos depois Manuel Alegre retorna a Nambuangongo 08-03-2010 Manuel Alegre depositou uma flor na campa do soldado português José António Teixeira Pinto (Companhia 352, Batalhão de Cavalaria 350) morto em combate a 15 Agosto de 1962. Nessa data, Manuel Alegre passou pela primeira vez em Nambuangongo, a caminho de Quipedro. Lembrou o seu amigo, Alferes Manuel Ortigão, cuja morte, provocada por uma mina, inspirou o poema "Canção com lágrimas e sol", musicado e cantado por Adriano Correia de Oliveira, que pode ver AQUI
A visita ao cemitério, onde as campas dos soldados portugueses foram limpas pelas autoridades locais a pedido de Manuel Alegre, ocorreu depois de visitar o velho aquartelamento, a nova escola recentemente inaugurada e um hospital em construção.
Em declarações à Televisão de Angola e aos demais jornalistas presentes, Manuel Alegre prestou homenagem aos militares portugueses e aos combatentes angolanos que tombaram em Nambuangongo. Disse que os considerava a todos como irmãos. Afirmou ainda que, depois de ter sido um local mítico da guerra, Nambuangongo devia ser vista agora como símbolo da paz e da cooperação entre Angola e Portugal.
O Administrador do Município pediu a Manuel Alegre para promover a geminação de Nambuangongo com uma cidade portuguesa. Manuel Alegre comprometeu-se a fazer diligências junto do Presidente da sua terra, Águeda.
No final de almoço de confraternização, Manuel Alegre leu a todos os presentes o poema "Nambuangongo, meu amor".
9 de Agosto de 1945
ResponderEliminarFundada por portugueses em 1570, Nagasaki é recordada sobretudo por ter sido vítima da segunda bomba atómica lançada pelos Estados Unidos no Japão, seis dias antes da rendição deste país e do subsequente fim da Segunda Guerra Mundial.
Fala-se mais da tragédia de Hiroshima por ser cronologicamente anterior, mas o número de mortos e de feridos foi sensivelmente o mesmo nas duas situações e o engenho que destruiu a parte Norte de Nagasaki, em menos de um segundo, até era mais potente mas caiu num vale e teve efeitos amortizados.
Actualmente, existe em Nagasaki um belíssimo Parque da Paz, onde hoje será prestada homenagem ás vítimas de 1945. Quem já lá esteve não esquece.
by Joana Lopes
Outro 9 de Agosto
ResponderEliminar...mas de 1961, em Nambuangongo...
...O HOMEM QUE CHEGOU A NAMBUANGONGO
ResponderEliminarArmando Maçanita, à frente do Batalhão de Caçadores 96, ganhou lugar de destaque na galeria dos heróis: comandou com êxito a primeira grande acção militar da Guerra de África – a ‘Operação Viriato’, entre 10 de Julho e 9 de Agosto de 1961, com o objectivo de conquistar a vila de Nambuangongo, no Norte de Angola, em poder dos guerrilheiros da UPA. Armando Maçanita faleceu em 2006...
...GOLPES DE MÃO NA GUINÉ E EM MOÇAMBIQUE
Carlos Matos Gomes, Comando oriundo de Cavalaria, é dos oficiais com mais experiência de combate – e carrega no corpo algumas marcas da guerra. Participou nas mais duras operações militares – entre elas, duas das mais míticas: a ‘Nó Górdio’, em Moçambique, que acabou por ficar aquém dos resultados esperados; e a ‘Ametista Real’, na Guiné, que consistiu na destruição de uma base da guerrilha no território do Senegal.
O OFICIAL 'COMANDO' DAS CINCO MISSÕES
Jaime Neves, oficial de Infantaria, cumpriu cinco comissões – uma na Índia e quatro em África. Em Angola, começou como comandante de Caçadores Especiais e integrou em 1965 a 2.ª Companhia de Comandos com missões alargadas a Moçambique. Foi promovido a major em 1972 ao assumir o comando do Batalhão de Comandos. Em 1974 foi lá buscar a Companhia 2045 e esteve à frente do Regimento da Amadora de 1974 a 1981.
FUTURO HISTORIADOR EMBARCOU À FRENTE
António Pires Nunes devia seguir com a sua companhia de Artilharia no primeiro embarque para África, a bordo do ‘Niassa’ a 21 de Abril de 61. Foi desviado para a guarnição militar do cargueiro ‘Benguela’ que transportava uma enorme quantidade de material de guerra. Chegou a Luanda a 6 de Maio e seguiu para a frente de guerra na região Norte. Fez mais três comissões antes de se tornar no historiador militar das campanhas em Angola.
NOTAS
AJUDA AS FAZENDAS
Os fazendeiros do Norte de Angola, atacados pelos guerrilheiros da UPA, em 1961, foram ajudados por um generoso grupo de civis de Luanda proprietários de pequenos aviões – que formaram a Esquadrilha de Voluntários do Ar (EVA). Descolavam da capital e levavam aos colonos sitiados mantimentos, medicamentos e armas. Regressavam a Luanda com refugiados.
VOLUNTÁRIOS DO AR
'BALA NÃO MATA'
Os guerrilheiros da UPA, no Norte de Angola, emboscavam as tropas e, por vezes, atacavam em hordas, às centenas: enfrentavam as balas de peito aberto, armados de catanas, paus e canhangulos, alguns aos gritos de "bala não mata". Os militares estavam mal armados: dispunham de poucas armas automáticas, apenas de velhas espingardas Mauser de repetição.
CABEÇAS CORTADAS
Os guerrilheiros, nestes primeiros meses de guerra, acreditavam na ressurreição: mesmo que fossem mortalmente atingidos voltavam a viver só morriam se lhes fosse amputada parte importante do corpo. Os militares receberam ordens para decapitarem os cadáveres e espetarem a cabeça em estacas – para provar aos vivos que morriam se atacassem os portugueses.
escrito por Hugo Bragança Monteiro at 01:38 |
"Nambuangongo meu amor"
ResponderEliminar08-03-2010
Em Nambuangongo tu não viste nada
não viste nada nesse dia longo longo
a cabeça cortada
e a flor bombardeada
não tu não viste nada em Nambuangongo.
Falavas de Hiroxima tu que nunca viste
em cada homem um morto que não morre.
Sim nós sabemos Hiroxima é triste
mas ouve em Nambuangongo existe
em cada homem um rio que não corre.
Em Nambuangongo o tempo cabe num minuto
em Nambuangongo a gente lembra a gente esquece
em Nambuangongo olhei a morte e fiquei nu. Tu
não sabes mas eu digo-te: dói muito.
Em Nambuangongo há gente que apodrece.
Em Nambuangongo a gente pensa que não volta
cada carta é um adeus em cada carta se morre
cada carta é um silêncio e uma revolta.
Em Lisboa na mesma isto é a vida corre.
E em Nambuangongo a gente pensa que não volta.
É justo que me fales de Hiroxima.
Porém tu nada sabes deste tempo longo longo
tempo exactamente em cima
do nosso tempo. Ai tempo onde a palavra vida rima
com a palavra morte em Nambuangongo.
Manuel Alegre
Praça da Canção, 1965
48 anos depois
ResponderEliminarManuel Alegre retorna a Nambuangongo
08-03-2010
Manuel Alegre depositou uma flor na campa do soldado português José António Teixeira Pinto (Companhia 352, Batalhão de Cavalaria 350) morto em combate a 15 Agosto de 1962. Nessa data, Manuel Alegre passou pela primeira vez em Nambuangongo, a caminho de Quipedro. Lembrou o seu amigo, Alferes Manuel Ortigão, cuja morte, provocada por uma mina, inspirou o poema "Canção com lágrimas e sol", musicado e cantado por Adriano Correia de Oliveira, que pode ver AQUI
A visita ao cemitério, onde as campas dos soldados portugueses foram limpas pelas autoridades locais a pedido de Manuel Alegre, ocorreu depois de visitar o velho aquartelamento, a nova escola recentemente inaugurada e um hospital em construção.
Em declarações à Televisão de Angola e aos demais jornalistas presentes, Manuel Alegre prestou homenagem aos militares portugueses e aos combatentes angolanos que tombaram em Nambuangongo. Disse que os considerava a todos como irmãos. Afirmou ainda que, depois de ter sido um local mítico da guerra, Nambuangongo devia ser vista agora como símbolo da paz e da cooperação entre Angola e Portugal.
O Administrador do Município pediu a Manuel Alegre para promover a geminação de Nambuangongo com uma cidade portuguesa. Manuel Alegre comprometeu-se a fazer diligências junto do Presidente da sua terra, Águeda.
No final de almoço de confraternização, Manuel Alegre leu a todos os presentes o poema "Nambuangongo, meu amor".