Alegando o contexto da crise, Cavaco Silva vangloriou-se que faria uma campanha eleitoral baratinha (apesar de ser, de entre as diversas candidaturas presidenciais, aquela que apresenta um orçamento mais elevado...), sem outdoors e com espartana contenção de meios (para não chocar a populaça, que cada vez tem mais mês para menos salário...).
O que Cavaco Silva se esqueceu de anunciar ao país foi o facto da sua agenda presidencial ser a sua própria campanha eleitoral. O Cavaco presidente e o Cavaco candidato são um só, confundem-se e misturam-se em cada deslocação, em cada declaração à comunicação social, em cada acto público.
O Cavaco presidente passeia-se pelo país promovendo o Cavaco candidato, utilizando os meios ao dispor do seu actual cargo público para fazer a tal campanha eleitoral low cost que prometeu ao país.
Se o Cavaco candidato é confrontado num debate televisivo com algum assunto incómodo, mesmo que irrelevante para a maioria da população, eis que o Cavaco presidente coloca a Secretaria Geral da Presidência da República a prestar os devidos esclarecimentos (conferir a nota sobre a celebração do Dia de Portugal em Viana do Castelo, disponibilizada ontem em http://www.presidencia.pt/?idc=10&idi=50459).
No reino do auto-proclamado referencial da honestidade nacional certamente que tudo isto é normal, transparente e obviamente inatacável, como todas as outras questões que envolvem o Cavaco presidente e o Cavaco candidato (não fosse aquela "pequena" questão, ainda por esclarecer, das acções da SLN/BPN...).
Ao contrário de nós, o Cavaco presidente não vê qualquer inconveniente em utilizar o site da Presidência da República para fazer a campanha eleitoral do Cavaco candidato.
Mas o problema deve ser nosso, que continuamos sem perceber onde acaba um Cavaco e começa outro e que temos esta inamovível aversão política contra ambos.
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